Catequese

Sem pressa e egoísmo, olhar o próximo com compaixão, pede Leão XIV

Papa continuou o ciclo de catequeses sobre as parábolas do Evangelho e nesta quarta-feira, 28, refletiu sobre o Bom Samaritano

Da Redação, com Vatican News

Foto: REUTERS/Remo Casilli

Nesta quarta-feira, 28, cerca de 40 mil fiéis ouviram o Papa Leão XIV meditar sobre mais uma parábola do Evangelho. Em sua segunda Catequese, o Pontífice prosseguiu com o ciclo de catequeses jubilares – iniciada pelo Papa Francisco, sobre algumas parábolas, com o tema “Jesus Cristo, nossa esperança”, em consonância com o Ano Santo em vigor.

“A falta de esperança, por vezes, deve-se ao fato de estarmos fixados numa certa forma rígida e fechada de ver as coisas, e as parábolas nos ajudam a vê-las de outro ponto de vista”, disse o Santo Padre logo no início da sua reflexão.

Bom Samaritano

A parábola usada desta vez por Leão XIV foi uma das mais famosas de Jesus, a do Bom Samaritano (ver Lc 10,25-37), quando um doutor da Lei que, centrado em si mesmo e sem se preocupar com os outros, interroga Jesus sobre quem é o “próximo” a quem deve amar. O Senhor procura mudar a ótica contando a parábola que “é uma viagem para transformar a questão”: não se deve perguntar quem é o próximo, mas fazer-se próximo de todos os que necessitam.

O cenário da parábola, prosseguiu o Papa, é “o caminho percorrido por um homem que desce de Jerusalém, a cidade sobre o monte, para Jericó, a cidade abaixo do nível do mar”, um caminho “difícil e intransitável, como a vida”. Durante o percurso, aquele homem “é atacado, espancado, roubado e deixado meio morto”. Uma experiência que, segundo o Pontífice, é vivida diariamente no encontro com o outro, com a sua fragilidade.

“Podemos decidir cuidar das suas feridas ou passar longe”, enfatizou. “A vida é feita de encontros, e nesses encontros nos revelamos quem somos. Encontramo-nos perante o outro, perante a sua fragilidade e a sua fraqueza, e podemos decidir o que fazer: cuidar dele ou fingir que nada acontece.”

Compaixão é uma questão de humanidade

Um sacerdote e um levita, que “vivem no espaço sagrado”, passam pelo mesmo caminho. No entanto, “a prática do culto não leva automaticamente à compaixão”, recordou Leão XIV, porque “antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade! Antes de sermos crentes, somos chamados a ser humanos”.

Muitas vezes, a pressa, tão presente na vida das pessoas, também pode impedi-las de experimentar a compaixão, alertou o Santo Padre. Sentimento que deve ser expresso em gestos concretos. “Aquele que pensa que a sua própria viagem deve ter prioridade não está disposto a parar por um outro”, alertou o Pontífice, diversamente do samaritano que se fez próximo daquele que estava ferido.

“Este samaritano para simplesmente porque é um homem perante um outro homem que precisa de ajuda. A compaixão é expressa através de gestos concretos. O evangelista Lucas detém-se nas ações do samaritano, a quem chamamos ‘bom’, mas que no texto é simplesmente uma pessoa: o samaritano se aproxima, porque se se quer ajudar alguém não se consegue pensar em manter a distância, é preciso envolver-se, sujar-se, talvez contaminar.”

Parar a viagem e ter compaixão

O Bom Samaritano toma conta dele, “porque realmente se ajuda quem está disposto a sentir o peso da dor do outro”, ressaltou Leão XIV, porque “o outro não é um pacote para ser entregue, mas alguém para cuidar”. Como Jesus faz com seus filhos, assim todos devem fazer com quem necessitada de auxílio, incentivou o Papa.

“Queridos irmãos e irmãs, quando é que nós também seremos capazes de parar a nossa viagem e ter compaixão? Quando compreendermos que aquele homem ferido na estrada representa cada um de nós. E então a recordação de todas as vezes que Jesus parou para cuidar de nós, vai nos tornar mais capazes de sentir compaixão. Rezemos, então, para que possamos crescer em humanidade, para que as nossas relações sejam mais verdadeiras e ricas em compaixão.”

Reportagem do vídeo acima de Danúbia Gleisser
Imagens de Daniele Santos e Leonardo Vieira

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo