NATAL DO SENHOR

“A partir do encontro com Cristo, a paz frutifica no coração”, afirma padre

Refletindo sobre o mistério do Natal, padre Sidney Dias explica que a paz anunciada pelos anjos no nascimento de Jesus é diferente da paz que o mundo promete

Gabriel Fontana
Da Redação

A imagem é o recorte de uma pintura que retrata o nascimento de Jesus Cristo. Além do Menino Jesus na manjedoura, é possível ver sua mãe, a Virgem Maria, e sete anjos o contemplando.

Foto: Wikimedia Commons

“Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado” (Lc 2,14). O canto entoado pelos anjos após o anúncio do nascimento do Menino Jesus aos pastores que estavam no campo cita um dos anseios mais profundos do ser humano: a paz.

O menino que nasceu em Belém e cresceu em Nazaré, após o início do seu ministério público, certa vez disse aos seus discípulos: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou. Não se perturbe, nem se atemorize o vosso coração” (Jo 14,7). A paz é um dom de Deus, anunciada desde o nascimento de Seu Filho.

A imagem ilustra um padre católica branco, de cabelo escuro e curto, com vestes litúrgicas vermelhas e um microfone na ão esquerda.

Padre Sidney Dias / Foto: Paróquia São Sebastião via Instagram

Missionário da Comunidade Canção Nova, padre Sidney Dias destaca, porém, o trecho em que Cristo diz que não dá a paz como o mundo promete. Em meio a uma história marcada por diversos conflitos e pela violência, é natural o desejo de que todos possam viver em paz – e de que isso seja alcançado por meio do fim das guerras e das desigualdades.

Plenitude e reconciliação

O sacerdote explica que, nas Sagradas Escrituras, a palavra usada para referir-se à paz é “shalom”. Este termo tem como significado plenitude, harmonia e reconciliação. “Portanto, essa paz nasce do fato de que só em Jesus, e em Jesus, Deus Se reconciliou com a humanidade. Deus trouxe a salvação à humanidade”, salienta.

“Com o nascimento do Menino Jesus”, prossegue padre Sidney, “o céu e a terra se reencontram, se reconciliam, e o homem volta a ter acesso a essa comunhão plena com Deus”. A paz anunciada pelos anjos no nascimento de Jesus é uma paz que brota da graça, restaurando a relação do homem com Deus e reorganiza toda a vida humana a partir da Encarnação do Verbo Divino, que inaugura a plenitude dos tempos.

Viver no Espírito

A paz proclamada pelo coro celeste, portanto, é a presença de Cristo. Recordando a Carta aos Gálatas, na qual São Paulo cita a paz como um dos frutos do Espírito Santo (Gl 5,22), o missionário vai além e indica que, se Jesus deixou a sua paz aos homens como um dom, é o Espírito Santo que faz esse dom frutificar no coração humano.

“Ou seja, a partir do encontro com o Cristo, que é a nossa paz, essa paz frutifica no coração daquele que a encontra”, detalha padre Sidney. Viver no Espírito significa viver em paz. A paz do Espírito é a paz de Cristo amadurecida na vida concreta, na vida ordinária, mesmo em meio às tribulações da vida. Portanto, não é uma fuga do sofrimento, mas é uma estabilidade interior fundada na presença de Deus”, complementa.

Tal experiência leva o homem a sair do desejo “superficial” pela paz e o conduz a uma transformação do coração. “Sem a conversão pessoal”, pontua o missionário, “mesmo os melhores acordos entre as nações permanecem frágeis”. Se a paz do mundo, que é a ausência de guerras, violências e injustiças, é expressão do anseio humano, a paz do Senhor é o fundamento para que isso se concretize.

“Sem a paz de Cristo não há paz. Onde Cristo reina se tornam possíveis relações mais justas, sociedades mais humanas e até mesmo esforços sinceros pela paz externa”, expressa padre Sidney.

Paz e esperança

O sacerdote recorda ainda o Jubileu vivido pela Igreja ao longo do último ano, cujo elemento central foi a esperança. Ele destaca que a esperança cristã não é um otimismo vazio, baseado em um sentimento de coração, mas é uma certeza de que Deus é fiel. Sendo assim, a esperança é capaz de gerar paz.

“A esperança é Cristo Jesus. Quando nós nos encontramos com ele, é gerada a paz como fruto do Espírito, porque a esperança nos livra do desespero, nos impede de viver reféns de um medo do futuro e nos ancora na certeza de que o Senhor vem para nos salvar”, manifesta padre Sidney.

Quem espera em Deus, acrescenta o missionário, consegue descansar no Senhor mesmo em tempos difíceis. “Podemos dizer que a paz é um clima interior de quem espera no Senhor. No Jubileu, nós voltamos a aprender que é necessário confiar sempre em Deus e permitir que Ele restaure aquilo que nos foi ferido. Então, onde a esperança é viva, a paz floresce”, conclui.

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