Pontífice recebeu Irmãos Lassalistas em audiência e, refletindo sobre desafios da educação nos dias atuais, frisou busca por novos caminhos e potencialidades dos jovens
Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV durante audiência com os Irmãos Lassalistas nesta quinta-feira, 15 / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect
O Papa Leão XIV recebeu em audiência nesta quinta-feira, 15, os membros do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs, conhecidos como Irmãos Lassalistas.
O encontro se deu por ocasião do terceiro centenário da promulgação da Bula In apostolicae dignitatis solio, com a qual foram aprovados o Instituto e sua Regra, e do aniversário de 75 anos da proclamação, pelo Papa Pio XII, de São João Batista de La Salle como padroeiro celeste de todos os educadores.
“Depois de três séculos, é bom constatar como a sua presença continua trazendo consigo o frescor de uma realidade educativa rica e vasta, com a qual ainda, em várias partes do mundo, vocês se dedicam na formação dos jovens com entusiasmo, fidelidade e espírito de sacrifício”, destacou o Santo Padre. Na sequência, ele refletiu sobre dois aspectos da história dos Lassalistas: a atenção à atualidade e a dimensão ministerial e missionária do ensino na comunidade.
Refletindo sobre o primeiro ponto, o Pontífice recordou a origem do Instituto a partir do pedido de ajuda de um leigo a São João Batista de La Salle e frisou que o fundador reconheceu um sinal de Deus, aceitou o desafio e se pôs a trabalhar. “Assim, além de suas próprias intenções e expectativas, ele deu vida a um novo sistema de ensino: o das Escolas Cristãs, gratuitas e abertas a todos”, complementou.
Os jovens precisam de ajuda
O Papa sublinhou, entre os elementos inovadores que foram introduzidos nessa “revolução pedagógica”, o ensino voltado para as turmas e não mais para os alunos individualmente; a adoção do francês, acessível a todos, como língua de ensino; as aulas dominicais, das quais também os jovens obrigados a trabalhar durante a semana podiam participar; e o envolvimento das famílias no currículo escolar.
Os problemas, à medida que surgiam, prosseguiu Leão XIV, ao invés de desencorajar São João Batista de La Salle, estimulavam-no a buscar respostas criativas e a se aventurar em caminhos novos e inexplorados.
“Os jovens do nosso tempo, como os de todas as épocas, são um vulcão de vida, energia, sentimentos e ideias”, sinalizou o Pontífice. “Isso se vê pelas coisas maravilhosas que sabem fazer em diversas áreas. No entanto, eles também precisam de ajuda para fazer com que tanta riqueza cresça em harmonia e para superar o que, mesmo de forma diferente do passado, ainda pode impedir seu desenvolvimento saudável”, indicou.
Descobrir novos caminhos
Se no século XVII o uso da língua latina era uma barreira de comunicação intransponível para muitos, exemplificou o Santo Padre, hoje há outros obstáculos a enfrentar. “Basta pensar no isolamento provocado por modelos relacionais desenfreados, cada vez mais marcados pela superficialidade, pelo individualismo e pela instabilidade emocional; na difusão de modelos de pensamento enfraquecidos pelo relativismo; na prevalência de ritmos e estilos de vida em que não há espaço suficiente para a escuta, a reflexão e o diálogo, na escola, na família, por vezes entre os próprios coetâneos, com a consequente solidão”, afirmou.
Segundo Leão XIV, estes são desafios exigentes, mas que podem estimular a descoberta de novos caminhos, o desenvolvimento de instrumentos e a adoção de novas linguagens. O objetivo é tocar o coração dos alunos, enfatizou, ajudando-os e estimulando-os a enfrentar com coragem cada obstáculo para darem o melhor de si na vida, segundo os desígnios de Deus.
Ministério e missão
Em relação ao aspecto do ensino vivido como ministério e missão, o Papa sinalizou que São João Batista de La Salle não queria sacerdotes entre os professores das Escolas Cristãs. Ele promoveu professores e catequistas leigos investidos, na comunidade, com um verdadeiro e próprio “ministério”, segundo o princípio de evangelizar educando e educar evangelizando.
“Assim, o carisma da escola, que vocês abraçam com o quarto voto de ensino, além de ser um serviço à sociedade e uma preciosa obra de caridade, aparece ainda hoje como uma das mais belas e eloquentes explicitações daquele munus sacerdotal, profético e real que todos recebemos no Batismo, como sublinham os documentos do Concílio Vaticano II”, declarou.
Concluindo seu discurso, o Pontífice fez votos “de que as vocações à consagração religiosa lassalista cresçam, sejam encorajadas e promovidas, em suas escolas e fora delas, e que, e em sinergia com todos os outros componentes formativos, contribuam para suscitar entre os jovens que as frequentam caminhos alegres e fecundos de santidade”.