Em seu encontro com os jovens libaneses, Leão XIV foi acolhido de maneira calorosa pelos jovens libaneses e os incentivou a buscar a paz e superar as tristezas
Thiago Coutinho
Da redação

Papa Leão XIV saúda a multidão ao chegar para um encontro com jovens, durante sua primeira viagem apostólica, em Bkerke, Líbano / Foto: Mohammed Yassin – Reuters
Em seu último compromisso no Líbano nesta terça-feira, 1º, o Papa Leão XIV se encontrou com jovens libaneses, em frente ao Patriarcado Maronita de Antioquia, em Blerké.
Acolhido por uma multidão de jovens, que o saudaram em uníssono, antes de seu discurso o Pontífice foi agraciado com uma série de danças com músicas locais para darem as boas-vindas ao Pontífice.
“Agradeço a todos pela calorosa acolhida, bem como a Sua Beatitude pelas cordiais palavras de boas-vindas”, enalteceu Leão XIV. “Saúdo de modo particular os jovens vindos da Síria e do Iraque, e os libaneses que regressaram à sua pátria vindos de vários países. Estamos aqui reunidos para escutar-nos uns aos outros, a começar por mim, pedindo ao Senhor que inspire as nossas escolhas futuras”.
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Em seu discurso, o Santo Padre recordou as histórias dos jovens Anthony e Maria, Elie e Joelle, partilhadas antes de sua fala, e ouvidas atentamente pelo Papa. “As histórias deles falam de coragem no sofrimento, de esperança na desilusão, de paz interior na guerra. São como estrelas brilhantes numa noite escura, na qual já vislumbramos o raiar da aurora”, observou o Pontíce.
Uma história de tristezas e esperança
Dando sequência a seu discurso, o Papa ressaltou as tristezas e superações sofridas pelo povo libanês. “A história do Líbano é feita de páginas gloriosas, mas também está marcada por feridas profundas, que demoram a cicatrizar. Estas feridas têm causas que ultrapassam as fronteiras nacionais e estão interligadas com dinâmicas sociais e políticas muito complexas”, contextualizou.
Na sequência, o Sucessor de Pedro afirmou que os jovens são a chave para o futuro do Líbano, para que o país, pelas suas mãos, tenho o curso de sua história alterado. “Não obstante, em vós reside uma esperança, um dom, que a nós, adultos, parece já desaparecer. Tendes tempo! Tendes mais tempo para sonhar, organizar e realizar o bem. Sois o presente e, nas vossas mãos, já se está a construir o futuro! E tendes o entusiasmo para mudar o curso da história”, ponderou.
“Queridos jovens, vivei à luz do Evangelho e sereis bem-aventurados aos olhos do Senhor”, clamou Leão XIV.
Em busca da paz
Leão XIV também ressaltou o compromisso com a paz. Pediu aos jovens que preservem esse compromisso que não pode ser apenas uma ideia ou princípio moral, como classificou. “O verdadeiro princípio de vida nova é a esperança que vem do alto: é Cristo! Ele morreu e ressuscitou para a salvação de todos. Ele é Aquele que vive, o fundamento da nossa confiança; Ele é a testemunha da misericórdia que redime o mundo de todo o mal. Como recorda Santo Agostinho, ecoando o apóstolo Paulo, ‘nele está a nossa paz, e dele vem a nossa paz'”, disse.
Ainda que indiretamente, o Sucessor de Pedro criticou os relacionamentos e relações interpessoais frágeis, “consumidos como se fossem objetos”. “Às vezes, mesmo entre os mais jovens, a confiança no próximo contrapõe-se o interesse individual, à dedicação ao outro prefere-se o próprio benefício. Essas atitudes tornam superficiais até mesmo palavras belíssimas como amizade e amor, que muitas vezes são confundidas com um sentimento de satisfação egoísta. Se no centro de uma relação de amizade ou amorosa estiver o nosso eu, essa relação não pode ser fecunda”, ponderou.
Por fim, Leão XIV encorajou os jovens libaneses a não desistirem na busca por uma vida santa. Citou, inclusive, alguns expoentes recentes da Igreja quando se trata da representatividade jovem. “Olhemos para os muitos exemplos maravilhosos que os santos nos deixaram”, indagou Leão XIV. “Pensemos em Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, dois jovens que foram canonizados neste ano santo do Jubileu. Olhemos para os muitos santos libaneses. Que beleza singular se manifesta na vida de Santa Rafqa, que com força e mansidão resistiu durante anos à dor provocada pela doença! Quantos gestos de compaixão realizou o Beato Tiago de Ghazir Haddad, ajudando as pessoas mais abandonadas e esquecidas por todos”.
Ao finalizar seu discurso, Leão XIV citou a famosa oração atribuída a São Francisco de Assis. “Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz». Que esta oração mantenha viva em vós a alegria do Evangelho, o entusiasmo cristão”, findou.


