SÍNODO

Cardeal Ouellet saúda participantes de Assembleia eclesial

O Prefeito da Congregação para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, cardeal Marc Ouellet, enviou uma mensagem aos participantes da Assembleia Eclesial que se realiza esta semana na Cidade do México

Da redação

Cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos e Presidente da Pontificia Comissão para América Latina / Foto: Reprodução Youtube

O Cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para América Latina, saudou os mil participantes da Assembleia Eclesial durante o primeiro dia no início dos grupos de discernimento neste 22 de novembro de 2021.

“Que o Espírito do Senhor presente no meio de nós nos ajude a discernir juntos como reativar o espírito missionário que o Papa Francisco nos transmite com seu exemplo e seu magistério! Estamos aqui reunidos alguns poucos de maneira presencial, mas muitos em modalidade telemática, e tantos outros e outras em modalidade de oração, para atualizar um compromisso solene adquirido na Conferência de Aparecida, desdobrado na missão continental e confirmado pela presença do Papa Francisco na sede de Pedro”, disse o purpurado.

Ademais, o religioso destacou o papel de dois leigos latino-americanos na Pontifícia Comissão para América Latina: “O Senhor Rodrigo Guerra, mexicano, secretário da Comissão; e a Senhora Emilce Cuda, argentina, chefe de oficina na mesma Comissão. Alegro-me muito de estar acompanhado por ambos nesta assembleia eclesial, e estou convencido de que, nos próximos anos, a contribuição de ambos será notável e apreciada devido a suas experiências e competências como acadêmicos e agentes de pastoral, animadores de boas práticas no campo da Doutrina Social da Igreja”.

O cardeal Ouellet destacou o Documento para o discernimento, o qual “me alegrou muito quando fiz sua leitura”, porque “se recuperou uma das mais breves e potentes intuições de Aparecida: “a fé nos liberta do isolamento do eu, porque nos leva à comunhão” (DAp 156)”, e poucas linhas depois, nos é recordado: “Porque “a comunhão é missionária e a missão é para a comunhão” (DAp 163), a sinodalidade deve-se compreender sempre num dinamismo em ‘saída’”.

A seguir, confira o discurso do cardeal Ouellet na íntegra:

SAUDAÇÃO À ASSEMBLEIA ECLESIAL DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE
Marc Card. Ouellet

CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS
COMISSÃO PONTIFICIA PARA AMÉRICA LATINA
NOVEMBRO 2021

SENHOR PRESIDENTE DO CELAM,
ESTIMADOS MEMBROS DA PRESIDÊNCIA DO CELAM, BISPOS COORDENADORES DOS CENTROS PASTORAIS E QUERIDOS PARTICIPANTES NESTA ASSEMBLEIA ECLESIAL LATINOAMERICANA:

“Se o Senhor não constrói a casa, em vão se cansam os marceneiros” (Sl 126).

Que o Espírito do Senhor presente entre nós nos ajude a discernir juntos como reativar o espírito missionário que o Papa Francisco nos transmite com seu exemplo e seu magistério! Estamos aqui reunidos, alguns poucos de maneira presencial, mas muitos em modalidade telemática, e tantos outros e outras em modalidade de oração, para atualizar um compromisso solene adquirido na Conferência de Aparecida, desdobrado na missão continental e confirmado pela presença do Papa Francisco na sede de Pedro.

Saúdo muito cordialmente a todos vocês e em seu nome, pastores e fiéis, famílias e autoridades eclesiais e civis dos nossos povos do continente. Considero um privilegio estar entre vocês apesar da pandemia que nos segue limitando, mas que não conseguiu frear o dinamismo eclesial e social do continente da esperança. Este dinamismo se expressa na iniciativa original desta Assembleia continental que assume o desafio da sinodalidade e promete reativar um compromisso missionário criativo no espírito da Evangelii Gaudium.

Brindo-lhes esta saudação em nome da Congregação para os Bispos, que tem um interesse crescente na América Latina pelo fato de que o Papa Francisco confirmou a vinculação a Comissão Pontifícia para América Latina com esta Congregação, fortalecendo sua composição com a nomeação de duas novas figuras conhecidas em muitos ambientes eclesiais, universitários e populares de América Latina:

“O Senhor Rodrigo Guerra, mexicano, secretário da Comissão, e a Senhora Emilce Cuda, argentina, chefe de oficina na mesma Comissão. Me alegro muito de estar acompanhado por ambos nesta assembleia eclesial e estou convencido de que nos próximos anos a contribuição de ambos será notável e apreciada devido a suas experiências e competências como acadêmicos e agentes de pastoral, animadores de boas práticas no campo da Doutrina Social da Igreja”.

A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe é uma das variadas formas como a Igreja reaprende a escutar e a discernir. Há poucos dias, quando o Papa Francisco dava início ao processo sinodal, nos ofereceu algumas considerações que me parece também se aplicam aqui. O Santo Padre afirmava que é preciso que nos tornemos a “Igreja da escuta”, para assim: “Tomarmos uma pausa de nossas atividades, para frear nossas ansiedades pastorais e nos determos para escutar. Escutar o Espírito, na adoração e na oração. Quanto nos faz falta hoje a oração de adoração! Muitos perderam não somente o costume, como também a noção do que significa adorar. Escutar aos irmãos e irmãs a respeito das esperanças e as crises da fé nas diversas partes do mundo, as urgências de renovação da vida pastoral e os sinais provenientes das realidades locais.”

Notemos, como neste breve texto, o Papa Francisco nos lapida o olhar: primeiro, antes de tudo, é preciso escutar o Espírito na adoração e na oração. Muitas vezes, nossas próprias ideias enchem nossa mente e nosso coração. Ainda quando nos ajoelhamos, nossa vida interior se enche muitas vezes de nossos próprios planos e de nossos complicados juízos prévios, isto é, de nossos pré-juízos. Tendo orado e adorado podemos, agora sim, escutar nosso irmão com abertura sincera de coração. E escutando a Deus e a nossos irmãos, viveremos uma experiência de surpresa e de alargamento de horizontes.

Assim mesmo, alegrou-me muito ao ler o documento para o discernimento comunitário que se recuperou uma das mais breves e potentes intuições de Aparecida: “A fé nos libera do isolamento do eu, porque nos leva à comunhão” (DAp 156)”, e poucas linhas depois, nos recorda: “Porque a comunhão é missionária e a missão é para a comunhão” (DAp 163), a sinodalidade deve-se compreender sempre nu dinamismo em ‘saída’. De fato, não há missão verdadeira sem comunhão eclesial profunda, nem comunhão eclesial madura sem autêntico ímpeto missionário. Por isso, a sinodalidade, que é como a dimensão dinâmica da comunhão, deve nos orientar mais ad extra, a compartilhar a “boa notícia”, e não tanto ad intra, isto é, às estruturas intraeclesiais e aos lugares de poder.

Agradeço ao Senhor da História a oportunidade de caminhar junto com todos vocês nesta aventura eclesial. Nada escapa de suas mãos. Ele nos conduz sempre rumo ao porto seguro. Escutemos sua voz ali onde se encontra, e peçamos que o Espírito sempre nos ilumine a todos para fazer o melhor discernimento em comunhão profunda, unidos de verdade numa mesma fé, cum Petro et sub Petro!

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