Fratelli tutti

Bispo comenta expectativa para nova encíclica do Papa: "trará esperança"

“Fratelli tutti” será assinada neste sábado, 3, pelo Papa Francisco em Assis; esta será a primeira viagem do Santo Padre desde o início da pandemia

Julia Beck
Da redação

Para bispo de Itaguaí (RJ), nova encíclica do Papa será um sinal de esperança /Fotos: Divulgação – Diocese de Itaguaí; Daniel Ibánez – CNA

“Uma encíclica que trará grande esperança para o mundo, para a fraternidade universal, para a fraternidade de cada nação e para a fraternidade de todos nós”. Assim Dom Frei José Ubiratan Lopes, bispo de Itaguaí (RJ), descreve com expectativa a nova encíclica do Papa Francisco, “Fratelli tutti”, que será divulgada neste sábado, 3, na cidade de Assis, na Basílica onde está o túmulo de São Francisco, santo onomástico do Santo Padre.

Esta será a terceira encíclica do pontificado de Francisco, sendo a primeira “Lumen fidei”, publicada em junho de 2013, e a segunda a “Laudato si”, datada de maio de 2015. O lema da nova encíclica, fraternidade e amizade social, foi confirmado pela Santa Sé e se configura como uma marca do atual Papa.

Em fevereiro de 2019, o Pontífice e o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, assinaram em conjunto o texto que também exortava à fraternidade, o “Documento sobre a fraternidade humana pela paz mundial e a convivência comum”. Além de um passo fundamental nas relações entre o cristianismo e o islã, o documento representa uma mensagem com um forte impacto no cenário internacional.

Sobre a fraternidade, Dom Ubiratan reflete: “Sem fraternidade não existe comunidade humana que resista, porque ser irmão é vocação de todos nós”. O frade capuchinho avalia que o mundo hoje está tão dilacerado pela guerra, pelas diversas ideologias, pelo materialismo, pelo consumismo, e destaca que essa encíclica será um bálsamo, um ponto de esperança, de conforto e estímulo para que todos vivam como irmãos, uns ajudando os outros a caminhar na mesma direção.

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“A igreja é constituída pela fraternidade”, recorda também Dom Ubiratan. “Não existe igreja sem fraternidade, sem amor, sem respeito, sem comunicação de irmãos para com irmãos. Por isso, Jesus ao organizar a igreja, instituiu o colégio apostólico, que foi uma comunidade, uma fraternidade de irmãos e apóstolos para que eles continuassem e pudessem também propagar o Reino de Deus e o evangelho”.

O bispo frisa que o tema da fraternidade, que estará nesta nova encíclica do Papa, sempre foi anunciada e pregada desde os primórdios da igreja até os dias de hoje. “Sem fraternidade é impossível vivermos o evangelho porque a identidade do Evangelho e a palavra de Jesus, é o amor e a fraternidade”.

Viagem para Assis

Para Dom Ubiratan, a escolha de Assis, terra de São Francisco, para o lançamento desta nova encíclica se deve pelo fato de São Francisco de Assis ter sido o arauto e pregador da paz, além de um anunciador da fraternidade universal. 

“São Francisco vivia em comunhão e fraternidade com os irmãos, com os doentes, com as pessoas de todas as classes, mas vivia também fraternidade com os seres da natureza”. O bispo observa que, para o santo, a natureza não era uma inimiga para ser vencida e destruída, mas sim um dom de Deus para ser utilizada e também respeitada.

Esta será a quarta visita do Papa a Assis, após as etapas de 4 de outubro de 2013 e a dupla visita de 2016, 4 de agosto e 20 de setembro

Viver a fraternidade

Dom Ubiratan acredita que a encíclica exortará os cristãos a colocarem em prática a fraternidade no mundo. “Todos devem viver aquilo que Jesus ensinou há 2000 anos atrás: ‘Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei’”. O frade capuchinho complementa afirmando que não existe maior amor do que aquele que dá a vida para salvar seus amigos.

É preciso colocar em prática a fraternidade através de gestos concretos, não só pela verbalização, pelo discurso, mas também por meio de gestos de amor, de ternura, de serviço gratuito, respeito pelas pessoas, pelas diversas raças e culturas, defende o bispo. “Colocar em atos concretos o que Jesus nos ensinou através do relacionamento interpessoal”.

Para Dom Ubiratan, todos serão beneficiados com essa encíclica, não só as igrejas cristãs e católicas, mas todos os povos. “Porque o fato de sermos criaturas de Deus e termos a mesma origem e o mesmo criador, é sinal de que somos irmãos da mesma origem”.

 

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