Em audiência realizada nesta sábado, 17, Pontífice destacou potencial de contribuição da Doutrina Social com o conhecimento, a esperança e a paz nos dias atuais
Da Redação, com Vatican News
Papa Leão XIV discursa a participantes da audiência realizada neste sábado, 17 / Foto: Vatican Media/Simone Risoluti/Handout via REUTERS
Neste sábado, 17, o Papa Leão XIV recebeu em audiência os membros da Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice. O encontro se deu por ocasião da Assembleia Geral da organização, que teve como tema “Superar as polarizações e reconstruir a governança global: as bases éticas”.
O Pontífice agradeceu a presença e disse que o tema é central para a Doutrina Social da Igreja, um instrumento de paz e diálogo para construir pontes de fraternidade universal. Em seguida, recordou que o Papa Leão XIII “tinha mirado a contribuir para a paz estimulando o diálogo social, entre o capital e o trabalho, entre as tecnologias e a inteligência humana, entre as diversas culturas políticas, entre as Nações”.
O Santo Padre também citou o Papa Francisco e a “policrise” para abordar a dramaticidade da conjuntura histórica atual. “Sobre questões de tanta relevância”, continuou Leão XIV, “a Doutrina Social da Igreja é chamada a fornecer chaves interpretativas que coloquem em diálogo ciência e consciência, dando assim uma contribuição fundamental ao conhecimento, à esperança e à paz”.
O Papa destacou que a Doutrina Social da Igreja ajuda a reconhecer que, mais importante do que os problemas ou as respostas a eles, é o modo como são enfrentados, com critérios de avaliação e princípios éticos e com a abertura à graça de Deus. “O objetivo”, continuou, “é aprender a enfrentar os problemas, que são sempre diversos, porque cada geração é nova, com novos desafios, novos sonhos, novos questionamentos”.
Escutar os pobres
Diante disso, o Pontífice retomou a necessidade de construir uma “cultura do encontro” através do diálogo e da amizade social. Ele observou que a “doutrina” não é um conjunto rígido de ideias, mas um percurso comum e multidisciplinar rumo à verdade, fruto de pesquisa e aberto à mudança – o contrário de “doutrinação”, que impede o pensamento crítico, atenta à sagrada liberdade do respeito da própria consciência e se fecha a novas reflexões.
“A doutrina enquanto reflexão séria, serena e rigorosa, intenta ensinar-nos, em primeiro lugar, a saber aproximar-nos das situações e, antes ainda, das pessoas”, explicou o Santo Padre. “São a seriedade, o rigor, a serenidade o que devemos aprender de cada doutrina, também da Doutrina Social”, acrescentou.
No contexto da revolução digital, Leão XIV exortou os presentes a redescobrirem e cultivarem o senso crítico, contrastando as fake news e as teses irracionais. Ele também sublinhou a importância do aprofundamento, do estudo e sobretudo do encontro e da escuta dos pobres, convidando a reconhecê-los não só como destinatários da Doutrina Social, mas como seus continuadores e atualizadores.
“Quem nasce e cresce longe dos centros de poder não deve ser simplesmente instruído na Doutrina Social da Igreja, mas reconhecido como seu continuador e atualizador: os testemunhos de compromisso social, os movimentos populares e as diversas organizações católicas de trabalhadores. Recomendo-vos dar a palavra aos pobres”, declarou.
Por fim, relembrando o Concílio Vaticano II, o Papa convidou a fundação a participar ativamente no discernimento dos sinais dos tempos, contribuindo para desenvolver a Doutrina Social da Igreja juntamente com o povo de Deus, escutando e dialogando com todos.
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