SÉRIE: MÊS DAS VOCAÇÕES

Entrega na missão traz qualidade à nossa espiritualidade, diz catequista

Alanna Alves relata sua experiência de dedicação ao ministério de catequista, recordado pela Igreja no Brasil nesta última semana do Mês Vocacional 

Fernanda Lima
Da Redação

Alanna Alves com o esposo e filhos / Foto: Arquivo Pessoal

Encerrando o Mês Vocacional, a Igreja Católica dedica, nesta última semana de agosto, uma especial atenção e gratidão aos homens que dedicam suas vidas ao ministério de catequista. Segundo o Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, a catequese é o espaço em que a pessoa pode ouvir o chamado de Cristo para segui-lo e se abrir à graça de Deus, que transforma a vida e dá sentido à sua existência.

Entre as pessoas que atenderam a essa vocação está Alanna Alves. Casada, mãe de sete filhos e catequista há mais de cinco anos em Brasília (DF), ela é a última entrevistada na série “Mês das Vocações”.

Seu primeiro contato com o serviço na catequese se deu ainda adolescente. A experiência foi tão marcante, que Alanna decidiu estudar mais sobre o assunto e, dessa forma, catequizar seus filhos. Após esse período, retornou à paróquia e ofereceu-se para ajudar na catequese.

Nesta segunda-feira, 26, ela responde ao Notícias Canção Nova sobre pontos importantes da vida de um catequista que atua neste serviço na Igreja, além de esclarecer sobre curiosidades a respeito desse chamado. Confira:

NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: Nesta última semana do Mês Vocacional, a Igreja celebra os leigos, chamados a ser sal da terra e luz do mundo. Quais os desafios de viver a fé no cotidiano? É possível transformar o mundo a partir do Evangelho?

Alanna Alves: Acredito que o maior desafio é viver a primazia de Deus. Colocá-lo sempre em primeiro lugar não é uma tarefa fácil para nós que somos tomados, muitas vezes, pela correria do dia a dia. Corremos o risco de nos esquecermos da nossa vida de oração a ponto de fazer do nosso serviço na paróquia apenas uma obrigação. Para mim, o maior desafio é amar o que fazemos, colocando Deus em primeiro lugar, cultivando uma vida com maior qualidade na oração; em seguida, vem o serviço. Certa vez, ao me confessar, um sacerdote me disse que podemos rezar enquanto fazemos as coisas, mas não podemos fazer as coisas enquanto rezamos. É dessa distinção que precisamos ter clareza. Empenhar-se em uma rotina na vida de oração, sem deixar de lado o serviço onde Deus nos enviar. Por meio dessa entrega na missão, damos qualidade em nossa espiritualidade.

NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: De maneira particular, nesta semana do Mês Vocacional, os catequistas têm destaque. Qual é o papel do catequista na transmissão da fé católica e como o leigo pode descobrir/discernir se tem este chamado?

Alanna Alves: O papel do catequista na Igreja é bem antigo. Os primeiros discípulos foram catequistas: tiveram uma experiência pessoal com Cristo e, em seguida, começaram a anunciar o Evangelho. Da mesma forma, nós como catequistas temos a mesma missão. O leigo pode descobrir-se catequista em seu próprio dia a dia. Se ele tem um desejo de conhecer a Palavra e anunciá-la, certamente já é chamado para esta vocação. Só amamos aquilo que conhecemos. Precisamos conhecer a Sagrada Escritura e quanto mais mergulhamos nela, passamos a amá-la ainda mais. E se esse amor cresce, é inevitável o desejo de anunciá-la. É isso que nos torna catequistas.

NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: Em 2021, o Papa Francisco instituiu o Ministério do Catequista. Como essa iniciativa ajudou na valorização desta vocação?

Alanna Alves: Para nós é uma verdadeira missão. Ser catequista não é só sobre falar de Jesus. É trazer aqueles que estão perdidos de volta para a casa do Pai. Esse reconhecimento do ministério nos traz uma responsabilidade ainda maior sobre a vida daqueles que o Senhor nos confia.

NOTÍCIAS CANÇÃO NOVA: Francisco afirma que o catequista deve ter conhecimento bíblico, teológico, pastoral e pedagógico. Por que é importante ter todos estes conhecimentos, além de uma fé madura?

Alanna Alves: Quando o Papa nos pede isso, somos impulsionados a desejar alcançar mais pessoas na evangelização. Infelizmente, encontramos muita gente que vive os sacramentos apenas por status. A catequese vai além de um curso para receber os sacramentos. Ela é um caminho para nos aproximar de Deus. Assim como os discípulos de Emaús quando se encontraram com Jesus e O reconheceram, nós catequistas precisamos fazer o mesmo. Enquanto caminhamos com Jesus, nós O reconhecemos. Isso exige de nós uma busca constante pelo conhecimento bíblico. Não podemos passar apenas teorias. Precisamos contagiar as pessoas com essa experiência e auxiliá-las nesse caminho com Cristo. Precisamos do conhecimento bíblico e teológico para também saber lidar com esse público que vem até nós.

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