Reverendo destaca tema da Semana de Oração pela Unidade Cristã em andamento no hemisfério Norte até 25 de janeiro
Thiago Coutinho
Da redação
Cristãos do Hemisfério Norte celebram, nesta semana, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC), até o próximo dia 25. A Semana é promovida pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e o Conselho Mundial de Igrejas em caráter mundial, mas em datas diferentes.
No hemisfério Norte, celebra-se agora, de 18 a 25 de janeiro – datas propostas, em 1908, por Paul Watson, pois cobriam o tempo entre as festas de São Pedro e São Paulo e tinham, portanto, um significado simbólico. Já no Hemisfério Sul, a Semana é lembrada durante o período de Pentecostes -, sugestão feita pelo movimento Fé e Ordem em 1926, que também é um momento simbólico para a unidade da Igreja. No Brasil, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) é responsável pelas iniciativas para a celebração da Semana em diversos estados.
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O Papa Francisco recordou o início da Semana com uma postagem no Twitter nesta segunda-feira, 18: “Hoje, tem início a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Este ano, o tema refere-se à admoestação de Jesus: “Permanecei no meu amor e produzireis muito fruto” (cf. Jo 15,5-9). #RezemosJuntos”.
No último domingo, 17, no Angelus, já havia mencionado esse momento que marca a unidade cristã: “Nestes dias, rezemos juntos para que se cumpra o desejo de Jesus: “Que todos sejam um” (Jo 17,21). A unidade, que é sempre superior ao conflito”.
A edição deste ano tem como tema “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos” (cf. João 15,5-9)”. “Penso que o tema da SOUC deste ano é mais do que nunca presente na vida Cristã. Sim, expressa a vocação (chamado de Deus) para a oração como a ação de Deus em nós, e expressão da nossa relação com Deus. É realmente um tema muito presente neste momento difícil da vida cristã e de todas as pessoas de boa vontade”, explica o Reverendo Marcos Fernando Barros de Souza, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Diocese Anglicana da Amazônia e também regional do CONIC.
A importância do silêncio
Os subsídios da Semana de Oração pela Unidade Cristã deste ano foram preparados com base na Comunidade Monástica de Grandchamp. Trata-se de um grupo de mulheres oriundas da Suíça que pregava a importância do silêncio na escuta da Palavra de Deus.
“Vivemos em um mundo em que a escuta é uma atitude que a geração atual não conhece e as gerações que já estão entre os 40 e 50 anos esqueceu (claro que há exceções), a importância do silêncio”, pondera o Reverendo Marcos. “Penso que, para atualizar, é necessário primeiro fazer conhecer a mística, a espiritualidade do ouvir a Palavra de Deus vinda da outra pessoa, da história (vida) e de toda a criação. E para que todas as pessoas tenham acesso, é necessário que este exercício de escuta seja no ônibus, no trânsito, no trabalho, enfim no nosso cotidiano”, reitera o religioso.
Os subsídios e sua formação
Oração, vida comunitária e hospitalidade formam a tríade para os subsídios de apoio à Semana de Oração pela Unidade Cristã. Enquanto cristãos, estes conceitos podem ser desenvolvidos de diversas maneiras, como o próprio Reverendo atesta.
“Não só pode, como deve”, assegura. “Mesmo que no nosso mundo tenhamos que adaptar estes conceitos dentro da experiência de cada pessoa, às vezes, no perigo da cidade grande, precisamos ter a oração como combustível espiritual, comunidade com a única ligação com Cristo, e a hospitalidade como encontro com o próprio Deus na outra pessoa”, reitera.
A convivência com outros irmãos
Em vista da Semana de Oração, foi divulgada uma Carta Ecumênica redigida por um católico, um ortodoxo e um pastor evangélico. O trio responsável por assinar a mensagem lembra, entre outros assuntos, o impacto da pandemia sobre o mundo contemporâneo e espera que haja uma mudança para melhor na vida das pessoas.
“Quando vivemos com o diferente nós crescemos juntos”, reflete o Reverendo Marcos. “E testemunhamos na prática que há um só Senhor, uma só fé, e um só batismo. Viver com o diferente é um exercício de verdadeira humildade e de abertura ao amor de Deus”, finaliza.