Eleitores do Papa

Entenda a missão e composição do atual Colégio de Cardeais

Dentre outras missões na Igreja, cabe ao Colégio de Cardeais eleger um novo Papa; para este conclave, os cardeais eleitores são provenientes de 71 países

Kelen Galvan
Da Redação

Cardeais reunidos no funeral do Papa Francisco / Foto: Joyce Mesquita

A tarefa de eleger o sucessor do Papa Francisco é uma missão específica do Colégio Cardinalício, conforme o Código de Direito Canônico (cânon 349). Essa eleição acontecerá no Conclave que começa no próximo dia 7.  Além desta significativa missão, o papel dos cardeais na Igreja é de suma importância.

O Colégio Cardinalício ou Colégio de Cardeais é um órgão que reúne todos os cardeais criados pelo Papa. Eles são responsáveis por assistir e aconselhar o Sumo Pontífice. Atualmente, a Igreja Católica conta com 252 cardeais, destes apenas 135 são eleitores, ou seja, aqueles que têm menos de 80 anos de idade.

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Professor Felipe Aquino / Foto: Arquivo Pessoal

“Os cardeais têm uma importância muito grande na Igreja. De certa forma, eles são conselheiros do Papa. E também exercem funções no Vaticano, principalmente nos Dicastérios. Eles são auxiliares do Santo Padre”, explica o professor de história da Igreja, Felipe Aquino.

O Código de Direito Canônico especifica que os cardeais “assistem ao Romano Pontífice quer agindo colegialmente, quando forem convocados para tratar em comum dos assuntos de maior importância, quer individualmente, nos vários ofícios que desempenham, prestando auxílio ao Romano Pontífice na solicitude cotidiana da Igreja universal”.

Perfil atual dos cardeais

O Colégio Cardinalício se divide entre os cardeais eleitores e não-eleitores. Dentre os 135 cardeais eleitores, 80% foi criado cardeal pelo Papa Francisco (108), 17% por Bento XVI (22) e 3% por João Paulo II (5).

O motivo desse grande número de cardeais terem sido criados durante os 12 anos de Pontificado de Francisco foi pela necessidade de manter um número médio de cardeais-eleitores. “À medida que os cardeais vão completando 80 anos, eles não podem mais participar da eleição do Papa, do Conclave. Então, o Papa vai nomeando outros cardeais para deixar o número de cardeais-eleitores, mais ou menos entre 120, 130 cardeais. Então, é normal que o Papa nomeie outros cardeais, porque a maioria deles já tem bastante idade, então rapidamente vão atingir 80 anos, e têm que ser substituídos”, explica Professor Felipe Aquino.

Perfil do Conclave

Este conclave que vai eleger o sucessor do Papa Francisco será composto por 133 cardeais-eleitores, provenientes de 71 países. Isso porque dois cardeais não devem comparecer por motivos de saúde. A grande maioria é da Europa (51), seguidos pela Ásia (23), África (18), América do Sul (17), América do Norte (16), América Central (4) e Oceania (4).

Felipe Aquino destaca essa diversidade como um fator positivo. “É muito bom que os cardeais da Igreja sejam de muitos países, porque a Igreja está presente no mundo inteiro, atualmente são cerca de 180 representações diplomáticas do Vaticano (os núncios apostólicos). E quanto mais cardeais de todos os países houver, é melhor porque as informações chegam melhor ao centro da Igreja”, afirma.

Entre os cardeais eleitores, o mais jovem é o australiano, Cardeal Mikola Bychok, 45 anos. Natural da Ucrânia, ele é bispo da Eparquia dos Santos Pedro e Paulo em Melbourne, para os católicos ucranianos na Austrália. Ele foi criado cardeal em 2024 pelo Papa Francisco. Já o cardeal eleitor mais idoso é o espanhol Carlos Osoro Sierra, 79 anos. 

Pela primeira vez, 12 estados terão cardeais eleitores nativos: Chibly Langlois do Haiti, Arlindo Furtado Gomes de Cabo Verde, Dieudonné Nzapalainga da República Centro-Africana, John Ribat de Papua Nova Guiné, Sebastian Francis da Malásia, Anders Arborelius da Suécia, Jean-Claude Hollerich de Luxemburgo, Virgilio do Carmo da Silva do Timor Leste, William Seng Chye Goh de Singapura, Adalberto Martínez Flores do Paraguai, Stephen Ameyu Martin Mulla do Sudão do Sul e Ladislav Nemet da Sérvia.

Os veteranos do Conclave são os cinco cardeais criados por João Paulo II: Philippe Barbarin, da França, Josip Bozanić, da Croácia, Péter Erdö, da Hungria, Vinco Pulić, da Bósnia e Herzegovina e Peter Turkson, de Gana.

Sobre o Colégio Cardinalício

A forma atual do Colégio de Cardeais foi instituída no ano de 1150, na época chamado de “Sacro Colégio”, e conta com um Decano e um Camerlengo.

Por uma tradição que remonta o século XII, o Decano do Colégio Cardinalício é o bispo de Óstia, atualmente o Cardeal Giovanni Battista Re, 91 anos. É função do Decano presidir o Colégio Cardinalício, entretanto nem ele, nem o subdecano, têm poder de governo sobre os outros cardeais, mas são considerados os primeiros entre os seus iguais. 

Também é função do decano presidir a cerimônia fúnebre papal, convocar e presidir o Conclave para eleger o novo Pontífice. No caso deste Conclave, devido à idade do Cardeal Re, quem irá presidir será o Cardeal Pietro Parolin, por ocupar o 6º lugar mais alto nas precedências de cardeais-bispos, e ter menos de 80 anos. Os cinco primeiros já ultrapassaram esta idade limite para votar no Conclave.

O Camerlengo tem a função de administrar os bens e direitos temporais da Igreja durante a Sede Vacante e constatar a morte do Papa. A função atualmente é desempenhada pelo Cardeal Kevin Farrel, nomeado por Francisco em 2019.

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