JUBILEU DOS RECLUSOS

“Nenhum ser humano se reduz ao que fez”, afirma Papa

Leão XIV celebrou a Missa por ocasião do Jubileu dos Reclusos neste domingo, 14, e recordou, em sua homilia, que o desejo de Deus é que todos sejam salvos

Da Redação, com Vatican News

A imagem ilustra o Papa Leão XIV caminhando, vestido com uma casula rosa, o pálio e uma mitra branca. Ele tem uma expressão serena e carrega a cruz processional com a mão esquerda enquando a mão direita repousa sobre o peito. Ao fundo, acompanham o Pontífice outros dois religiosos.

Papa Leão XIV durante a Missa por ocasião do Jubileu dos Reclusos / Foto: Vatican Media/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

Neste domingo, 14, o Papa Leão XIV presidiu a Missa por ocasião do Jubileu dos Reclusos na Basílica de São Pedro. A celebração marcou o encerramento do último dos grandes eventos jubilares do Ano Santo de 2025.

Em sua homilia, o Santo Padre destacou a data em que o Jubileu dos Reclusos foi realizado: o 3º Domingo do Advento, também conhecido como Domingo Gaudete. “No ano litúrgico, este é o domingo “da alegria”, que nos lembra a dimensão luminosa da espera: a confiança de que algo de belo e alegre acontecerá”, explicou.

Leão XIV relembrou então o dia 26 de dezembro de 2025, quando o Papa Francisco abriu a Porta Santa na Penitenciária de Rebibbia, e dirigiu um convite a todos: “Digo-vos duas coisas. Primeiro: a corda na mão, com a âncora da esperança! Segundo: escancarai as portas do coração”!

Referindo-se à imagem de uma âncora lançada à eternidade, o Pontífice argentino animou os fiéis a manterem viva a fé na vida eterna e a acreditarem sempre na possibilidade de um futuro melhor. Ao mesmo tempo e com coração generoso, também os exortou a serem agentes de justiça e caridade nos ambientes em que vivem.

“Depois de cada queda deve ser possível levantar-se”

Contudo, ao aproximar-se o encerramento do Jubileu 2025, Leão XIV indicou a necessidade de reconhecer que, apesar do empenho de muitos, ainda há muito a fazer neste sentido, inclusive no mundo carcerário. “O cárcere é um ambiente difícil, onde mesmo os melhores propósitos podem encontrar inúmeros obstáculos”, sinalizou o Santo Padre, frisando que “não devemos cansar-nos nem desanimar ou recuar, mas avançar com tenacidade, coragem e espírito de colaboração”.

O Papa afirmou que muitas pessoas ainda não compreendem que, após cada cada queda, é possível levantar-se. “Nenhum ser humano se reduz ao que fez. A justiça é sempre um processo de reparação e reconciliação”, sublinhou.

“Quando, mesmo em condições difíceis, se conservam a beleza dos sentimentos, a sensibilidade, a atenção às necessidades dos outros, o respeito, a capacidade de misericórdia e perdão, então, da terra dura do sofrimento e do pecado, brotam flores maravilhosas e, mesmo entre as paredes das prisões, amadurecem gestos, projetos e encontros únicos em humanidade”, expressou o Pontífice.

Ele pontuou que este é um trabalho direcionado aos próprios sentimentos e pensamentos, necessário às pessoas privadas de liberdade e, em primeiro lugar, a quem tem o grande ónus de representar entre elas e para elas a justiça. “O Jubileu é um chamamento à conversão, sendo precisamente por isso motivo de esperança e alegria”, complementou.

O desejo do Papa Francisco

Leão XIV enfatizou, neste contexto, como é importante olhar para Jesus, para a sua humanidade e para o seu Reino. Se por vezes os milagres como a cura dos cegos e dos coxos acontecem por intervenções extraordinárias de Deus, “com mais frequência se encontram confiados a cada um de nós, à nossa compaixão, à atenção, sabedoria e responsabilidade das nossas comunidades e instituições”, frisou.

Diante disso, o Papa citou a profecia de Isaías presente na Liturgia do dia (Is 35,1-6a.10), destacando a dimensão do compromisso de promover, em todos os ambientes, uma civilização fundada, em última instância, sobre a caridade.

“Com este objetivo”, relembrou o Pontífice, “o Papa Francisco desejava, em particular, que por ocasião do Ano Santo fossem também concedidas ‘formas de anistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade’, e oferecer a todos oportunidades concretas de reinserção. Estou confiante de que em muitos países se dará seguimento ao seu desejo”.

Na origem bíblica, recordou o Santo Padre, o Jubileu era precisamente “um ano de graça em que a cada um se oferecia, de muitas maneiras, a possibilidade de recomeçar”. Da mesma forma, o Evangelho do dia (Mt 11,2-11) ilustra como São João Batista, enquanto pregava e batizava, também convidava o povo a converter-se.

“Que todos sejam salvos”

Aproximando-se da conclusão de sua homilia, Leão XIV reconheceu que a tarefa confiada por Deus aos reclusos e responsáveis pelo mundo carcerário não é fácil. Ele mencionou a superlotação dos presídios, a necessidade de programas educativos estáveis de reabilitação e as oportunidades de trabalho.

“A nível mais pessoal”, acrescentou o Papa, “não esqueçamos o peso do passado, as feridas a curar no corpo e no coração, as desilusões, a paciência infinita que é necessária – consigo mesmo e com os outros – quando se empreende um caminho de conversão, e a tentação de desistir ou deixar de perdoar”.

O Pontífice ressaltou então o pedido que o Senhor continua a repetir acima de tudo: “que ninguém se perca e que todos sejam salvos”. “Ao aproximar-se o Natal, queremos abraçar também nós e ainda com mais força o seu sonho, constantes no nosso empenho e confiantes. Porque sabemos que, mesmo diante dos maiores desafios, não estamos sozinhos: o Senhor está próximo, caminha conosco e, com Ele ao nosso lado, algo de belo e alegre acontecerá sempre”, concluiu o Santo Padre.

.: Acesse a homilia do Papa Leão XIV na íntegra

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