Religioso participou de cerimônia de assinatura de declaração inter-religiosa por mobilização no enfrentamento à crise climática e falou da atuação da Santa Sé
Da Redação, com Vatican News
O secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, participou, nesta segunda-feira, 6, da cerimônia de assinatura de uma declaração inter-religiosa que compromete líderes religiosos a mobilizar as suas comunidades para enfrentar a crise climática. O documento também os impele a apelar aos líderes políticos para que tomem ações concretas durante a 28ª Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP 28), que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A declaração foi assinada durante a Cúpula Global da Fé, evento realizado entre 6 e 7 de novembro também em Dubai, antecipando-se à COP 28, que reúne as principais comunidades religiosas e tradições do mundo com o objetivo de refletir sobre a ação climática e o papel das religiões neste contexto.
Sobre o tema, Parolin afirmou que acredita que as religiões tenham uma importância fundamental nesta discussão, ainda que esta seja uma questão “laica”, com a qual políticos e cientistas lidam. Ele expressou que “a implicação dos líderes religiosos se deve ao fato de haver também uma dimensão ética e moral, que a Santa Sé está frisando muito”.
Preocupação do Papa
O secretário também pontuou o interesse do Papa Francisco, que participará da COP 28 entre os dias 1º e 3 de dezembro, na questão das mudanças climáticas, citando a Carta Encíclica Laudato si’ – “um ponto de referência para muitos líderes do mundo e governos na COP em Paris (em 2015)” – e a Exortação Apostólica Laudate Deum como provas desta preocupação pontifícia.
“Naturalmente, a Santa Sé está interessada em todos os aspectos do problema, no que diz respeito à redução das emissões de gases, ao problema da subida do nível do mar e assim por diante. Mas a nossa atenção está focada sobretudo em duas coisas, em duas questões específicas”, apontou o Cardeal.
Ele citou o estilo de vida adotado em grande parte do mundo, frisando a necessidade de mudá-lo para não danificar a natureza. E isso tendo em vista a perspectiva de que cuidar da Criação é a tarefa que Deus confiou à humanidade. O segundo ponto é a educação das novas gerações quanto ao uso correto e responsável dos recursos naturais, que se trata de um empenho da Santa Sé em todo o mundo.
Ação coletiva das comunidades religiosas
Em entrevista durante a abertura da Cúpula Global da Fé, o secretário-geral do Conselho Muçulmano de Anciãos, o juiz Mohamed Abdelsalam, também enfatizou “o papel que os líderes religiosos podem desempenhar na mobilização de suas comunidades”, destacando o impacto prejudicial da mudança climática.
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Ele apontou a necessidade de uma “ação coletiva, uma postura unificada e a solidariedade de todas as comunidades, especialmente dos líderes religiosos”. Justamente por isso essas lideranças precisam assumir um papel positivo para o clima e se concentrar na necessidade de colocar a “humanidade” como prioridade.
“Quando você prioriza a preocupação com as comunidades humanas em todo o mundo, você pode alcançar melhores objetivos na luta contra as mudanças climáticas”, expressou Abdelsalam. Todas as religiões, observou, “pediram para cuidar do meio ambiente e da Terra”, porque todas compartilham “o conceito de administração e de demonstração de cuidado para com a nossa casa comum”.
O exemplo do Papa
Assim, o dever ético dos líderes religiosos engloba “liderar comunidades, tomar a iniciativa, mostrar a elas um exemplo de unidade contra essa ameaça global e deixar um legado duradouro para as gerações futuras”. Para o juiz, o Papa Francisco e o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmed Al-Tayyeb, servem de “exemplo inspirador e modelo para muitos líderes religiosos em todo o mundo” pela construção de “uma verdadeira parceria entre suas comunidades religiosas”.
Comentando a presença do Santo Padre na COP 28, Abdelsalam expressou que a considera “excepcional, extraordinária e sem precedentes na história da COP”. Além disso, destacou, essa participação demonstra “sua convicção da urgência dessa crise” e a necessidade de “resultados tangíveis que esperamos que a COP 28 produza”.