“Como disse o Papa, devemos procurar fazer o bem às pessoas e não fazer o mal”, disse
Da redação, com Vatican News
“A família de Nazaré no exílio, Jesus, Maria e José emigrando para o Egito são o modelo, o exemplo e o sustento de todos os emigrantes e peregrinos de todas as idades e de todos os países, de todos os refugiados de qualquer condição que, oprimidos pela perseguição ou por necessidade, são forçados a abandonar sua pátria e viajar para uma terra estrangeira”.
Com esta citação que Pio XII confiou ao documento Exsul Familia promulgado em 1952, citado várias vezes pelo Papa Francisco, foi aberto na manhã desta quarta-feira, 19, na Sala Marconi, na sede da Rádio Vaticano, o encontro sobre o tema: “Migrantes e Refugiados. Contribuições e desafios para o presente”, organizado pela Embaixada da Argentina junto à Santa Sé (Presidência de turno do MERCOSUL).
A Igreja que em seu DNA, em sua história, tem o gene da proximidade, da solidariedade, do cuidado de cada pessoa em fuga, aspira colaborar com a comunidade internacional para promover e adotar medidas eficazes a curto, médio e longo prazo, de proteção da dignidade, dos direitos e das liberdades de todos os sujeitos da mobilidade humana, afirma o secretário para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado, Dom Paul Richard Gallagher, ao pronunciar-se no encontro:
Dom Gallagher ― Acredito que a mensagem da Santa Sé neste momento é que reconhecemos que não é fácil para os países administrar a situação migratória e que juntos devemos enfrentar uma realidade difícil; uma realidade que não desaparece em uma noite, mas, à crise imposta por esse fenômeno, como disse o Papa, nós devemos responder de uma forma humana, de uma maneira cristã e devemos procurar fazer o bem às pessoas e não fazer mal.
Vatican News ― Como a Santa Sé está colaborando com outros Estados na questão dos migrantes?
Dom Gallagher ― Participamos das instâncias e encontros internacionais; procuramos contribuir para a formação desses Pactos Globais, e depois animamos e instamos as organizações católicas em todo o mundo para acolhê-las. Depois, obviamente, temos esta Seção do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral que trata, em particular, do fenômeno da migração e dos refugiados, que o próprio Santo Padre quis conduzir.
Vatican News ― O senhor mencionou os quatro verbos do Papa Francisco: acolher, promover, proteger e integrar. E, no entanto, não raro se continua a responder com a política do muro, precisamente na Europa, nascida como Casa dos Povos…
Dom Gallagher ― Sim, é verdade, mas procuramos continuar a falar com nossos amigos em toda a Europa, encorajando – como disse – respostas que possam levar a soluções práticas, que respeitem a soberania dos países, mas que porém tenham em mente que o a realidade é aquela que é, os números são o que são e devemos enfrentá-la e devemos ajudar. É óbvio que os conflitos no mundo, as dificuldades para o meio ambiente, a pobreza extrema, são elementos que não mudam de um dia para outro. Por esta razão, devemos continuar, provavelmente por muitos anos, a agir em solidariedade com um amor fraterno para com estas pessoas.
Vatican News ― Antes o senhor falava de políticas a curto, médio e longo prazo, para enfrentar o fenômeno da migração: em relação às de longo prazo, há esperança de que elas sejam realizadas? Ou seja, há alguma esperança de tornar concreto o direito prioritário das pessoas viverem em segurança e paz em seus próprios países?
Dom Gallagher ― Sim, certamente. Fui núncio apostólico e colaborador de nunciaturas por vários anos, em diversos países da América Central e da África, e tenho um conhecimento local; vejo que este é um aspecto que ainda não está certo. Devemos fazer mais. Porém, de uma forma positiva, não somente olhando para a escuridão, a crise, mas também para as oportunidades, porque como foi dito também por nós, aqui na Europa temos os nossos problemas: temos o problema demográfico; temos necessidade de mão de obra também para nossas indústrias … Por isso é necessário ter uma abordagem equilibrada, mas também procurar nos humanizar. De fato, se alguém trata mal as outras pessoas, quem sai diminuído somos nós mesmos.