ENCONTRO ECUMÊNICO

Religião não pode ser usada para justificar violência, afirma Leão XIV

Durante o Encontro Ecumênico de Oração, em Istambul, o Papa criticou aqueles usam a Palavra de Deus para justificar a guerra e a violência que assolam o mundo

Thiago Coutinho
Da redação

O Papa Leão XIV participa da celebração ecumênica de oração perto das escavações arqueológicas da antiga Basílica de São Neófito / Foto: Yara Nardi – Reuters

Neste segundo dia de sua viagem apostólica ao Líbano, a primeira de seu pontificado, Leão XIV participou do Encontro Ecumênico de Oração, próximo às escavações arqueológicas da antiga Basílica de São Neófito em Iznik, Istambul.

Em seu discurso, o Sucessor de Pedro citou o 1.700º aniversário do Primeiro Concílio de Niceia, uma oportunidade “preciosa para nos perguntarmos quem é Jesus Cristo na vida das mulheres e dos homens de hoje e quem é Ele para cada um de nós”, como disse.

“Esta questão interpela particularmente os cristãos, que correm o risco de reduzir Jesus Cristo a uma espécie de líder carismático ou super-homem, uma deturpação que acaba por conduzir à tristeza e à confusão. Ário, ao negar a divindade de Cristo, reduziu-o a um simples intermediário entre Deus e os seres humanos, ignorando a realidade da Encarnação, de modo que o divino e o humano permaneceram irremediavelmente separados”, contextualizou o Papa.

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Ainda sobre o Concílio de Niceia, o Pontífice ressaltou que se tratou de um momento histórico que pode ser levado aos dias atuais: a fé que motiva as pessoas a seguirem adiante. “Era isto que estava em jogo em Niceia e está em jogo hoje: a fé no Deus que, em Jesus Cristo, se fez como nós para nos
tornar participantes da natureza divina”, ponderou.

Plena comunhão

Adiante, o Sucessor de Pedro explicou que a fé, para o cristão, essencial para buscar a plena comunhão. “Ela é partilhada, efetivamente, por todas as Igrejas e Comunidades cristãs no mundo, inclusive aquelas que, por várias razões, não utilizam o Credo Niceno-Constantinopolitano nas suas liturgias”, observou.

O Papa Leão XIV e o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I durante a celebração ecumênica / Foto: Reprodução Youtube

O Santo Padre lembrou também as dezenas de conflitos que afligem o mundo contemporâneo. “A reconciliação é hoje um apelo que vem da inteira humanidade afligida por conflitos e violência. O desejo de plena comunhão entre todos os que creem em Jesus Cristo é sempre acompanhado pela busca da fraternidade entre todos os seres humanos”, apontou o Pontífice.

Reforçou ainda que não é possível invocar Deus como Pai se a humanidade não reconhecer os outros homens e mulheres como irmãos e irmãs, também criados à imagem de Deus. “Existe uma fraternidade e sororidade universal, que não depende da etnia, nacionalidade, religião ou opinião. Por sua natureza, as religiões são depositárias desta verdade e deveriam encorajar as pessoas, os grupos humanos e os povos a reconhecê-la e a praticá-la”.

“O uso da religião para justificar a guerra e a violência, assim como qualquer forma de fundamentalismo e fanatismo, deve ser rejeitado com veemência”, exaltou Leão XIV, “enquanto os caminhos a seguir são os do encontro fraterno, do diálogo e da colaboração”, acrescentou.

Ao final de seu breve discurto, o Papa Leão XIV agradeceu Sua Santidade Bartolomeu, “que, grande sabedoria e visão, decidiu comemorar conjuntamente o 1.700º aniversário do Concílio de Niceia precisamente no local onde foi celebrado; e agradeço calorosamente aos Chefes das Igrejas e aos Representantes das Comunhões Cristãs mundiais que aceitaram o convite para participar neste evento”, finalizou.

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