Pontífice celebrou primeira Missa nesta sexta-feira, 9, e enfatizou missão de anunciar o Evangelho em um mundo que considera a fé cristã absurda
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

Papa Leão XIV presidiu a primeira Missa como Pontífice na Capela Sistina / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect
O Papa Leão XIV celebrou a primeira Missa após sua eleição como Pontífice da Igreja Católica. Nesta sexta-feira, 9, ele presidiu a celebração na Capela Sistina junto aos cardeais, que o escolheram como Santo Padre, neste mesmo local, há menos de 24 horas.
Leão XIV deu início à sua homilia com uma breve saudação, em inglês, aos cardeais. Na sequência, refletiu, em italiano, sobre a profissão de fé de Pedro após Jesus perguntar aos apóstolos quem acreditavam ser ele. “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16), respondeu Pedro.
O Papa frisou que Jesus é o único Salvador, que revela o rosto do Pai. Para se tornar próximo aos homens, Deus encarnou-se e mostrou um modelo de “humanidade santa” que todos podem imitar e a promessa de um destino eterno.
Desta forma, Pedro demonstra compreender estes dois aspectos: o dom de Deus e o caminho a percorrer para se deixar transformar. O Pontífice pontuou que estas são dimensões inseparáveis da salvação, confiadas à Igreja e a cada um deles que, apesar dos limites humanos, foram conduzidos até o presente momento e são enviados para proclamar o Evangelho.
De maneira particular, prosseguiu o Santo Padre, Deus o chamou para suceder a Pedro na condução da Igreja para que ela seja cada vez mais arca de salvação que navega sobre as ondas da história e farol que ilumina as noites do mundo. Isto não se dá pela magnificência das suas estruturas, mas pela santidade dos seus membros, do povo que Deus adquiriu, a fim de proclamar as maravilhas daquele que o chamou das trevas para a sua luz admirável.
“Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?”
No entanto, observou Leão XIV, Jesus fez outro questionamento aos apóstolos antes da profissão de fé de Pedro: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” (Mt 16,13). Tal pergunta diz respeito à realidade em que a humanidade se encontra, com os seus limites e potencialidades, as suas interrogações e convicções.
Em primeiro lugar, há a resposta do mundo. O diálogo se passa na cidade de Cesareia de Filipe, cheia de palácios luxuosos, sede de círculos de poder cruéis e palco de traições e infidelidades, situou o Papa.
Trata-se de um mundo que não dá importância a Jesus, considerando-o um personagem curioso e capaz de suscitar admiração com seu modo de falar e agir. Contudo, indicou o Pontífice, quando sua presença se tornar incômoda, o “mundo” não hesitará em rejeitá-lo e eliminá-lo.
Por outro lado, há a resposta das pessoas comuns, para quem Jesus é um homem justo e corajoso, que fala bem e recorda outros grandes profetas da história. “Por isso, seguem-no, pelo menos enquanto podem fazê-lo sem demasiados riscos ou inconvenientes. Porém, porque essas pessoas o consideram apenas um homem, no momento do perigo, durante a Paixão, também elas o abandonam e vão embora, desiludidas”, afirmou o Santo Padre.
O mundo precisa do anúncio do Evangelho
Ele expressou como é impressionante a atualidade destas atitudes, encarnando ideias que podem ser facilmente reencontradas. “Ainda hoje não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos em que em vez dela se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer”, declarou Leão XIV.
Não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho nesses locais, reconheceu o Papa, e quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena. “No entanto, precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação – sob as mais dramáticas formas – da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco”, declarou.
O Pontífice sublinhou que Jesus, apesar de ser apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático. Isto não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático.
Relacionar-se com Jesus
“Este é o mundo que nos está confiado e no qual, como tantas vezes nos ensinou o Papa Francisco, somos chamados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Salvador. Por isso, também para nós, é essencial repetir: ‘Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo’”, enfatizou o Santo Padre.
Ele indicou que é essencial assumir essa dimensão primeiramente na relação pessoal com Jesus e no empenho em percorrer um caminho cotidiano de conversão. Ao mesmo tempo, deve-se viver, como Igreja, a pertença ao Senhor e levar a todos a sua Boa Nova.
Leão XIV concluiu sua homilia frisando que diz isto, em primeiro lugar, a si mesmo, que inicia sua missão de presidir na caridade à Igreja universal. Recordando Santo Inácio de Antioquia, enfatizou o compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um ministério de autoridade: “desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado, gastar-se até ao limite para que a ninguém falte a oportunidade de O conhecer e amar”.