As Conferências Episcopais da Europa destacam os valores da solidariedade, da fraternidade e da unidade como pilares para guiar o caminho do continente para uma sociedade melhor
Da redação, com Vatican News
Os bispos da Europa dirigiram uma mensagem de esperança e um apelo à solidariedade às instituições europeias e aos Estados-Membros, no meio da crise de saúde que atingiu o mundo nos últimos meses.
Numa mensagem divulgada nesta quarta-feira, 18, sob a sigla COMECE, reiteraram seu empenho na construção da Europa e em seus valores fundamentais de “solidariedade, liberdade, inviolabilidade da dignidade humana, democracia, Estado de direito, igualdade e defesa e promoção dos direitos humanos”.
Inspirados pela fé cristã, que “é o fundamento último de nossa esperança e fraternidade universal”, os bispos também reafirmam sua vontade de se empenhar, junto com outras igrejas e comunidades eclesiais irmãs para “construir uma fraternidade universal que não deixe ninguém de fora”.
A pandemia causada pelo Covid-19
Destacando alguns dos efeitos abrangentes da crise de saúde da Covid-19, o religiosos observaram que a pandemia abalou muitos “títulos anteriores e revelou nossa vulnerabilidade e nossa interconexão”.
Muitos, observaram os bispos, temem que a própria UE “como projeto econômico, político, social e cultural esteja em risco”.
No entanto, impulsionada pela constatação de que todos estão no mesmo barco e que só podemos nos salvar permanecendo juntos, a UE demonstra sua capacidade de redescobrir o espírito dos Pais Fundadores e começa a responder de maneira unida. Este espírito, esperam os bispos, será refletido no instrumento de recuperação da pandemia e no orçamento reforçado da UE para 2021-2027.
Uma nova mentalidade
O futuro da União Europeia não depende apenas da economia e das finanças, mas também de um espírito comum e de uma nova mentalidade, observaram os bispos.
Nesse sentido, os esforços não devem ser simplesmente dedicados a retornar ao “velho normal”. Em vez disso, o continente deve aproveitar a crise para realizar uma “mudança radical para melhor” repensando os atuais modelos de globalização, garantindo o respeito ao meio ambiente, a abertura à vida, a igualdade social, protegendo a dignidade dos trabalhadores e os direitos das gerações futuras.
Os bispos também destacaram que as encíclicas do Papa Francisco, Laudato sí e Fratelli tutti, que podem ser uma fonte de inspiração para moldar uma nova civilização. Em Fratelli tutti, citam os bispos, o Papa Francisco “convida toda a humanidade à fraternidade universal e à amizade social, não se esquecendo dos marginalizados, feridos e sofredores”. Ao mesmo tempo, os princípios da Doutrina Social Católica, com sua ênfase na dignidade humana, na solidariedade, na opção preferencial pelos pobres e na sustentabilidade, podem orientar o caminho para a construção de um modelo econômico diferente em uma sociedade pós-pandêmica.
Solidariedade
O COMECE sublinhou a importância da solidariedade como princípio fundamental da Doutrina Social da Igreja e também no cerne do processo de integração europeia.
A solidariedade, afirmaram os bispos, “deve ser entendida em termos de ‘realizarmos juntos’ e ‘estarmos aberto para integrar todos ’”, inclusive os que estão à margem.
A esta luz, os bispos apelaram para que a vacina Covid-19, quando estiver disponível, seja acessível a todos, especialmente aos pobres. Eles também apelaram ao aumento da ajuda humanitária e da cooperação para o desenvolvimento, e que os gastos militares sejam redirecionados para os serviços sociais e de saúde.