Corpus Christi

Eucaristia é a certeza de que Cristo está sempre entre nós, diz padre

Igreja celebra, nesta quinta-feira, a Solenidade de Corpus Christi; bispo e padre frisam o significado da Eucaristia para os fiéis

Julia Beck
Da redação

Eucaristia é o Sacramento central da nossa fé, destaca padre/ Foto: Bruno Marques – Canção Nova

“A Eucaristia é o Sacramento central da nossa fé! Cristo deixou na partilha do pão e do vinho, a certeza de que estaria sempre entre nós”. É o que afirma o padre salesiano de Dom Bosco, Sílvio César da Silva. Ele é pároco da Paróquia Santa Teresinha de São Paulo (SP). 

O bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Edmar Peron, destaca que, ao comungar, é possível entrar no mistério da vida de Jesus. “Não podemos viver sem a celebração eucarística. Sem a Eucaristia não podemos viver”, reforça.

Por meio de suas declarações, Dom Edmar e padre Sílvio reforçam o valor da  Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, popularmente conhecida como Corpus Christi, celebrada nesta quinta-feira, 3.

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Origem da solenidade

Até o Concílio Vaticano II, havia duas festas: uma para o Santíssimo Corpo do Senhor e outra para o Preciosíssimo Sangue de Jesus. O Concílio unificou essas duas festas na Solenidade de Corpus Christi.

A festa instituída, recorda o sacerdote salesiano, surgiu no século XIII, com o Papa Urbano IV. A solenidade é sempre celebrada depois da oitava de Pentecostes, após a Festa da Santíssima Trindade.

Padre Sílvio explica que, após um Milagre Eucarístico, acontecido na Itália, na cidade de Bolsena, foi transladada a relíquia até onde estava o Papa, em Orvieto. Ao encontrar-se com a Eucaristia, o Pontífice exclamou: “Corpus Christi”. Vendo essa procissão, o Santo Padre declarou a festa em honra do Corpo de Cristo.

Procissão e tapete

No século XIV, o Papa João XXII ordenou, por meio de uma Constituição Apostólica, que se levasse a Eucaristia em procissão pelas vias públicas. 

“Existiam muitas controvérsias sobre a real presença de Jesus na Eucaristia e, pela insistência de uma religiosa, Santa Juliana, com suas visões solicitando a instituição dessa festa em honra ao Santíssimo Sacramento, ela teve seu pedido atendido”, destaca.

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Diante da oportunidade de ter o próprio Cristo passando pelas vias públicas, o povo começou a decorar esse trajeto, comenta padre Sílvio. Belas ornamentações e símbolos, com sentido de respeito e beleza, originaram a tradição dos “tapetes” em homenagem a Corpus Christi.

Dom Edmar explica que a procissão e o tapete carregam significados especiais. A primeira é um modo de proclamar publicamente a fé eucarística da igreja. O tapete é uma forma de dar espaço ao carinho, devoção e homenagens que o povo, com humildade, realiza através dos enfeites que faz pelas ruas das cidades.

“Proclamar a fé e homenagear o Senhor são elementos que ajudam a compreender o valor desses gestos”, frisa.

Liturgia

Sobre a liturgia, o prelado destaca as orações realizadas nesta solenidade. Todas foram tomadas do missal de 1570. A oração inicial apresenta a festa do Santíssimo Sacramento como Eucaristia Memorial da Paixão do Senhor.

A oração sobre as oferendas aprofunda tomando a Eucaristia como sacramento da unidade. Já a oração após a comunhão a define como prefiguração das alegrias eternas.

“Bento XVI, na exortação pós-sinodal Sacramentum Caritatis, no número 66, afirma que o ato de adoração fora da missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica. Diz o Papa que a celebração eucarística é o maior ato de adoração da Igreja. Quando prosseguimos a adoração, seja pessoal ou comunitária, estamos intensificando aquela adoração”, sublinha.

Pandemia

Nesta época de pandemia, muitas coisas estão sendo modificadas para se adequarem às exigências sanitárias deste período, revela Dom Edmar.

A CNBB, ao falar das procissões da Semana Santa, deu instruções que, de acordo com o bispo, valem para a celebração de Corpus Christi. Em suma, as orientações visam evitar a aglomeração dos fiéis e possíveis riscos à saúde pública.

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O presidente da Comissão para a Liturgia afirma, por exemplo, que não é possível a realização de um ato grandioso como a procissão eucarística. “Cabe às comunidades diocesanas e paroquiais usarem de criatividade. Motivadas pela fé, as comunidades podem, de outra maneira, manifestarem sua fé eucarística”.

Padre Sílvio sugere que sejam decoradas as frentes das casas por onde passará o trajeto com o Santíssimo. “Assim manifestaremos esse carinho para com Nosso Senhor, num gesto de amor e de respeito”, completa. 

Amor pela Eucaristia

Todos os católicos reconhecem o valor da Eucaristia, sublinha o sacerdote. “Encontramos muitos testemunhos da crença da real presença de Jesus no pão e vinho consagrados na missa desde os primórdios da Igreja”, descreve.

Neste tempo de pandemia, o presbítero reforça que os fiéis viveram dias tristes com a não realização, durante alguns períodos, de missas presenciais e a falta de acesso à Eucaristia. “Muitos foram os relatos dessa dor e tristeza de tantos irmãos por esse terrível tempo que vivenciamos”, recorda.

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Beato Carlo Acutis

Recentemente, por meio do beato Carlo Acutis, os católicos puderam testemunhar a história de um jovem que durante sua vida propagou o amor pela eucaristia.

“Momento tão especial para a nossa Igreja é reconhecer no Beato Carlo Acutis essa sede eucarística e o que a vida desse jovem se tornou, a partir da sua busca de amor por Jesus Eucarístico”, conta padre Sílvio.

Carlo, aponta o sacerdote, nos mostra que a santidade é vivida no cotidiano de nossas vidas e sem perder o ritmo que temos. “Ele era um grande conhecedor do mundo da internet e deixou o registro de uma santidade concreta. (…) Que tenhamos essa coragem de anunciar e testemunhar o amor pela Eucaristia para tantas pessoas e tantas realidades, como fez nosso querido beato”.

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