Cardeal Becciu explica que beatificações não podem ser substituídas por cerimônias virtuais
Da Redação, com Vatican News
As cinco cerimônias de beatificação programadas para maio e junho deste ano pela Congregação das Causas dos Santos foram adiadas para uma data a ser definida por causa da pandemia de coronavírus. A notícia foi divulgada pelo prefeito do organismo vaticano, Cardeal Angelo Becciu.
“Um grande sofrimento, sobretudo para as comunidades eclesiais que se preparavam para a grande festa do povo”, disse o cardeal ao Vatican News. “É difícil pensar numa ‘adaptação’ simplesmente por streaming, teria sido um retrocesso”, observou o responsável do dicastério, enfatizando que “o processo de beatificação começa do povo, da aclamação que testemunha a ‘fama de santidade’ da pessoa, ou seja, a opinião comum do povo segundo o qual a vida do novo beato era rica de virtudes cristãs, fecundidade apostólica e morte edificante”.
A decisão é sofrida, mas necessária por causa das precauções a serem tomadas na Fase 2 da luta contra a epidemia e partilhada pelas comunidades locais e pela Santa Sé. “Foram as comunidades diocesanas, considerada a situação e o prolongamento das condições que proíbem as reuniões populares, que pediram para adiar as celebrações, embora com grande desagrado”, disse o Cardeal Becciu.
“Quando, na Igreja local, se celebra uma beatificação, há uma grande participação popular, milhares e milhares de pessoas, com a necessidade de uma preparação minuciosa, sobretudo espiritual, a fim de redescobrir a figura do novo beato ou mártir”, frisou o purpurado. Em uma situação de isolamento e distanciamento físico, isso se torna difícil. “Eis porque a decisão de adiar solicitada pelos bispos e partilhada pela Santa Sé. Por enquanto, cinco beatificações foram adiadas. Não se excluem outros adiamentos. Acompanhamos a evolução da pandemia e as medidas relacionadas a ela”, sublinhou o prefeito da Congregação das Causas dos Santos.
Cardeal Stefan Wyszyński, custódio da Igreja polonesa
Dentre as figuras mais conhecidas que serão beatificadas mais tarde, está o Cardeal Stefan Wyszyński, cuja cerimônia estava marcada para 7 de junho próximo. O Primaz da Polônia, que desde 1948 também governou as dioceses de Varsóvia e Gniezno, trabalhou muito para preservar e nutrir a fé de seu povo e da Igreja na Polônia durante os anos mais difíceis de opressão do regime comunista, com o qual tratou várias vezes com o objetivo de não exacerbar o conflito. Ele também é considerado o pai espiritual e o precursor da obra de São João Paulo II.
Os outros futuros beatos: religiosos, mártires e leigos
A primeira que deveria ser beatificada, em ordem cronológica, com uma cerimônia prevista para o sábado, 9 de maio, em Lecco, é a irmã Lúcia da Imaculada Conceição, religiosa professa do Instituto das Servas da Caridade, um exemplo na assistência aos pobres e doentes no hospital e também a domicílio, lembrada por todos por sua capacidade de transformar as amarguras em sorrisos.
Em 16 de maio, em Soccavo, Nápoles, teria subido às honras dos altares Maria Luigia do Santíssimo Sacramento, fundadora do Instituto das Irmãs Franciscanas Adoradoras da Santa Cruz, que se dedicou particularmente na educação dos jovens e era chamada em vida de a “monja santa”.
No dia 23 de maio, deveria ser beatificado Cayetano Giménez Martìn, sacerdote proveniente de Alfornòn, e 15 companheiros entre religiosos e leigos, destinados a enriquecer as fileiras de mártires causadas pela Guerra Civil Espanhola. Eles foram perseguidos por pertencerem à Igreja e a Jesus e mortos por ódio à fé.
Por fim, em 14 de junho deveria ser beatificada em Riccione a jovem leiga Sandra Sabattini, discípula espiritual de dom Benzi e de sua Comunidade Papa João XXIII, morta aos 23 anos.