Dom Mario Zenari, que há 16 anos é Núncio Apostólico na Síria, lamenta o cenário de guerra vivido na Síria, que leva pobreza e violência à população local
Da redação, com Vatican News
Após 14 anos de conflito, o cenário na Síria é de extrema pobreza, sanções internacionais, o terremoto, agora uma nova onda de tensões e violência. Para Dom Mario Zenari, que há 16 anos atua como Nuncio Apostólico em território sírio, talvez o Jubileu possa levar “uma lufada de ar fresco” ao povo.
“Infelizmente, há cerca de três anos que não se falava da Síria, ela tinha desaparecido do radar dos meios de comunicação social”, afirmou o religioso. “Agora ela voltou às manchetes com esses acontecimentos trágicos. Estou em contato com as comunidades cristãs, com os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas de Aleppo para ver como a situação está evoluindo. Há uma certa calma em algumas áreas, mas também suspeita. Há muito medo, os escritórios governamentais desapareceram, não se vê também o exército, há estes grupos armados que circulam e prometeram não tocar na população civil. Até agora parece que eles têm respeitado isso, mas as pessoas ainda têm medo, estão trancadas em casa”, lamentou o representante eclesiástico.
População em risco
Neste domingo, 1º, o Colégio Franciscano Terra Santa foi bombardeado. Não houve vítimas, mas o medo ainda reina sob a população. “Tudo ainda é muito incerto, reina muita inquietação, medo, incerteza. Os bispos pediram aos seus fiéis para permanecerem em Aleppo e o mesmo fizeram os sacerdotes, os religiosos, ao lado da população. É um momento muito incerto e difícil”, explicou o nuncio.
Toda essa violência tem forçado a população, incluindo 7 milhões de jovens, segundo o núncio, a se deslocarem. Entre os refugiados nos países vizinhos existem cerca de 6 milhões de sírios. “Entre quem está fora e quem está dentro, a Síria mantém um triste recorde de refugiados: cerca de 13 milhões, mais de metade da população. Esse número vai aumentar, é inevitável”, contextualizou.
A esperança
Apesar do cenário desolador, Dom Zenari acredita que o vindouro Jubileu, que terá como tema “Peregrinos da Esperança”, pode ser um alento aos sírios que tanto sofrem com esses conflitos armados. “Espero que o Jubileu possa dar uma lufada de ar fresco a estas pessoas que há 14 anos sofrem com a guerra, a fome e a falta de trabalho”, ponderou.
“Algumas guerras poderiam ter sido prevenidas, agora estamos juntando os cacos”, finalizou Dom Zenari.