ARTIGO

Avós são testemunho de amor e ternura, afirma Dom Neri

No Dia de Sant’Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus, bispo de Juína (MT) destaca a sabedoria dos avós 

Dom Neri José Tondello*

Foto: Paolo Bendandi na Unsplash

A sabedoria dos avós: testemunho de amor e ternura

“Na velhice não me abandones” (Sal 71,9).

Querido vovô e querida vovó, como todos nós, também Jesus teve São Joaquim e Sant’Ana como avós, porque são os pais de Maria, a Mãe de Jesus. A presença dos avós em nossa vida dá a sequência natural da transmissão da vida, de geração em geração. Para além desta prerrogativa, os avós são alegria, ternura, bondade e sabedoria somada ao longo dos anos e adquirida com a própria experiência.

Como a vida ensina, os avós aprendem e guardam o conhecimento, transformando-os em mestres da sucessão do conhecimento. Não reservam para si, antes partilham através de seu próprio jeito de ser e de viver. A paciência, outra característica dos avós, leva a uma vida longa e feliz. A sabedoria dos ancestrais é repassada nas rodas de amigos e familiares, contada de maneira falada.

Entre os povos originários, os povos indígenas, bem como os povos ribeirinhos, esta prática continua como fonte universal de conhecimento. Mitologia, lendas e histórias são contadas ao redor do fogo. Contaram-me, nesta semana, os ribeirinhos que ainda fazem esta prática ecoar como bem viver nesta Querida Amazônia. Apagam as luzes das casas, acendem o fogo no centro da comunidade, e os avós são os convidados especiais para contar as histórias antigas para as novas gerações. Os jovens e as crianças, por sua vez, escutam com reverência e respeito. Fazem perguntas e o livro da vida se abre em todas as páginas.

O lugar dos avós é o lugar do amor, do respeito, da nossa reverência. É tempo de amá-los e cuidá-los enquanto ainda é tempo. Dizer obrigado aos avós, abraçá-los e viver para nós mesmos. Amanhã, tão logo, seremos eles de hoje. Parabéns, querido vovô e querida vovó. Perdoem-nos pelo descaso, pelo abandono. Superemos a indiferença e a sociedade que descarta os sábios que fazem a história. Não permita Deus que os deixemos sós ao seu ocaso; antes, sejamos próximos na verdadeira amizade e respeito.

“Neste IV Dia Mundial a eles dedicado, não deixemos de mostrar a nossa ternura aos avós e aos idosos das nossas famílias, visitemos aqueles que estão desanimados e já não esperam que seja possível um futuro diferente. À atitude egoísta que leva ao descarte e à solidão, contraponhamos o coração aberto e o rosto radioso de quem tem a coragem de dizer ‘Não te abandonarei!’ e de seguir um caminho diferente.” 

(Papa Francisco – 2024)

Abraços do coração,

/Foto: Diocese de Juína

Dom Neri José Tondello é bispo de Juína (MT). Nasceu em 24 de março de 1964, em Antônio Prado (RS). Foi ordenado padre em 18 de abril de 1993, em Antônio Prado (RS), na Diocese de Caxias do Sul. Foi nomeado bispo em 12 de novembro de 2008.

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