Papa Leão XIV enviou mensagem para a Semana Ecumênica que celebra os 100 anos da Conferência de Estocolmo, um dos marcos pela união dos cristãos
Da Redação, com Vatican News

Foto: Daniel Joshua
A capital da Suécia está sediando até domingo, 24, a Semana Ecumênica em comemoração aos 100 anos da histórica Conferência de Estocolmo de 1925. Uma delegação do Vaticano participa do evento, que também recebeu mensagem do Papa Leão XIV, divulgada pela Santa Sé nesta sexta-feira, 22.
O evento também recorda o aniversário de 1700 anos do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, “um evento profundo na história do cristianismo”, afirma Leão na mensagem. No ano de 325, ao afirmar a divindade de Jesus Cristo, bispos do mundo inteiro reunidos em Niceia articularam a fé que continua a unir os cristãos. “Esse Concílio foi um sinal corajoso de unidade em meio às diferenças – um primeiro testemunho da convicção de que nossa confissão comum pode superar as divisões e promover a comunhão.”
O ecumenismo na Estocolmo de 1925
Em Estocolmo, há 100 anos, um pioneiro do movimento ecumênico – o arcebispo luterano Nathan Söderblom (1866-1931) – convocou a Conferência de 1925. Na oportunidade, o encontro reuniu cerca de 600 líderes ortodoxos, anglicanos e protestantes, focados na união dos cristãos para uma ação prática e social.
O Pontífice afirma na mensagem que a convicção de Söderblom, teólogo que inclusive recebeu o Nobel da Paz de 1930 por sua dedicação em prol do ecumenismo e da paz universal, “era que ‘o serviço une'”. Por isso, exortou os irmãos cristãos a não esperarem por um consenso sobre todos os pontos da teologia, mas a se unirem no ‘cristianismo prático’, a fim de servirem juntos ao mundo na busca pela paz, justiça e dignidade humana.
“Embora a Igreja Católica não estivesse representada naquele primeiro encontro, posso afirmar, com humildade e alegria, que hoje estamos ao seu lado como companheiros discípulos de Cristo, reconhecendo que o que nos une é muito maior do que o que nos divide. Desde o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica abraçou de todo o coração o caminho ecumênico.”
A unidade a partir do Concílio Vaticano II
Leão XIV recorda o decreto do Concílio sobre o ecumenismo – Unitatis Redintegratio – um documento que chamou ao diálogo em humilde e amorosa fraternidade. A unidade que Cristo deseja para sua Igreja, acrescenta Leão XIV, “deve ser visível” e “cresce através do diálogo teológico, do culto comum, quando possível, e do testemunho compartilhado diante do sofrimento da humanidade”. Tanto que o tema escolhido para a Semana Ecumênica de Estocolmo, “Tempo para a paz de Deus”, comenta o Papa, não poderia ser mais oportuno, em meio a um mundo que “carrega as profundas cicatrizes do conflito, da desigualdade, da degradação ambiental e de um crescente sentimento de desconexão espiritual”.
“No entanto, em meio a esses desafios, lembramos que a paz não é apenas uma conquista humana, mas um sinal da presença do Senhor entre nós. Isso é tanto uma promessa quanto uma tarefa, pois os seguidores de Cristo são chamados a se tornarem artesãos da reconciliação: a enfrentar a divisão com coragem, a indiferença com compaixão e a levar cura onde houve ferida.”
O despertar de uma nova esperança pela unidade
A missão em busca da unidade, aprofunda ainda o Papa na mensagem, se fortaleceu inclusive por meio de marcos ecumênicos recentes. Leão XIV cita a primeira visita de um Pontífice à Suécia em 1989, com o Papa João Paulo II sendo recebido na Catedral de Uppsala pelo arcebispo Bertil Werkström, Primaz da Igreja local. “Esse momento marcou um novo capítulo nas relações entre católicos e luteranos”. Já em 2016, o Papa Francisco se uniu aos líderes luteranos “na oração e no arrependimento comuns” durante as comemorações da Reforma em Lund, em 2016: “lá, afirmamos nosso caminho partilhado ‘do conflito à comunhão’”.
Agora, em 2025, Leão XIV compartilhou em mensagem a felicidade de uma delegação do Vaticano participar da Semana Ecumênica para dialogar e celebrar juntos, “como um sinal do compromisso da Igreja Católica de continuar o caminho de oração e trabalho conjunto, sempre que possível, pela paz, justiça e o bem de todos”.
O desejo final do Papa é que o Espírito Santo, que inspirou o Concílio de Niceia, aprofunde a comunhão durante as comemorações dos 100 anos da histórica Conferência de Estocolmo de 1925 e “desperte uma nova esperança pela unidade que o Senhor tanto deseja entre seus seguidores”.