Em Roma, Solenidade de Corpus Christi é celebrada neste domingo, 22; Papa presidiu a Santa Missa no átrio da Basílica de São João de Latrão
Julia Beck
Da redação

Foto: REUTERS/Remo Casilli
O Papa Leão XIV celebrou a Solenidade de Corpus Christi no átrio da Basílica de São João de Latrão, neste domingo, 22. Na Itália e em outros países do mundo, esta celebração acontece neste domingo. No Brasil, ela foi realizada na última quinta-feira, 19.
“É bom estar com Jesus”, disse o Santo Padre em sua homilia, ao recordar o trecho do Evangelho, que afirma que as multidões ficavam horas e horas com Jesus – “Ele falava do Reino de Deus e curava os doentes”.
O Pontífice frisou a compaixão de Deus com os sofredores e afirmou: “Quando Deus reina, o homem é liberto de todo mal”. Segundo ele, a “hora da prova” chega também para aqueles que recebem a Boa Nova, como foi o caso da multidão que sentia fome ao final daquele dia. A fome e o pôr do sol, explicou o Papa, são sinais de um limite que paira sobre o mundo.
“É nessa hora, no tempo da indigência e das sombras, que Jesus permanece entre nós – justamente quando o sol se põe e a fome aumenta (…). Enquanto os apóstolos pedem para despedir a multidão, Cristo tem misericórdia, tem compaixão dos famintos”, acrescentou.
De acordo com o Santo Padre, a fome não é uma necessidade alheia ao testemunho do Evangelho, ela também representa a relação do homem com Deus. No Evangelho, os pães e peixes não são suficientes para alimentar o povo, o cálculo dos discípulos demonstra falta de fé e Jesus tem o suficiente para dar força para a vida de todos, disse Leão XIV.
Partilha de Jesus
Perante o brado da fome, o Papa assinalou que Jesus responde com partilha: parte o pão e dá o que comer a todos os presentes. “O gesto do Senhor testemunha gratidão com o Pai” e “comunhão fraterna com o Espírito Santo”.
Depois que a multidão comeu até ficar saciada, ainda foram recolhidos 12 cestos com pães e peixes. O Santo Padre reforçou que esta é a lógica que salva o povo faminto: Jesus age segundo o estilo de Deus.
“Hoje, no lugar desta multidão descrita no Evangelho, estão povos inteiros humilhados pela ganância alheia, mais ainda do que pela própria fome (…). Diante da miséria de muitos e a acumulação de poucos, há sinal de uma soberba indiferente que produz dor e injustiça”, lamentou Leão XIV.
Neste Ano Jubilar, o exemplo do Senhor é de partilhar o pão para proclamar a esperança, sublinhou o Pontífice. “Ao salvar as multidões da fome, Jesus anuncia que salvará todos da morte (…). Este é o mistério da fé que celebramos no Sacramento da Eucaristia: partir o pão é sinal do dom divino da salvação. Cristo é a resposta de Deus diante da fome do homem. Seu corpo é o Pão da Vida Eterna”.
Unidade
“Fomos feitos para nos alimentarmos de Deus (…). Nossa natureza faminta é saciada pela graça da Eucaristia. Cristo é um pão que alimenta, que não falta, que comemos e não esgota. Ele transforma o pão em si mesmo para nos transformar nEle”.
Leão XIV recordou São Paulo, que afirmou que pelo Sacramento da Eucaristia se dá a unidade dos fiéis – um só corpo em Cristo, e todos são chamados a essa união. A procissão, parte importante desta solenidade, é sinal do caminho a Jesus. O Santo Padre recordou que nela, juntos, pastores e rebanho alimentam-se da Eucaristia.
“Levemos Jesus ao coração de todos, porque a todos ele envolve na obra da salvação (…). Felizes os convidados que se tornam testemunhas desse amor”, concluiu.
Após a comunhão, a Procissão Eucarística foi iniciada até a Basílica de Santa Maria Maior, onde será concedida a Benção Solene.