In unitate fidei

Papa Leão XIV publica carta apostólica sobre o Concílio de Niceia

Documento foi divulgado neste domingo, às vésperas da viagem apostólica à Turquia, e destaca a centralidade do Credo e o valor da unidade cristã

Da Redação, com Vatican News

Foto: Maria Grazia Picciarella / SOPA Images via Reuters Connect

Por ocasião dos 1700 anos do Concílio de Niceia, o Papa Leão XIV publicou um novo documento: a carta apostólica “In unitate fidei“. A divulgação foi neste domingo, 23, Solenidade de Cristo Rei do Universo. Apresentado às vésperas de sua viagem à Turquia, que também tem como mote o aniversário do concílio ecumênico, o documento faz forte apelo à renovação da fé e à unidade dos cristãos.

Segundo Leão XIV, o objetivo da carta é “encorajar toda a Igreja a renovar seu entusiasmo pela profissão de fé”. A Carta coloca em destaque a herança espiritual e doutrinal deixada pelo Concílio de 325, evento decisivo na formulação do Credo professado por todas as tradições cristãs.

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O texto é dividido em 12 pontos e está disponível no site da Santa Sé em oito idiomas, entre eles o português (acesse aqui). Logo no início, Leão XIV recorda que “na unidade da fé, proclamada desde os primórdios da Igreja, os cristãos são chamados a caminhar em concórdia, guardando e transmitindo com amor e alegria o dom recebido”.

O Pontífice descreve como uma “coincidência providencial” o fato do aniversário do Concílio Ecumênico acontecer no período do Ano Santo de 2025, que tem como tema “Jesus Cristo, nossa esperança”. O núcleo da fé cristã — a divindade do Filho — permanece, segundo ele, atual e necessário para os tempos marcados por guerras, incertezas e sofrimento humano. E ao lembrar que, em cada domingo, a Igreja proclama o Credo Niceno-Constantinopolitano, “profissão de fé que une todos os cristãos”, o Pontífice sublinha que, diante das provações do mundo, “a fé nos dá esperança”.

“O que nos une é muito mais do que o que nos divide”

A Carta dedica ampla atenção ao diálogo entre os cristãos. O Pontífice reafirma que o caminho ecumênico, sustentado pelo batismo comum e pelo Credo de Niceia, permitiu reconhecer nas demais tradições nossos irmãos e irmãs em Jesus Cristo. “Realmente, o que nos une é muito mais do que o que nos divide”, observa o Papa. Ele acrescenta que a comunidade cristã pode se tornar sinal de paz e instrumento de reconciliação em meio a um mundo ferido por conflitos.

“Para podermos desempenhar este ministério de forma crível, devemos caminhar juntos para alcançar a unidade e a reconciliação entre todos os cristãos. (…) Devemos, portanto, deixar para trás as controvérsias teológicas, que perderam a sua razão de ser, para adquirir um pensamento comum e, mais ainda, uma oração comum ao Espírito Santo, para que nos reúna a todos numa única fé e num único amor.”

Caminho de reconciliação, escuta e acolhimento

Leão XIV insiste que o ecumenismo não busca um “retorno” a situações prévias às divisões, nem a mera aceitação do status atual das Igrejas. Trata-se, ao contrário, de um caminho de reconciliação, escuta, acolhimento e intercâmbio de dons espirituais. A restauração da unidade, afirma, “não nos torna mais pobres; ao contrário, nos enriquece”.

“Tal como na Niceia, este objetivo só será possível através de um caminho paciente, longo e, por vezes, difícil de escuta e acolhimento recíproco. Trata-se de um desafio teológico e, mais ainda, de um desafio espiritual, que exige arrependimento e conversão da parte de todos. Por isso, precisamos de um ecumenismo espiritual de oração, louvor e culto, como aconteceu no Credo de Niceia e Constantinopla.”

Oração ao Espírito Santo

A carta termina com uma oração do Papa ao Espírito Santo, para que Ele acompanhe e guie o caminho da unidade cristã e reúna a Igreja no único rebanho de Cristo.

“Santo Espírito de Deus, Vós guiais os fiéis no caminho da história (…) e, de época em época rejuvenesceis a fé da Igreja. Ajudai-nos a aprofundá-la e a voltar sempre ao essencial para a anunciar. (…) Vinde, divino Consolador, Vós que sois a harmonia, para unir os corações e as mentes dos crentes. Vinde e dai-nos o prazer da beleza da comunhão. Vinde, Amor do Pai e do Filho, para nos reunir no único rebanho de Cristo. Mostrai-nos os caminhos a seguir, para que, com a vossa sabedoria, voltemos a ser o que somos em Cristo: uma só coisa, para que o mundo acredite. Amém.”

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