Padre salesiano reforça importância dos católicos, como discípulos de Cristo, deixarem rastros do Cristianismo frente à violência da guerra, inclusive nas redes sociais
Julia Beck
Da Redação

Foto: Canva
A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura aproximadamente três anos e meio, Israel e Hamas vivem um conflito de quase dois anos (em um cenário devastador na Faixa de Gaza), e a República Democrática do Congo soma mais de 28 anos de conflitos armados quase ininterruptos (um dos mais longos e complexos da história recente). Estes países enfrentam longos períodos sem paz, repletos de medo, insegurança, morte e destruição.
Diante das muitas notícias disseminadas pelos meios de comunicação sobre estas guerras, o padre salesiano de Dom Bosco, Sílvio César da Silva, recorda o posicionamento da Igreja sobre o assunto: “Jesus veio como ‘luz’ para iluminar as trevas. A guerra é o pior cenário de trevas que encontramos. Apresentar Cristo como a ‘Paz’ sonhada é o grande ensinamento que a Igreja oferece diante desse cenário tão triste que vemos em diversas partes do mundo”.
O sacerdote afirma que Jesus inaugurou, na humanidade, um Reino de Justiça, de Amor e de Compaixão, diferente dos egoísmos humanos. “É triste ver tanto interesse político e tamanha desconsideração por quem mais sofre diante da violência da guerra”, opina.
Postura dos católicos diante das guerras
Nas redes sociais, vários são os comentários, também de católicos, sobre os conflitos. O presbítero acredita que esses espaços virtuais têm estimulado posturas violentas e desrespeitosas. Padre Sílvio, de forma particular, revela se assustar com tantas afirmações “desnecessárias”.
“O mundo necessita menos de palavrórios e mais de abraços. Um católico deve agir mais e falar menos! Que possamos oferecer mais atitudes e, se necessário, palavras que tragam o amor e a paz aos corações humanos”, enfatiza.
Para o sacerdote salesiano, os católicos precisam viver a paz, começando dentro de suas casas, nos relacionamentos familiares e nos ambientes que frequentam. “Um discípulo de Cristo deve deixar rastros de Cristianismo. Reaprender a partilhar os bens, saber acolher, rezar com alegria e esperança e colaborar muito para erradicarmos tudo o que possa trazer sofrimento aos nossos semelhantes!”, comenta. O padre explica que não é uma utopia, mas é a consciência que todo católico deve ter diante do Evangelho.
Papa Leão XIV e a paz
Em sua primeira aparição (em 8 de maio deste ano), do balcão do Palácio Apostólico, o Papa Leão XIV disse: “gostaria que essa saudação de paz entrasse no vosso coração, alcançasse vossa família e todas as pessoas, onde quer que estejam, todos os povos e toda a terra. A paz esteja convosco”. Segundo padre Sílvio a saudação já é uma marca desse pontificado, iniciado num mundo dividido e marcado pelo ódio.
“A Igreja de Cristo é a Igreja da Paz. Mas essa paz só acontecerá a partir da consciência de cada cristão. É um clamor, um grito que lançamos para toda a humanidade! A Igreja de Cristo precisa ser essa casa de acolhida, de cura, de conforto e de solidariedade diante da dor humana”, destaca.
O presbítero afirma ver o Papa Leão XIV como um “Homem da Paz”. Ele sublinha que o Pontífice fala em Cristo e por Cristo, portanto, é um mensageiro da paz, do amor, do perdão e da reconciliação.
“É hora de um basta diante de tamanho egoísmo social e violência. Como é doloroso ver o ser humano se decompondo diante dos ‘contra-valores’ e do ‘descomprometimento’ ético”, reflete padre Sílvio. Em um mundo dominado pela violência, o sacerdote salesiano deseja que as palavras do Papa ressoem como um apelo por uma vida nova.