O Sucessor de Pedro convidou os fiéis, na oração mariana do Angelus, a partilhar não só os bens materiais, mas também o tempo, a presença e a empatia
Da redação, com Vatican News

Leão XIV celebrou neste domingo, 10, da janela do apartamente pontifício, a oração mariana do Angelus / Foto: Vatican Media – Hans Lucas via Reuters Connect
Ao se dirigir aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro para o Angelus deste domingo, 10, o Papa Leão XIV refletiu sobre a passagem do Evangelho de Lucas, convidando os fiéis a se perguntarem como estão investindo o “tesouro” de suas vidas.
E precisamente dirigindo-se a eles, explicou que com esse convite Jesus nos exorta “a não guardar para nós os dons que Deus nos deu, mas a usá-los generosamente para o bem dos outros, especialmente daqueles que mais precisam da nossa ajuda”:
Trata-se não apenas compartilhar os bens materiais que possuímos, mas também colocar em jogo as nossas capacidades, o nosso tempo, o nosso afeto, a nossa presença, a nossa empatia. Em suma, tudo o que faz de cada um de nós, nos desígnios de Deus, um bem único e inestimável, um capital vivo e pulsante que, para crescer, precisa ser cultivado e investido; caso contrário, seca e perde valor. Ou acaba perdido, à mercê daqueles que, como ladrões, se apropriam dele para simplesmente transformá-lo em objeto de consumo.
O amor torna-nos semelhantes a Deus
E “o dom de Deus que somos não é feito para se exaurir dessa maneira”, mas “tem necessidade de espaço, de liberdade, de relação para se realizar e se expressar, tem necessidade de amor, o único que transforma e enobrece todos os aspectos da nossa existência, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Deus”. E não é por acaso, observou o Papa, que “Jesus pronuncia essas palavras a caminho de Jerusalém, onde se oferecerá na Cruz pela nossa salvação”. E completou:
“As obras de misericórdia são o banco mais seguro e rentável para confiar o tesouro da nossa existência, porque ali, como nos ensina o Evangelho, com “duas pequenas moedas”, até uma viúva pobre se torna a pessoa mais rica do mundo.”
E para ilustrar, cita Santo Agostinho que a esse propósito, diz: “O que é dado será transformado, porque quem dá será transformado”.
Não perder nenhuma oportunidade de amar
Para tornar mais claro o significado disso, o Santo Padre propõe como exemplo “uma mãe abraçando seus filhos: não é a pessoa mais bela e mais rica do mundo? Ou dois namorados, quando estão juntos: eles não se sentem como um rei e uma rainha?”.
Neste sentido, a sua exortação:
“Em nossas famílias, em nossas paróquias, na escola e em nossos locais de trabalho, onde quer que estejamos, procuremos não perder nenhuma oportunidade de amar. Esta é a vigilância que Jesus nos pede: habituar-nos a estar atentos, prontos e sensíveis uns aos outros, como Ele é conosco em cada momento.”
Ser sentinelas da misericórdia e da paz
Irmãs e irmãos — disse ao concluir — “confiemos a Maria este desejo e este compromisso: que Ela, a Estrela da Manhã, nos ajude a ser, num mundo marcado por tantas divisões, “sentinelas” da misericórdia e da paz, como nos ensinou São João Paulo II e como nos mostraram de forma tão bela os jovens que vieram a Roma para o Jubileu.