Presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, Dom Joseph Arshad, fala à mídia vaticana sobre ataques contra cristãos no país e pede justiça
Da Redação, com Vatican News
Católicos protestam contra a violência em Karachi. Cartaz no canto inferior direito carrega inscrição “nós queremos justiça”, em inglês. / Foto: REUTERS/Akhtar Soomro
Ainda que abalada e sofrendo muito, a comunidade cristã no Paquistão ainda, é pacífica, exprimiu o presidente da Conferência Episcopal do Paquistão e arcebispo de Islamabad-Rawalpindi, Dom Joseph Arshad. Ele concedeu uma entrevista à mídia vaticana falando sobre a situação dos católicos no país e o dia de oração pela paz promovido neste domingo, 20.
A ação é motivada pelos ataques de extremistas em Jaranwala na quarta-feira, 16, incendiando igrejas e casas, após dois cristãos terem sido acusados de blasfêmia e profanação do Alcorão. Eles foram presos, e após os ataques, 129 muçulmanos também foram detidos. Neste sábado, 19, os cristãos organizaram uma procissão com tochas na cidade paquistanesa de Karachi para condenar os ataques.
“Convocamos esse dia de oração porque precisamos rezar pelo Paquistão. Precisamos rezar pelo que está acontecendo em nossa sociedade. Precisamos rezar pelas vítimas, por aqueles que tiveram de deixar seus lares e agora estão angustiados, com dor e sofrimento”, justificou Dom Joseph Arshad. Ele comenta que foi até a região dos ataques e presenciou o sofrimento das pessoas.
Impunidade
O arcebispo relata que 21 igrejas foram queimadas, católicas e de outras denominações cristãs, e que muitas pessoas precisaram fugir. Além disso, “bíblias foram queimadas. Cruzes foram queimadas. É muito doloroso ver isso”, comentou.
Dom Joseph Arshad também indicou que o problema do Paquistão está no abuso das leis e na justiça feita pelas próprias pessoas. “O respeito pela religião dos outros deve ser promovido. (…) E, é claro, o governo deve aplicar penalidades severas para levar as pessoas que cometeram esses atos à justiça. Caso contrário, como em todos os incidentes ocorridos no Paquistão no passado, as multidões atacaram, mas a justiça não foi feita. É por isso que isso aconteceu novamente. Se tivesse havido um exemplo no passado, isso poderia ter sido evitado”, manifestou.
O religioso também registrou o apoio de alguns muçulmanos com as vítimas dos ataques. “Eles estão vindo até nós e oferecendo suas condolências. Até mesmo o primeiro-ministro anunciou que tomará medidas rigorosas e levará essas pessoas à justiça, e o governador de Punjab também sabe disso”, declarou.
Notícias Relacionadas
Órgãos de direitos humanos solicitam libertação de Dom Rolando Álvarez
Papa faz apelo pela paz no Níger e para povos feridos pela guerra
Igrejas no Paquistão são incendiadas com aumento da intolerância
Nicarágua: confiscados os bens da universidade da Companhia de Jesus
Igrejas e casas de cristãos são atacadas e incendiadas no Paquistão
