No Jubileu da Vida Consagrada, Leão XIV alerta sobre “modas passageiras” e pede que consagrados difundam o amor de Deus, sólido e duradouro
Da Redação, com Vatican News

Papa durante a Santa Missa desta quinta-feira, 9, do Jubileu da Vida Consagrada /Foto: REUTERS/Remo Casilli
Milhares de consagrados se reuniram na Praça São Pedro para viver seu Jubileu com o Papa Leão XIV. Religiosos e religiosas, monges e contemplativas, membros de institutos seculares e do Ordo virginum, eremitas e membros de novos institutos de várias partes do mundo participaram da missa celebrada na manhã desta quinta-feira, 9.
Em sua homilia, o Pontífice se inspirou nas palavras contidas no Evangelho de Lucas: “Portanto eu vos digo: pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta” (Lc 11, 9). Com estas palavras, ele frisou que Jesus convida todos a se dirigirem com confiança ao Pai, independente de qual for a necessidade, “porque viver os votos é abandonar-se como crianças nos braços do Pai”.
Pedir, procurar e bater, segundo o Papa, são verbos familiares aos consagrados, habituados a pedir sem exigir, praticando os conselhos evangélicos. Com efeito, Leão XIV sublinhou que “pedir” é reconhecer, na pobreza, que tudo é dom do Senhor e de tudo se deve dar graças. “Procurar”, prosseguiu, é abrir-se, na obediência, à descoberta cotidiana da via a seguir no caminho da santidade, segundo os desígnios de Deus. “Bater”, disse o Santo Padre, é pedir e oferecer aos irmãos, com coração casto, os dons recebidos, esforçando-se por amar a todos com respeito e gratuidade.
Pedir, procurar e bater, acrescentou ele, significam também olhar para trás, para a própria existência, trazendo à mente e ao coração o que o Senhor realizou, ao longo dos anos, para multiplicar os talentos, para aumentar e purificar a fé, para tornar mais generosa e livre a caridade.

Padres e religiosos na Santa Missa do Jubileu da Vida Consagrada /Foto: REUTERS/Remo Casilli
Os consagrados devem espalhar o “oxigênio” do amor
Papa Leão refletiu então sobre Deus como plenitude e sentido da vida consagrada: “Para eles, o Senhor é tudo”. “Sem Ele nada existe, nada tem sentido, nada tem valor”. Desse modo, o Pontífice assinalou que a Igreja confia aos consagrados a tarefa de ser, com o despojamento de tudo, testemunhas vivas da primazia de Deus na própria existência, ajudando, do melhor modo possível, também os irmãos e irmãs a cultivar esta mesma amizade.
Todavia, observou o Santo Padre ao comentar a primeira leitura, como no tempo do profeta Malaquias, há quem diga: “De que vale servir a Deus?” (Ml 3, 14). “É um modo de pensar que conduz a uma autêntica paralisia da alma, contentando-se com uma vida feita de momentos fugazes, de relações superficiais e intermitentes, de modas passageiras: tudo coisas que deixam no coração um vazio. Para ser verdadeiramente feliz, o ser humano não precisa disso, mas de experiências de amor consistentes, duradouras, sólidas, e vocês, com o exemplo da própria vida consagrada, podem espalhar pelo mundo o oxigênio desta forma de amar.”

Papa durante a Santa Missa desta quinta-feira, 9, do Jubileu da Vida Consagrada /Foto: REUTERS/Remo Casilli
Dimensão escatológica da vida cristã
Por fim, o Santo Padre se deteve na dimensão escatológica da vida cristã. Enquanto estão empenhados no mundo, devem estar ao mesmo tempo constantemente orientados para a eternidade. É um convite a alargar o “pedir, o procurar e o bater” da oração e da vida ao horizonte eterno, que transcende as realidades deste mundo, orientando-as para o domingo que não tem ocaso. Trata-se da missão confiada aos consagrados pelo Concílio Vaticano II de ser testemunhas dos “bens futuros”.
Papa Leão concluiu citando São Paulo VI: “Conservem a simplicidade dos ‘mais pequeninos’ do Evangelho. Esforcem-se por encontrá-la numa relação interior e o mais cordial possível com Cristo, ou nos contatos diretos com os seus irmãos. Conhecerão então ‘o alvoroço da alegria, pela ação do Espírito Santo’”.

Fiéis reunidos na Praça São Pedro para a Santa Missa do Jubileu da Vida Consagrada /Foto: REUTERS/Remo Casilli