Esquema de vendas em drive thru tem sido uma das adaptações utilizadas pela Igreja para manter atividades na ausência de eventos, por exemplo
Thiago Coutinho,
Da redação
A chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus foi algo inesperado e mudou o cotidiano das pessoas em vários aspectos. Escolas, comércio, economia, todo o funcionamento da engrenagem que compõe a sociedade está se readaptando, e com a Igreja não foi diferente. Como as aglomerações estão impedidas, as missas e demais trabalhos pastorais, bem como as atividades em eventos que estão suspensos, demandou uma adaptação à realidade pandêmica, de forma a dar andamento às atividades de acordo com as medidas de segurança sanitária.
Padre Rodrigo Alves, que cuida de uma paróquia em Lorena, no interior de São Paulo, por exemplo, acredita que o sistema conhecido como “drive thru” (terminologia da língua inglesa que significa “atravessar com o carro”, um formato de vendas muito popular nos Estados Unidos) trouxe um novo fôlego à Igreja e aos fiéis nestes dias pandêmicos.
“Realizamos duas promoções neste sistema até então. E pretendemos repetir durante a festa da padroeira da diocese e cidade de Lorena, com a venda de caldos, cachorro-quente, pastel e refrigerante. Vimos outras paróquias pelo Brasil e na própria Diocese fazendo”, explicou o religioso.
Padre Rafael Beck, que atua em Silveiras, também no interior do estado paulista, só vê vantagens no sistema drive thru. “Os desafios e crises sempre provocam o ser humano a se adaptar”, pondera.
Generosidade conta
Ainda que novas formas de ajudar a Igreja e manter os cuidados para que não haja contágio estejam sendo pensados e aplicados a todo instante, uma maneira de ajudar não cai em desuso: a generosidade.
“Os fiéis católicos são muito generosos”, afirma o padre Rafael Beck. “Há dois benefícios nesse tipo de iniciativa: por um lado, a comunidade se mobiliza para trabalhar, fazer o evento acontecer, e isso desperta para o valor do serviço. O verdadeiro cristão é um servidor. Serve, porque ama, sem interesses particulares. O outro benefício é o envolvimento do povo de Deus, para que seja solidário, pois a paróquia também é nossa casa, é como a extensão do nosso lar”, acrescenta.
Padre Rodrigo acrescenta ainda outras iniciativas do povo de Deus neste tempo: “Temos experimentado coisas muito bonitas, como a atuação social da pastoral da escuta, que se compõe de alguns psicólogos e outros voluntários pastoralmente capacitados para a escuta e o acolhimento de quem mais precisa, na maioria pessoas vulneráveis”, afirma.
Em Lorena, o padre mantém contato e apoio à Caritas Diocesana em suas ações emergenciais. “Procuramos manter contato frequente, ouvir sobre as demandas da Cáritas e acudir como podemos. Nosso povo é bom, sabe que a caridade é remédio para curar muitos males nossos. Tem muita caridade cristã bonita feita durante a pandemia que não será mostrada pelas mídias. E não terá problema, pois a caridade bíblica também deve se passar no ‘escondimento’, sem a mão esquerda saber o que a mão direita fez”, afirma o sacerdote.
Silveiras conta com uma parceria entre os governos estadual e municipal, a Igreja (também com envolvimento da Cáritas e dos vicentinos) e iniciativas pessoais que estão ajudando a paróquia a seguir adiante. “Temos católicos que usam sua liderança para assistir diversas famílias. No Bairro dos Macacos (uma de nossas comunidades, com cerca de mil habitantes), temos o exemplo da Doca. A Doca (Maria Indocassina) é uma líder católica, de Segundo Elo na Comunidade Canção Nova, conhecida pela sua caridade com as famílias mais carentes”, ressalta padre Rafael.
Outras medidas
Além do sistema de vendas drive-thru, outras medidas estão sendo adotadas pela Igreja nesse tempo de pandemia. O uso da tecnologia por meio da internet tem ajudado a levar a Palavra de Deus de forma a manter a evangelização diante do quadro de isolamento social. “Desde 19 de março, temos transmitido uma missa dominical ao vivo pelas redes sociais de nossa paróquia, postamos vídeos com o Evangelho diariamente, elaboramos subsídios para celebrações familiares”, detalha o padre Rodrigo Alves.
“Aos poucos, vamos nos adaptando, aprendendo a utilizar essas plataformas”, finaliza o padre Rafael Beck.
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