O pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap, propôs à Cúria Romana, nesta sexta-feira, 17, a terceira pregação da Quaresma
Da redação, com Vatican News
A terceira pregação da Quaresma para a Cúria Romana, nesta sexta feira, 17, começou em torno da necessidade da Teologia. “Para a minha e a sua consolação, Santo Padre, Veneráveis Padres, irmãos e irmãs, esta meditação será centrada toda e apenas sobre Deus”, disse o pregador da Casa Pontifícia, Cardeal Raniero Cantalamessa.
Segundo Raniero, a teologia, o discurso sobre Deus, não pode ser estranha à vida da Igreja. “Sem a teologia, a fé se tornaria facilmente morta, repetição; careceria do instrumento principal para a sua inculturação.”
Na pregação, o cardeal abordou o mistério da trindade, da Encarnação do Verbo, da Paixão de Cristo e do amor digno de Deus.
Abrindo a pregação, foi abordado o mistério da trindade: “Por que nós, cristãos, cremos que Deus é uno e trino?”. O cardeal explicou que a resposta que se deve dar a si mesmo e a quem faz essa pergunta é: “nós cremos em um Deus uno e trino, porque cremos que Deus é amor”.
Encarnação do Verbo
Na sequência, o pregador da Casa Pontifícia passou ao mistério da encarnação do Verbo. Raniero abordou essa temática ressaltando que, à luz da revelação de Deus como amor, isso adquire uma nova dimensão.
O pregador fez uma retomada a partir da pergunta de Santo Anselmo: “Por que Deus se fez homem?”. E a resposta: “É porque somente alguém que fosse ao mesmo tempo homem e Deus podia nos resgatar do pecado. Como homem, de fato, ele podia representar toda a humanidade e, como Deus, o que fazia tinha um valor infinito, proporcional à dívida que o homem contraíra com Deus ao pecar.”
O cardeal explicou que a resposta de Santo Anselmo é perenemente válida, mas não é a única possível, nem mesmo totalmente satisfatória. “No credo, professamos que o Filho de Deus se fez carne “por nós, homens, e para nossa salvação”, mas a nossa salvação não se limita apenas à remissão dos pecados, muito menos de um pecado particular, o original. Sobra espaço, portanto, para o aprofundamento da fé.”
A Paixão de Cristo
Por fim, Raniero abordou o terceiro grande mistério: a Paixão de Cristo, que a Igreja está prestes a celebrar antes da Páscoa.
“Vejamos como, partindo da revelação de Deus como amor, também isso se ilumina de nova luz. ‘Por seus ferimentos, fomos curados’: com estas palavras, ditas sobre o Servo de Javé (Is 53,5-6), a fé da Igreja expressou o significado salvífico da morte de Cristo (1Pd 2,24).”
O cardeal destacou, então, o amor de Cristo que salvou a humanidade. “A verdade é que não fomos salvos pela dor de Cristo, mas pelo seu amor! Mais precisamente do amor que se expressa no sacrifício de si mesmo. Pelo amor crucificado!”
“Agora, devemos ver o que muda em nossa vida, a verdade que contemplamos nos mistérios de Trindade, Encarnação e Paixão de Cristo. E, aqui, aguarda-nos a surpresa que jamais falta quando se busca aprofundar os tesouros da fé cristã. A surpresa é descobrir que, graças à nossa incorporação a Cristo, também nós podemos amar a Deus com um amor infinito, digno d’Ele.”
Cantalamessa falou que se pode dizer a Deus Pai do amor de filho, assim como Jesus. “Pai, eu te amo com o amor com que te ama o teu Filho Jesus!” E dizer a Jesus: “Jesus, eu te amo com o amor com que te ama o teu Pai celeste”. E saber, com certeza, que não é uma piedosa ilusão! Toda vez que, rezando, procuro fazê-lo eu mesmo, volta-me à mente o episódio de Jacó que se apresenta ao pai Isaac para receber a bênção, passando-se pelo irmão mais velho (Gn 27,1-23).”
Por fim o cardeal disse tentar imaginar o que Deus Pai poderia dizer a si mesmo naquele momento. “Realmente, a voz não é mesmo aquela do meu Filho primogênito, mas as mãos, os pés e todo o corpo são os mesmos que meu Filho tomou na terra e trouxe aqui em cima, no céu,” concluiu.
O Portal Vatican News disponibilizou a íntegra dessa terceira pregação, traduzida pelo Fr. Ricardo Farias, ofmcap. Clique aqui para ler.