VOCAÇÕES CANÇÃO NOVA

Casais da Canção Nova falam sobre como conciliar família e missão

Sem deixar de lado o trabalho, a educação dos filhos e a vida cotidiana, casais missionários testemunham que é possível viver a missão sendo família

Fernanda Lima
Da Redação

Foto: Bruno Marques

O que vem a sua mente quando alguém fala sobre matrimônio? Provavelmente, isso o remeterá à família. O que a maioria das pessoas esquece é que o casamento também se trata de uma vocação, um sacramento. Segundo o Papa Francisco, o amor conjugal é inseparável do próprio matrimônio, no qual o amor humano, frágil e limitado, encontra o amor divino, sempre fiel e misericordioso. 

Essa vivência matrimonial encontra um lugar especial dentro da Comunidade Canção Nova. Seguindo a inspiração, Monsenhor Jonas Abib, fundador desta obra, entendeu que, além de solteiros, celibatários e sacerdotes, Deus também quis casais missionários. São famílias que vivem a sua vocação ao matrimônio e à paternidade responsável dentro de uma vocação mais ampla e específica dentro de uma comunidade. E sem deixar de lado os compromissos com o trabalho, a educação dos filhos e a vida cotidiana, os casais missionários da Canção Nova testemunham que é possível viver a missão sendo família, cuidando do lar e dedicando-se a Deus.

Famílias missionárias 

Salette e seu esposo Marcelo com os filhos / Foto: Arquivo Pessoal

Salette Ferreira é missionária da comunidade e relata que, desde sua infância, já trazia o desejo de casar-se e construir sua família. “Ingressei na comunidade em 1991, e o meu esposo, Marcelo, em 2001. Sempre tive o desejo de me casar desde criança. Após o meu encontro pessoal com Jesus, fiquei confusa entre o celibato e o matrimônio. Até que, em uma conversa com o padre Jonas, ele me disse: ‘Minha filha, namore Jesus porque Ele não vai te enrolar. Se não for para ser celibatária, Ele vai colocar uma pessoa no seu caminho’. Foi exatamente isso que aconteceu”, lembra.

A missionária também recorda um momento marcante durante esse discernimento. “Ao entrar na capela de São Miguel Arcanjo, um pouco antes de conhecer meu esposo, no ano de 1998, eu ia fazer um voto íntimo de celibato, mas, nesse momento, senti uma voz interior que me dizia: ‘Não faça isso! Tenho projetos especiais que você desconhece’. Seis meses depois, conheci o meu esposo”, destacou.

Salette enfatiza que educar os filhos de acordo com os princípios da comunidade sempre foi a prioridade do casal. “Eles ainda eram muito pequenos e já explicava sobre a importância da missão e por que eu saía em missão. Sempre tive o apoio do Marcelo, porque somos muito parceiros”, frisou.

Salette com seus filhos / Foto: Arquivo Pessoal

Diante dos desafios da vida missionária, Salette explica como consegue viver com equilíbrio sua missão. “Nunca viajo sozinha, porque sempre levo meu esposo e meus filhos no coração. Tudo aquilo que sou em missão é consequência daquilo que vivo em família. Os desafios existem porque não somos perfeitos, mas, em nosso coração, existe um desejo de caminhar na vontade de Deus. Somos uma família missionária e, independente do lugar, estamos sempre unidos. Hoje, vejo os frutos dessa entrega a Deus na vida dos meus filhos”, concluiu.

Viver a missão em família

Christian Moreira de Souza e sua esposa Sorelia Felix de Castro são membros da Comunidade no modo de compromisso Segundo Elo em Fortaleza (CE). O casal já tinha dois anos de matrimônio quando se aproximou da Canção Nova em janeiro de 2005. “Durante um encontro, aqui em Fortaleza, que se chama ‘Queremos Deus’, o padre Jonas estava pregando. Naquele mesmo ano, participamos de um retiro de carnaval promovido pela comunidade. A partir desse dia, passamos a frequentar a casa de missão da Canção Nova em Fortaleza. Fizemos o caminho vocacional, e o nosso primeiro compromisso foi em 2009. Já são 15 anos de história”, relatou.

Christian e Sorelia com seus filhos / Foto: Arquivo Pessoal

O missionário relata sobre a experiência desafiante de viver sua missão em família. “Sem dúvida nosso maior desafio é termos tempo de qualidade entre nós, conciliando com a missão e o trabalho. Com a chegada da adolescência, percebemos o desafio de manter a atenção dos nossos filhos para as coisas do alto, em virtude das obrigações próprias dos estudantes que são ampliadas nesta fase e também dos apelos e amizades que influenciam bastante”, enfatizou.

Apesar do grande desafio, Christian declara que essa missão é possível. “Sabemos que cada um deles tem sua individualidade e que serão chamados por Deus a vocações específicas. Estamos lançando as sementes, para que o Senhor faça frutificar”, frisou.

Sorelia recorda uma experiência marcante em sua vocação. “Durante o período de preparação para o compromisso definitivo com a Canção Nova, fui atendida em oração por uma irmã, e ela profetizou que, na próxima vez que eu fosse em Cachoeira Paulista (SP), teria uma verdadeira experiência de paternidade com o monsenhor Jonas. No momento duvidei. No entanto, em um retiro, tive a oportunidade de encontrá-lo e disse-lhe baixinho: ‘O senhor sabia que sou sua filha e que jamais tinha me aproximado do senhor?’. Ele me olhou com mais atenção e me segurou pelo rosto dando um beijo em minha testa. Depois desse gesto, me recordei automaticamente da profecia”, sublinhou.

Sorelia com a família /Foto: Arquivo Pessoal

A missionária reforça que essa ocasião importante a fez refletir sobre sua filiação com o Monsenhor Jonas, remetendo também a marcas profundas de sua história pessoal. “Em minha infância, eu me senti abandonada por meu pai após seu divórcio com minha mãe. Isso gerou uma desconfiança profunda no meu relacionamento com meu pai. Até hoje, sou muito grata a Deus por este momento com o padre. Mesmo sendo tão breve, para mim trouxe muitas respostas em relação a minha história e vocação”, concluiu.

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