Solidariedade

RS: temos uma comunidade unida, diz padre sobre ajuda em enchentes

Após tragédia das enchentes no ano passado, cidades do Rio Grande do Sul voltaram a sofrer com  persistentes chuvas que atingem a região desde o dia 14 de junho

Kelen Galvan
Da redação, com colaboração de Lorena Araújo

Ruas alagadas em Eldorado do Sul; foto tirada nesta terça-feira, 1º de julho / Foto: Padre Fabiano Glaeser

Pouco mais de um ano após a tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul, o estado voltou a sofrer em consequência das persistentes chuvas que atingem a região desde o dia 14 de junho. Desta vez, 155 municípios registraram algum impacto e cerca de dez mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas. A Defesa Civil do estado confirmou a morte de cinco pessoas.

Dom Leomar Brustolin / Foto: Reprodução instagram

O presidente do Regional Sul 3 da CNBB, Dom Leomar Brustolin, arcebispo de Santa Maria, publicou um vídeo no Instagram, logo nos primeiros dias de enchentes, afirmando que a Igreja está unida com cada um que está passando novamente por essa provação. “Mais uma vez nossa terra está sendo provada com as chuvas. Muitas famílias perderam suas casas, pontes caíram, estradas foram bloqueadas, e há um certo desânimo. Mas eu quero neste momento falar ao seu coração: ‘você não está sozinho, a Igreja está com você'”, disse Dom Leomar.

Ele destacou que é hora de renovar a solidariedade, de “dar as mãos e cuidar uns dos outros”. “Se a provação é grande, Deus é maior. Jesus Cristo caminha conosco, mesmo no meio da lama e da tristeza. Eu peço que confiem, que tenham fé, e deixem que a esperança brote novamente, com a força que vem do Alto”, enfatizou, e motivou o povo gaúcho a confiar-se, mais uma vez, à padroeira do estado, Nossa Senhora Medianeira.

Em maio de 2024, enchentes devastadoras afetaram 96% das cidades gaúchas (478 das 497 cidades) causando inundações, deslizamentos de terra, deixando mais de 2 milhões de desabrigados. Após um ano desta tragédia, muitas famílias ainda lutam para reconstruir suas vidas. Entre os municípios que foram mais atingidos estavam Porto Alegre, Canoas, Roca Sales e Eldorado do Sul.

Padre Fabiano Glaeser dos Santos, pároco da Paróquia Nossa Senhora Medianeira na cidade de Eldorado do Sul, conta que, desde 2015, a cidade vive esse drama de constantes enchentes, em torno de duas ou três vezes por ano, e agora uma nova enchente. A cidade é cercada por dois rios: o Jacuí e o Guaíba, e não há diques ou outro sistema de proteção.

Padre Fabiano Glaeser / Foto: Arquivo Pessoal

“Atualmente há cerca de 3600 pessoas fora de casa em Eldorado do Sul. Saíram com medo de que a água entrasse dentro de casa. Mas, apesar dessa problemática, nós temos uma comunidade bastante unida. Aqui os moradores se unem, ajudando uns aos outros”, destaca o sacerdote. Ele explica que no salão paroquial de sua comunidade, estão sendo preparados almoço e janta todos os dias para estas pessoas desabrigadas.

Padre Fabiano conta que nesses momentos chegam muitos voluntários de outras cidades para ajudar nos trabalhos e também levar doações. “Nós recebemos sempre muitas doações de alimentos e roupas para ajudar a população carente. Isso é algo que fortalece a fé, que toca o coração”.

Agravante: frio intenso

Além das enchentes, o sacerdote destaca que a região tem enfrentado frio intenso nas últimas semanas, o que “piora a situação”. Algumas cidades registraram temperaturas negativas e, de acordo com o Centro de Monitoramento da Defesa Civil do estado o frio deve se intensificar nos próximos dias. Contudo, as chuvas devem perder força e o tempo voltar a ficar estável. 

Para o presidente do Regional Sul 3 da CNBB, está na hora de unir forças e repensar os próprios hábitos. “Passou-se um ano e nós ainda não mudamos nosso estilo de vida. Quantas vezes vamos ter que enfrentar isso. Vamos todos nos envolver para mudar esta realidade. Isso depende da população, depende dos governos, depende de cada pessoa e de todos nós, e das instituições também, como a Igreja”, afirmou Dom Leomar.

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