450 anos da prelazia

Em carta pastoral, Dom Orani recorda trajetória da Arquidiocese do Rio

Arquidiocese do Rio está celebrando um ano jubilar pelos 450 anos da criação da prelazia; Cardeal Orani Tempesta, arcebispo atual, dedicou uma carta pastoral à comemoração

Kelen Galvan
Da Redação

“Nossa identidade de Arquidiocese do Rio de Janeiro, hoje, deve muito à Prelazia e à Diocese”, afirma Cardeal Orani João Tempesta / Foto: Gustavo de Oliveira – Arquidiocese do Rio de Janeiro

“Um tempo para celebrar e evangelizar”, esse é título da Carta Pastoral do Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist., publicada por ocasião do Jubileu Arquidiocesano nos 450 anos da criação da Prelazia do Rio de Janeiro. 

“A Carta Pastoral do Ano Jubilar Arquidiocesano recorda um pouco da história da Arquidiocese, lembra de alguns nomes, algumas realidades próprias, e, ao mesmo tempo, das características de cada arcebispo dos últimos anos, que trabalhou muito na dimensão da evangelização, da criação de novas paróquias, muitas visitas também a várias regiões do país”, explica o Cardeal Tempesta em entrevista à Canção Nova.

A comemoração jubilar teve início no dia 19 de julho, data em que se completou os 450 anos da criação da Prelazia do Rio de Janeiro e data da publicação da Carta Pastoral, e será concluída em novembro de 2026, com a celebração dos 350 anos da criação da Diocese. 

“É uma trajetória muito bonita, e a nossa identidade de Arquidiocese do Rio de Janeiro, hoje, deve muito à Prelazia e à Diocese“, afirma o cardeal. Essa longa história percorrida pela arquidiocese foi apontando as características próprias desta Igreja particular.

“De certa forma, o Rio foi protagonista de muitos acontecimentos”, destaca o cardeal. “Queremos ver, nesses finais todos, o lugar que o Rio de Janeiro desempenhou, quanto à evangelização, quanto à cultura, depois, mais tarde, na época de Dom Leme também, na época do Brasil, que passava a ser República, a presença, os sinais que o Rio de Janeiro foi dando ao Brasil: a primeira a universidade católica, o Cristo Redentor, o Santuário de Adoração Perpétua, as preocupações com a cultura dos leigos com o Centro Dom Vital, enfim, coisas que influenciaram toda a nossa nação, e depois, mais tarde, a própria criação da Conferência Episcopal (CNBB), aqui no Rio, também o CELAM latino-americano. E além também disso, a CRB, os religiosos também aqui no Rio”, recorda.

A preparação para o jubileu

O Cardeal conta que a arquidiocese vivenciou cinco anos de comemoração jubilar. “Estivemos celebrando vários eventos nos últimos cinco anos para culminar neste ano jubilar arquidiocesano, ou seja, vimos a providência de poder conviver uns com os outros, de aprofundar documentos, de conseguir documentos importantes também da nossa Prelazia, da Diocese, da Arquidiocese e de tantos outros acontecimentos que vamos descobrindo na nossa história”, conta.

Na Carta Pastoral, o cardeal também destaca a gratidão a Deus por todos os dons recebidos neste período de preparação. “Foram anos de belos e importantes trabalhos e descobertas, que marcaram esse tempo em nossa caminhada eclesial. A tudo isso somam-se os trabalhos pastorais e organizativos gerais da vida quotidiana de nossa Igreja particular, de modo especial no que diz respeito à vida missionária e vocacional. Por todos esses dons e benefícios, rendemos a Deus a nossa ação de graças”, explica um trecho da carta. 

Há 450 anos, quando criada a Prelazia do Rio de Janeiro, suas dimensões estendiam-se desde Porto Seguro até o Rio da Prata. Atualmente, a Arquidiocese está totalmente situada dentro do município do Rio de Janeiro.

Diante dos desafios no mundo atual, o cardeal destaca que há uma preocupação em “aprofundar a evangelização e a missão”, para que o povo de Deus cresça cada vez mais na fé. “Hoje, a nossa Arquidiocese é a cidade do Rio de Janeiro, que cresce e apresenta tantos desafios diante da questão social, da violência e da necessidade de uma presença da Igreja jovem e animada, que tem uma história bonita, que evangeliza e ajuda o mundo a ser melhor: seja no crescimento do povo de Deus, seja no diálogo inter-religioso, ecumênico e cultural, seja numa presença cada vez mais ativa no âmbito desta cidade”, vislumbra o cardeal.

Tema e lema do Jubileu

Na Carta Pastoral, Dom Orani explica a escolha do tema do jubileu arquidiocesano: “No Cristo somos um para que todos sejam um”, e do lema: “Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração e enviados em missão”.

“A unidade tão querida e desejada por Jesus (cf. Jo 17) manifesta-se visivelmente entre nós quando em virtude da nossa fé recebida no Batismo nos unimos a Cristo através dos sacramentos, da oração, da escuta da Palavra na comunidade de fé que nos fortalecem na missão para que todos sejam um. O lema proposto nos encoraja e indica como devemos agir: com alegria, esperança, fortaleza, perseverança, oração. Revestidos pela graça do Espírito Santo suportaremos as tribulações e seremos enviados em missão. Esta é a vontade do Senhor para este tempo: unidade e missão”, enfatiza o cardeal no documento.

A motivação é para que este tema e lema sejam bem refletidos e aprofundados em seu sentido bíblico-pastoral e sejam “usados com criatividade sadia em impressos, publicações, mídias, etc”.

“Norteamos as atividades religiosas, pastorais, vicariais territoriais e não territoriais e de todos os movimentos de nossa Arquidiocese. Vamos celebrar este tempo da graça com unidade, empenho, alegria e amor”, motivou o cardeal em sua Carta Pastoral.

Indulgências

O Papa Leão XIV, através da Penitenciaria Apostólica proclamou um ano santo enriquecido de indulgência plenária para a Arquidiocese do Rio de Janeiro dentro do período de 19 de julho de 2025 a 19 de julho de 2026.

Conforme o decreto, a indulgência plenária é concedida com suas habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão Eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice), a todos os fiéis cristãos verdadeiramente penitentes e imbuídos de caridade que se deslocarem à Igreja Catedral ou outra Igreja determinada pelo arcebispo, e participarem com devoção dos ritos jubilares.

A íntegra do decreto com todos os detalhes pode ser lido na Carta Pastoral, artigo 92, bem como as Igrejas definidas pelo arcebispo para receber as indulgências, artigo 97. 

Olhar para o futuro

“Muito mais que uma bela história da ação de Deus em nossas vidas e nas de nossos antepassados, o que queremos é olhar para o futuro. Um grande horizonte se projeta à nossa frente e o desejo é que nos coloquemos a caminho, peregrinando com nossa esperança, que é Cristo, pelas ruas, estradas, praças, vielas, avenidas, viadutos e realidades várias de nossa cidade, testemunhando em quem colocamos nossa fundamentação – Jesus Cristo, o Senhor!”, afirma o cardeal na conclusão de sua Carta Pastoral.

Dom Orani afirma que “essa bela cidade necessita de homens e mulheres corajosos que anunciem a vida e a salvação em Jesus Cristo”. “Que este Ano Jubilar nos ajude, ao contemplar o passado, a aceitar os desafios do futuro construindo o presente de nossa história. Rezemos uns pelos outros para que assim seja”, concluiu.

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