Giovanni Arcudi, especialista em antropologia forense, é o responsável pela análise dos restos mortais que serão coletados
Da redação, com Vatican News
Faltam poucas horas para o início das operações para a abertura dos dois túmulos do Cemitério Teutônico, dentro dos muros do Vaticano, para verificar, de acordo com as disposições do Promotor de Justiça do Estado da Cidade do Vaticano, se há restos mortais de Emanuela Orlandi, jovem que desapareceu misteriosamente em 22 de junho de 1983, aos quinze anos, filha de um cidadão vaticano, funcionário da Prefeitura da Casa Pontifícia.
Serão abertos o “Túmulo do Anjo”, no qual foi sepultada a princesa Sophie von Hohenlohe, que morreu em 1836, e o túmulo adjacente, em que foi sepultada a princesa Carlotta Federica de Mecklenburg, que morreu em 1840.
O apoio à autoridade judiciária será garantido por pessoas qualificadas do Centro de Segurança Operacional da Gendarmaria Vaticana. Giovanni Arcudi, um dos maiores especialistas em antropologia forense, professor de Medicina Legal na Universidade Tor Vergata, é o responsável pela análise dos restos mortas e pela coleta de amostras para posterior teste de DNA, na presença do especialista e do advogado da família Orlandi.
Vatican News ― Professor, o senhor pode nos explicar o que acontecerá no momento em que começar as operações no Cemitério Teutônico?
Giovanni Arcudi ― Estamos trabalhando para a abertura de dois túmulos em que presumimos encontrar restos já no estado esquelético. Se for esse assim, como podemos presumir, continuarei aplicando os protocolos internacionais que são usados para a identificação de restos de esqueleto para sua classificação e sua datação e para todos os outros diagnósticos que podem ser feitos na antropologia forense, a fim de estabelecer idade, sexo, estatura e assim por diante.
Vatican News ― Então, nesta primeira fase, não serão usados instrumentos específicos?
Arcudi ― Nesta fase, estamos falando de uma pesquisa de antropologia forense que tem a finalidade de alcançar o diagnóstico por meio do exame morfológico dos ossos. Vamos pegar osso por osso e ver quais são suas características e com base nisso definimos todos os diagnósticos que acabei de mencionar. Preparamos, como é feito para esses casos, uma ordem de protocolo que poderá sofrer mudanças com base no que vamos encontrar após a abertura dos túmulos, no caso de nos encontrarmos na presença de restos diferentes daqueles que esperamos.
Vatican News ― A partir do primeiro exame morfológico é possível ter uma ideia da data?
Arcudi ― Sim, a partir desta primeira análise dos ossos podemos certamente propor uma data, certamente aproximativa, para os períodos que nos servem, 50, 100, 200 anos. Podemos fazer isso. Podemos distinguir se é um osso de 10 anos ou que esteve ali por 50 anos ou 150 anos. Já podemos fazer o diagnóstico do sexo, se as estruturas ósseas estiverem bem preservadas. Poderemos também chegar, após esse primeiro exame, a excluir a hipótese de que os restos do esqueleto pertencem a pessoas diferentes dos dois corpos que foram enterrados ali.
Vatican News ― O que acontecerá se outros restos humanos forem encontrados?
Arcudi ― É óbvio que se, por exemplo, ossos pertencentes a indivíduos diferentes forem encontrados no mesmo túmulo, o tempo da operação aumentará. Poderia ser útil a identificação odontostomatológica, o estado dos dentes, em é possível conhecer a idade, como também, faço una hipótese, se o trabalho de um dentista é do século XIX ou é mais recente.
Vatican News ― Professor, para excluir com certeza inequívoca que os restos contidos nos túmulos pertencem a Emanuela Orlandi, ainda teremos que esperar pelo teste de DNA?
Arcudi ― Independentemente do exame morfológico dos ossos, o teste de DNA será feito em qualquer caso a fim de alcançar certezas e excluir de maneira definitiva e categórica que nos dois túmulos haja algum resto atribuível à pobre Emanuela.
Vatican News ― Quanto tempo é necessário para ter o resultado do teste?
Arcudi ― O teste de DNA não é minha competência. Eu coleto as amostras. Os tempos de extração de DNA variam consideravelmente, em qualquer laboratório do mundo, dependendo do estado de conservação dos restos do esqueleto. Podem variar, podem demorar 20 dias, 30 dias, e podem ser até 60, porque às vezes é necessário repetir o exame. Tendo em mente que, para identificação, precisamos da extração do DNA “nuclear” que sofre degeneração, variações significativas após eventos atmosféricos. O DNA mitocondrial pode ser extraído mais facilmente, mas isso não nos permite fazer análises comparativas ou fazer o perfil genético.