Em sua homilia na Missa pelo Jubileu do Esporte neste domingo, 15, Leão XIV refletiu sobre efeitos do esporte na formação humana e cristã
Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV durante sua homilia na Missa pelo Jubileu do Esporte / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect
O Papa Leão XIV presidiu a Missa da Solenidade da Santíssima Trindade e do Jubileu do Esporte neste domingo, 15, na Basílica de São Pedro. Segundo a Santa Sé, a celebração contou com a participação de 6,5 mil fiéis.
No início de sua homilia, o Pontífice citou Santo Agostinho, para quem a Santíssima Trindade está intimamente ligada à sabedoria. “A sabedoria divina se revela na Santíssima Trindade, e a sabedoria sempre nos conduz à verdade”, afirmou o Santo Padre.
Traçando um paralelo entre a Santíssima Trindade e o esporte, Leão XIV comentou que toda boa atividade humana carrega consigo um reflexo da beleza de Deus. “Afinal, Deus não é estático, nem está fechado em si mesmo. É comunhão, relação viva entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se abre à humanidade e ao mundo”, expressou.
Segundo o Papa, a vida brota deste dinamismo divino – o ser humano foi criado por um Deus que Se compraz e Se alegra em dar a existência às suas criaturas. “Eis a razão pela qual o esporte pode nos ajudar a encontrar o Deus Trino: porque exige um movimento do eu para o outro, que é certamente exterior, mas também e sobretudo interior. Sem isso, ele se reduz a uma estéril competição de egoísmos”, sinalizou.
Colaboração, proximidade e esperança
O Pontífice recordou, na sequência, uma fala de São João Paulo II, que foi um esportista: “o esporte é alegria de viver, de brincar, de festejar, e como tal deve ser valorizado”. Além disso, o Santo Padre observou que o esporte leva o atleta a se doar – para o próprio crescimento, para os torcedores, para os entes queridos, para os treinadores, para os colaboradores, para o público e até mesmo para os adversários.
Na sequência, Leão XIV destacou três aspectos que tornam o esporte um meio precioso de formação humana e cristã. O primeiro deles é ensinar o valor da colaboração, sobretudo em uma sociedade marcada pelo individualismo exagerado. Desta forma, o esporte configura-se como um instrumento importante de recomposição e de encontro entre os povos, nas comunidades, nos ambientes escolares e profissionais e nas famílias.
O segundo ponto é a valorização da proximidade, especialmente diante das tecnologias que têm tornado a sociedade cada vez mais digital e muitas vezes afastam os que estão próximos. “Assim, contra a tentação de fugir para mundos virtuais, o esporte ajuda a manter um contato saudável com a natureza e com a vida concreta, único lugar onde é possível exercer o amor”, enfatizou Leão XIV.
Por fim, o esporte também ensina a perder, colocando o homem frente a frente com sua imperfeição e seus limites. “É a partir da experiência dessa fragilidade que nos abrimos à esperança. O atleta que nunca erra, que nunca perde, não existe. Os campeões não são máquinas infalíveis, mas homens que, mesmo derrotados, encontram a coragem para se reerguer”, reiterou o Papa.
“Ninguém nasce campeão”
O Pontífice também lembrou que o esporte teve papel significativo na vida de muitos santos contemporâneos, tanto como prática pessoal quanto como meio de evangelização. Neste sentido, recordou o Beato Pier Giorgio Frassati, que será canonizado no dia 7 de setembro.
“A sua vida, simples e luminosa, recorda-nos que assim como ninguém nasce campeão, ninguém nasce santo. É o treinamento diário do amor que nos aproxima da vitória definitiva e nos torna capazes de trabalhar pela construção de um mundo novo”, declarou.
Citando São Paulo VI, o Santo Padre recordou um discurso de seu predecessor, 20 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, aos membros de uma associação esportiva católica. Na ocasião, o Papa refletiu sobre quanto o esporte tinha contribuído para trazer de volta a paz e a esperança a uma sociedade devastada pelas consequências da guerra.
“Caros desportistas, a Igreja confia a vocês uma missão maravilhosa: ser reflexo do amor de Deus Trino em suas atividades, pelo bem de vocês e pelo bem dos irmãos. Deixem-se envolver com entusiasmo por esta missão: como atletas, como formadores, como sociedade, como grupos, como famílias”, manifestou Leão XIV.
O Papa encerrou sua homilia convidando todos a pedirem à Virgem Maria que “acompanhe as nossas iniciativas e os nossos esforços, orientando-os sempre para o melhor, até à vitória definitiva: a da eternidade, o ‘campo infinito’ onde o jogo não terá fim e a alegria será plena”.
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