HOMILIA

Cardeal Parolin na Ucrânia: “a morte não terá a última palavra”

Ao presidir celebração de encerramento de peregrinação no país, secretário de Estado do Vaticano exortou fiéis a nunca perderem a confiança em Deus

Da Redação, com Vatican News

Cardeal Pietro Parolin / Foto: Matteo Minnella/A3/Contrasto via Reuters Connect

O secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, ecoou o grito de paz do Papa Francisco e do povo ucraniano no Santuário de Nossa Senhora do Carmo, em Berdychiv. Ele presidiu o encerramento da peregrinação nacional dos católicos de rito latino à igreja mariana na manhã deste domingo, 21.

Na homilia pronunciada pelo bispo auxiliar da arquidiocese de Lviv dos latinos, Dom Edward Kawa, foi recordado o primeiro milagre que marcou a história do local de culto. Em 1627, o governador das terras de Kyiv e Zhytomyr, Janusz Tyszkiewicz, foi aprisionado em uma batalha contra os tártaros. Acorrentado, prometeu realizar alguma boa ação em honra de Deus e da Virgem Maria se obtivesse a liberdade.

Enquanto dormia, apareceram-lhe frades desconhecidos que rezavam a Deus e a Nossa Senhora pela sua libertação. Uma vez liberto, decidiu construir um mosteiro em Berdychiv para os religiosos que tinha visto no sonho e que reconheceu nos carmelitas em Lublin três anos depois.

A igreja foi consagrada em 1642: no altar-mor foi colocada a imagem de Nossa Senhora das Neves, cópia da que é conservada na Basílica de Santa Maria Maior em Roma, conhecida como Salus Populi Romani. A reprodução foi doada pelo próprio Tyszkiewicz, que a guardava anteriormente em sua casa, e, em 1647, foi declarada milagrosa pelo então bispo de Kyiv, que fora curado após rezar diante dela.

Manter a confiança em Deus

Na sequência, durante a reflexão dos textos da Liturgia do dia, o convite à Igreja ucraniana é para ser “profética”. É preciso, sublinhou Parolin, convocar a uma “oração incessante, para que Deus converta os corações daqueles que, afastando-se dos Seus caminhos e tornando-se escravos de seu próprio orgulho, semeiam violência e morte, pisoteando nos outros a dignidade de filhos de Deus”.

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“Realmente devemos pedir ao Senhor, Ele que é o médico celeste, para nos curar dessas doenças letais e substituir um coração de pedra por um coração de carne”, enfatizou ainda o cardeal. Ele incentivou todos a não perder nunca a confiança e a esperança em Deus, sobretudo nos dias atuais, quando parece que o mal tem o domínio.

Neste contexto, recordou o Cristo crucificado: na Sexta-feira Santa, quando o pecado parecia ter triunfado e a missão salvadora de Deus fracassado, justamente então, explodiu o amanhecer radiante da Páscoa. “A morte não terá a última palavra, mesmo que seja difícil ver o horizonte da Ressurreição”, sublinhou Parolin.

Por fim, a última parte da homilia foi dedicada a Virgem Maria, “que está ao nosso lado na luta de nossas cruzes pessoais, e nos guia suavemente para sua gloriosa ressurreição”. Símbolo de ternura e amor, “é anunciadora do amanhecer”, de Jesus, que é a luz, expressou o cardeal antes de concluir o momento com uma oração.

Visita ao líder da Igreja greco-católica ucraniana

No período da tarde, o secretário vaticano visitou o arcebispado maior de Kyiv-Halych, onde reside o chefe da Igreja greco-católica ucraniana, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk. Na ocasião, reafirmou o sentido de sua visita a um país que busca na fé resiliente a força para enfrentar o drama da guerra que já perdura mais de dois anos.

“A mensagem que trouxe do Papa é a da proximidade. O Papa a expressou de tantas maneiras nesses anos”, manifestou Parolin, salientando que o Pontífice exprimiu “desde o início uma grandíssima proximidade, uma grandíssima participação na dor e no sofrimento deste povo”.

Sua presença, prosseguiu o cardeal, “acrescenta algo, digamos, ‘ao vivo’ a essa presença do Papa, que compartilha a dor, mas sobretudo gostaria de poder ajudar na solução desta guerra”. Neste sentido, convocou “uma grande oração pela paz, partindo da convicção de que tudo é possível a Deus e que, mesmo que nossas esperanças sejam sempre finitas e limitadas, sabemos que Deus é maior que nós mesmos, maior que nosso coração e nossas possibilidades”.

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