Em audiência com os participantes do evento organizado pela Pontifícia Academia das Ciências, Papa lembrou do fato de que os conflitos, a guerra, estão precisamente na raiz das crises humanitárias
Da redação, com Vatican News
Afeganistão, Iêmen, Haiti, República Democrática do Congo e, em seguida, Senegal, Chade e a região do deserto do Sahel. Estes são alguns dos países representados, juntamente com instituições como a FAO, o Programa Mundial de Alimentos e fundações como a Rockefeller, na Conferência da Pontifícia Academia das Ciências sobre “Crises alimentares e humanitárias: ciência e políticas para sua prevenção e mitigação”, que se concluiu esta quarta-feira, 10, na Casina Pio IV, no Vaticano, e cujos participantes foram recebidos na parte da manhã pelo Papa Francisco.
Participaram do evento não apenas cientistas e especialistas, mas também pessoas que vivenciam crises humanitárias na pele e seus representantes. “Talvez tenha chegado a hora de ouvir as pessoas que vivem nessas situações”, explicou o Cardeal Peter Turkson, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências e da Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
“Como o Papa Francisco nos lembra, às vezes não se entendem completamente essas estatísticas que falam de milhões de pessoas, se não se reconhece o fato de que se trata de pessoas e vidas humanas. Essa foi a particularidade desse evento”, enfatizou o purpurado, “o fato de ter pessoas que vivem essas situações diariamente, que ajudam a dar alívio a elas, ou os órgãos mundiais que as facilitam”.
Turkson: o comércio de armas retira recursos da sociedade
Elas foram acompanhadas por cientistas e membros da Academia, que ouviram essas pessoas, lançaram suas propostas e soluções e também explicaram como promover discussões sobre essas questões em nível governamental. “Foi uma conferência muito rica”, disse o Cardeal Turkson.
“Falamos sobre isso com o Papa, que nos explicou a diferença entre conflito e crise.” “Crise é algo que não se resolve por si só”, ele nos disse, “mas sempre deve haver um esforço de grupo para resolver uma crise e que de uma crise só se sai melhor”. “Em seguida, o Papa também nos lembrou do fato de que os conflitos, a guerra, estão precisamente na raiz desta situação de tristeza e crises humanitárias”, e que “se o mundo conseguisse parar a fabricação de armas por apenas um ano, não haveria mais situações de crise no mundo. Apenas um ano”. Isso, explicou Turkson, “nos faz pensar em algo que o presidente estadunidense, Eisenhower, disse. Quantos quilômetros de estradas asfaltadas, quantas casas para os sem-teto em vez de uma bomba atômica? Quanto subtraem do que poderia ser útil para a sociedade?”.
Após o discurso do Papa, cada um dos participantes teve alguns segundos para dizer o que tinha a peito. Portanto, foi uma audiência não apenas para líderes, mas para todos. Foi uma belíssima ocasião”.