Em São João del-Rei, fé e arte caminham lado a lado. A cidade mineira, conhecida por sua religiosidade, abriga artistas que esculpem com as mãos e com o coração. Emerson Tersigni e Messias Junqueira nos levam até esses ateliês onde a evangelização ganha forma em cada detalhe.
São João Del-Rei. Cidade dos sinos, das casas que impressionam pela beleza, e por que não… da arte sacra.
No centro histórico do município mineiro conhecemos o ateliê do Ronaldo. Sua profissão? Santeiro. E de mão cheia, afinal, é um ofício que exige dom e dedicação.
“Eu iniciei a arte sacra mais como uma brincadeira, por diversão. Tinha uma loja de equipamento eletrônico e lá eu ficava, nos momentos de folga, que não estava atendendo, eu pegava um pedacinho de madeira e ia brincando ali, ia dando forma, mas sem muita expressão, só pra passar o tempo mesmo”, lembra Ronaldo Nascimento.
Durante a visita, acompanhamos seu trabalho diante de uma futura imagem de Nossa Senhora do Divino Espírito Santo.
“Eu peguei uma tora, um toco já quadrado, e aqui estou dando as primeira formas, nada ainda é muito definido. E para mim fazer esse tipo de trabalho, eu uso diversas formões. Esse aqui é um formão, tamanho maior, mas eu tenho aqui vários tipos de formão, desde o menor, o pequenininho, para trabalhar em alguns detalhezinhos aqui no cantinho do olho, até o maior para trabalhar com a parte, vamos dizer assim, a parte mais grosseira”, explicou Ronaldo.
E aí, arriscaria ajudar o Ronaldo? Na verdade, o que era passatempo, tornou-se vocação.
“Eu consegui me identificar e eu cheguei a conclusão, não, é o que eu quero. Eu deixei para trás o comércio e entrei de vez na escultura”, disse o artesão.
A dedicação de Ronaldo valeu a pena. Algumas de suas obras têm sido expostas em eventos oficiais da cidade, como este, na casa do Barão.
A exposição ‘Mãos da Terra’ é considerada um tributo para aqueles que evangelizam por meio da beleza. Desde o século 18, eles têm sido guardiões de uma tradição que une arte e sagrado. ”Sustento da alma” do são-joanense.
“Quando a gente valoriza esses artistas, nós valorizamos o que São João Del-Rei produz de melhor. Nós reforçamos a nossa identidade, o nosso sentimento de pertencimento e principalmente a nossa fé”, afirma o secretário de Cultura de São João Del-Rei (MG), Caio Andrade.
“E eu tenho aqui nesta exposição, Santa Clara, que é uma imagem de roca. É uma imagem que a gente trabalha fazendo a escultura do rosto, mãos e pé e o restante é uma armação. E depois ela recebe essas vestimentas em tecido. Tem também ali um crucificado, dentro de um estilo realista. Tem também um São Tiago maior e uma Imaculada Conceição ainda em madeira também, sem o processo de policromia”, apresentou o artista.
Além do Ronaldo, conhecemos o trabalho da Patrícia Silva. Benditas mãos que, ao confeccionar belos altares, permitem que o sacrifício da Missa seja celebrado em um ambiente propício e zeloso.
“É maravilhoso fazer parte principalmente de São João Del-Rei, principalmente onde se respira a arte sacra. E para aqueles que fazem com amor, pode seguir em frente que o caminho é longo e prazeroso”, disse Patrícia.
E Quem conferiu, gostou.
O turista de Belo Horizonte (MG), Leonardo Dias, afirmou: “Eu acho que a arte sacra assim é o espírito nosso religioso católico, que a gente tem como cristão, vendo as imagens, os santos que somos devotos, eu acho que a arte sacra é o momentos que a gente tem de ter esse contato próximo assim, realmente, com o que a gente lê e que a gente tenta tornar prática”.
A turista de Ponta Grossa (PR), Larissa Oliveira de Paula concluiu.“Muito mais leve, o ambiente parece que purifica a gente”.