A teologia deve ser capaz de fazer-se companheira de estrada das ciências e de todo o conhecimento crítico, para que as diferentes culturas não entrem em conflito, disse o Papa
Da redação, com Vatican News
A teologia é de fato um ministério eclesial valioso, do qual precisamos. Em primeiro lugar, porque faz parte da fé católica dar razão da esperança a qualquer um que a peça. E sabemos que a esperança não é uma emoção ou um sentimento, mas a própria pessoa de Jesus, o caminho, a verdade e a vida. Foi o que disse o Papa aos membros da Rede Internacional das Sociedades de Teologia Católica, recebidos por Francisco na manhã desta sexta-feira (10/05), no Vaticano.
O Papa quis inicialmente agradecer-lhes pelo trabalho interdisciplinar que realizam com projetos de pesquisa e congressos, incentivando o ecumenismo, o diálogo com outras religiões e visões de mundo.
Em seguida, ressaltou que a teologia é preciosa nos tempos de mudança em que vivemos, em sociedades multiétnicas em constante mobilidade, com a interconexão de diferentes povos, línguas e culturas, para ser orientada, com consciência crítica, para a construção de uma coexistência em paz, solidariedade e fraternidade universal e para o cuidado de nossa casa comum.
Fidelidade à tradição, transdisciplinaridade e colegialidade
Além disso, acrescentou o Santo Padre, precisamos da teologia porque os desafios impostos pelo progresso tecnocientífico – pensemos na inteligência artificial – nos obrigam hoje a “nos reunirmos” para entender o que é humano, o que é digno do homem, o que no homem é irredutível, porque divino, ou seja, imagem e a semelhança de Deus em Cristo.
A teologia deve ser capaz de fazer-se companheira de estrada das ciências e de todo o conhecimento crítico, oferecendo sua própria contribuição sapiencial, para que as diferentes culturas não entrem em conflito, mas, em diálogo, se tornem sinfonia.
Em seguida, o Pontífice indicou três diretrizes de desenvolvimento para a teologia: fidelidade criativa à tradição, transdisciplinaridade e colegialidade. Esses são os “ingredientes” essenciais da vocação do teólogo católico no coração da Igreja. Os teólogos, de fato, são como os exploradores enviados por Josué à terra de Canaã: eles devem descobrir os caminhos certos para a inculturação da fé, observou.
A teologia sapiencial é a teologia do amor
Sabemos que a tradição é viva. Portanto, ela deve crescer, encarnando o Evangelho em todos os cantos da terra e em todas as culturas. Porque o Evangelho anuncia o evento de Jesus que morreu e ressuscitou e é sabedoria de vida para todos: é o saber para a existência humana, cuja luz penetra nas fibras de toda a realidade investigada pelas ciências.
A transdisciplinaridade dos saberes não é, portanto, uma moda do momento, mas uma exigência da ciência teológica: de fato, ela “escuta” as descobertas de outros saberes para aprofundar as doutrinas da fé, enquanto oferece a sabedoria cristã para o desenvolvimento humano das ciências. A responsabilidade por essa árdua tarefa também implica a colegialidade e a sinodalidade do caminho de pesquisa, explicou Francisco, que em seguida concluiu:
“Bento XVI pediu, com razão, a todas as ciências que ampliassem os limites da racionalidade científica em um sentido sapiencial. Essa ampliação deve ocorrer também na teologia, para que seja um saber crítico para a vida de cada ser humano e do Povo de Deus, unindo ciência e virtude, razão crítica e amor. Pois a fé católica é a fé que atua pela caridade, caso contrário é uma fé morta. A teologia sapiencial é, portanto, a teologia do amor, pois “quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4,8).”