Nota foi emitida juntamente com o Regional Norte 2 da CNBB; bispos se solidarizaram com familiares das 57 vítimas do massacre
Da redação, com Arquidiocese de Belém
Nesta segunda-feira, 29, confrontos entre membros de facções rivais na unidade prisional de Altamira deixaram 57 mortos. Segundo a Superintendência dos Serviços Penitenciários do Estado, a revolta interna durou pelo menos 5 horas e eclodiu por volta das 7h da manhã.
Diante do massacre, a Arquidiocese de Belém, junto ao Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiu uma nota sobre a “tragédia no Presídio Regional de Altamira”. Confira a nota na íntegra:
Arquidiocese de Belém
Assessoria de Comunicação Social
Nota sobre a violência
Tragédia no Presídio Regional de Altamira
30 de Julho de 2019
“Considerando a tragédia acontecida no presídio Regional de Altamira, no dia 29 de julho, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Regional Norte 2 e a Arquidiocese de Belém vem a público manifestar repúdio a toda e qualquer forma de violência e desrespeito à dignidade humana.
O evento, lamentavelmente, não está isolado e é mais um grito clamoroso acusando a ineficiente gestão dos presídios brasileiros caracterizada por fugas, rebeliões, tensão, ociosidade, péssimas estruturas, superlotação e negligência pedagógica.
Repudiamos a “cultura do encarceramento em massa”, bem como, a “ideologia da repressão” em vez da promoção da “cultura preventiva” dentro e fora dos presídios.
Por outro lado, bem sabemos, a cultura repressiva não tem consistência para, de forma isolada, dar resposta à gravidade e amplitude das causas da violência que são múltiplas e profundas.
Reiteramos a necessidade da promoção de políticas públicas integradas e a urgência da promoção da preventividade, sobretudo por meio de programas sociais voltados para o apoio à família, infância e juventude.
Inspirados nas atitudes de Jesus Cristo, que tratou a todos com o máximo respeito, renovamos o nosso compromisso de presença diferenciada nas unidades prisionais através da Pastoral Carcerária.
A promoção da justiça não combina com a violência. Por isso, Deus não deseja a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva (cf. Ez 18, 23). Para isso precisamos de um Sistema Penal à altura da dignidade humana para que a mais profunda remissão aconteça na mente e no coração de cada detento.
É preciso que continuemos a sonhar por mudanças como nos pede a Palavra de Deus: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12, 2).
Que o sangue derramado nos presídios seja semente de um sistema penal mais humano e coerente com a dignidade da pessoa humana!
A todos chegue a nossa benção de paz.”
Bernardo Johannes Bahlmann
Bispo da Diocese de Óbidos – PA
Presidente da CNBB Norte 2
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
Vice-Presidente da CNBB Norte 2
Dom Irineu Roman
Bispo Auxiliar de Belém do Pará
Secretário da CNBB Norte 2
Dom Antônio de Assis Ribeiro
Bispo Auxiliar de Belém do Pará