A devoção sertaneja a Nossa Senhora Aparecida é uma das marcas da brasilidade. Encontrada por pescadores, a imagem da Padroeira uniu o povo mais simples por um só elo: a fé.
Reportagem de Idalina Miranda e Genilson Pacetti
Com a voz firme e o coração cheio de fé. No meio da arena, o locutor de rodeio encontra força em Deus e amparo em Nossa Senhora Aparecida. “Minha mãe sempre falou que quando eu nasci ela me entregou para Nossa Senhora e ela sempre me fala: ‘quem cuida de você é Nossa Senhora”, contou o locutor, Claudiney Mathias.
A paixão pelo rodeio acompanha Claudinei desde a infância, ganhou vida e vez na juventude. “Comecei a narrar uns versos e as pessoas começaram a gostar, gritar e fazer festa”, lembrou ele.
Assim como as cordas vocais vibram, impulsionadas pelo ar que sai dos pulmões. Nossa Senhora ampara sua família para seguir firme no dia a dia e também na enfermidade. “E minha esposa também é devota de Nossa Senhora e certa vez ela foi diagnosticada com Lúpus, e eu falei para ela: ‘arruma as coisas e vamos pra praia’. Aí elas dormiram no caminho e quando acordou, estavam de frente para a Basílica de Nossa Senhora. E eu falei para minha esposa: ‘agora você vai lá, você dobra os seus joelhos, pede a intercessão de Nossa Senhora e resgata sua fé. De vez em quando ela refaz esse exame que é bom refazer e nunca mais deu positivo”, testemunhou o locutor.
A união entre o peão e o locutor de rodeio é uma parceria que dá vida ao espetáculo. A paixão do Felipe foi crescendo, o receio da mãe em deixá-lo saltar foi diminuindo e hoje apoia os projetos do filho. “Com o tempo eu fiz 18 anos ela viu que não tinha como mais segurar eu mesmo e hoje em dia ela apoia eu demais”, comentou o peão de boiadeiro, Felipe Rangel Pereira.
Alguns itens são extremamente necessários para a segurança do peão. A corda de montaria, colete, botas, a fivela de campeão, a Bíblia e a Rainha. “Levo ele no coração, na mente, uma pequenina na bolsa”, afirmou ele.
Já dizia o poeta que a estrada da vida é longa, o que ele não ressaltou é que a Mãe que caminha os primeiros passos, vai até o fim guiando um filho amado. No percurso da vida o motorista segue contando com os cuidados de Nossa Senhora. “Nesse determinado dia eu encostei lá para descarregar, tinha dois ajudantes que olhava, que tirava a lona. A hora que eu comecei a levantar a caçamba, afundou o lado esquerdo, e elas veio tombar eu segurei e pedi a Nossa Senhora proteção, que já era de costume, e aquelas coisas não pegaram em mim”, confirmou o caminhoneiro, Gilmar Rangel Lopes.
Saber que tem uma companhia divina, deixa o motorista mais confiante. “Todos os livramentos que a gente tem na estrada a gente atribui à Nossa Senhora, porque a gente pede para que ela cuide”, apontou ele.
Na estrada, na arena ou na boleia do caminhão, a fé acompanha cada um.
Juntos, mostram que a devoção se revela em cada passo, salto e quilômetro percorrido na vida.




