Após consistório do último sábado, 30, novo purpurado fala sobre importância da contribuição do carisma de Dom Bosco neste serviço ao Papa e o valor da comunhão entre os cardeais
Da redação
Entre os 20 novos cardeais criados pelo Papa Francisco no último sábado, 30 de setembro, está o Reitor-mor dos Salesianos, agora Cardeal Ángel Fernández Artime. Ele, que já celebrou sua primeira missa enquanto cardeal neste domingo, 1º, comentou sobre quando recebeu a notícia de que seria criado cardeal, a importância da contribuição do carisma de Dom Bosco neste serviço ao Papa, o valor da comunhão entre os purpurados e sobre o Sínodo.
Ao recordar sobre o dia em que ficou sabendo que seria criado cardeal, o purpurado revela que a notícia foi inesperada. “Naquele momento me encontrava conversando com um salesiano provincial da África. (…) O Santo Padre havia me enviado uma carta por meio do endereço da Basílica do Sagrado Coração, mesmo eu estando em Turim, para me instruir como reagir pensando na congregação. E, ao mesmo tempo, eu senti imediatamente que com Deus as coisas são assim: Ele nos leva aonde Ele quer e como Ele quer”, disse.
Dom Artime acredita que com os outros cardeais também foi assim, inesperado. Ele reforça que enquanto salesiano sempre aprendeu que diante de qualquer orientação do Papa é preciso sempre agir com obediência. “Devemos estar sempre prontos para servir o Senhor Jesus na Igreja”, complementa.
Carisma de Dom Bosco no Colégio Cardinalício
“Faz muito bem pensar que não existe um modelo de cardeal”, pontua o purpurado. Ele acredita que Jesus, o Bom Pastor, deve ser o único ponto de referência juntamente com o Evangelho. “A Igreja é um mosaico, é uma diversidade de carismas e espiritualidades e isto a faz de verdade grande, diferente, católica ou melhor universal. Tendo dito isso eu acredito por exemplo que aqueles que já estão e os que estão chegando no colégio cardinalício têm que trazer a sua identidade cristã”, frisa. Junto a isso, o cardeal conta que levará também a sua identidade como consagrado de Dom Bosco e consagrado a Deus, através da vida religiosa.
Dom Artime, enquanto salesiano, reforça sua grande predileção pelos jovens, pelas famílias, pelos adolescentes, pelos mais fracos, pelos explorados, hoje migrantes e descartados. “Como nos disse o Santo Padre, na homilia da celebração de criação dos novos cardeais, a Igreja é como uma orquestra, uma sinfonia. É uma diversidade que espera e sempre escuta o sopro do Santo Espírito”.
Mais comunhão e menos divisão
Cada cardeal ajuda na administração de uma igreja. A partir disso, deve acompanhar a vida desta comunidade cristã em nome do Papa, o bispo de Roma, sendo parte do seu grupo de “primeiros colaboradores”. Sobre a simbologia desse serviço, Dom Artime salienta que é preciso vivê-lo em grande comunhão de disponibilidade e lealdade ao Santo Padre.
“Nós recebemos esse trabalho, onde o Papa diz: ‘eu preciso de vocês, eu preciso de você para ajudar-me no serviço à Igreja’. Eu acredito muito que seja importantíssima a comunhão entre nós, cristãos batizados, e com Jesus. Creio que assim é muito mais fácil ser disponível e servir. (…) A única coisa que devemos fazer é servir”.
Sínodo
Ao comentar sobre o Sínodo, o purpurado afirma que esta Assembleia Geral poderá oferecer uma palavra altamente qualificada depois de um mês de reflexões. “Eu não vou estar no Sínodo, por isso escutarei com interesse e procurarei as reflexões e notícias sobre a palavra do Santo Padre”. Dom Artime confirma sua participação na Missa de abertura, juntamente com todos os novos cardeais.
“Será uma realidade belíssima de igreja e estou convencido que também esta reflexão ajudará e nos enriquecerá muito como igreja. Penso também em nós, salesianos de Dom Bosco: não podemos ter um outro modo de servir se não o da grande colegialidade por meio da partilha e da escuta (…)”.