VIGÍLIA DE PENTECOSTES

Leão XIV: desafios assustam menos se obedecemos ao Espírito Santo

Papa presidiu Vigília de Pentecostes neste sábado, 7, e destacou proximidade de Deus, sinodalidade e força profética de Pentecostes na transformação do mundo

Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV acena para fiéis na Praça São Pedro / Foto: Alessia Giuliani/IPA/Sipa USA via Reuters Connect

Em meio às atividades do Jubileu dos Movimentos, Associações e Novas Comunidades, o Papa Leão XIV presidiu a Vigília de Pentecostes na Praça São Pedro neste sábado, 7.

O Pontífice iniciou sua homilia invocando o Espírito Santo para que Ele visite as almas, multiplique as línguas, ilumine as mentes, infunda o amor, fortaleça os corpos, dê a paz e leve cada um a abrir-se ao Reino de Deus. “Essa é a conversão segundo o Evangelho: voltarmo-nos para o Reino que já está próximo”, sinalizou.

Em sua fala, o Santo Padre refletiu sobre a passagem do início do ministério de Jesus em Nazaré, na qual Cristo lê a profecia de Isaías, que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor” (Lc 4,18-19).

Leão XIV destacou o testemunho vivo de uma realidade em constante mudança, porque Deus reina e está perto. Dessa forma, a Vigília de Pentecostes torna-se um profundo envolvimento na proximidade divina, graças ao Espírito que une a história da humanidade com a de Jesus.

Diante do anúncio de Cristo, o Papa reconheceu “o perfume do Crisma”, com o qual cada batizado foi marcado e unido à missão transformadora de Jesus. “Assim como o amor torna familiar o perfume de uma pessoa querida, reconhecemos, nesta noite, o perfume de Cristo uns nos outros. É um mistério que nos maravilha e nos faz pensar”, afirmou.

Caminhar juntos

Recordando o episódio de Pentecostes, o Pontífice citou que Nossa Senhora, os apóstolos e os discípulos que estavam com eles foram investidos por um Espírito de unidade, capaz de reunir a singularidade de cada um em um único Senhor. “Não muitas missões, mas uma única missão. Não introvertidos e conflituosos, mas extrovertidos e luminosos”, expressou.

Deus não é solidão. Deus é em si mesmo “com” – Pai, Filho e Espírito Santo – e é Deus conosco.
– Papa Leão XIV

O Santo Padre também recordou a noite de sua eleição. “Olhando com emoção para o povo de Deus aqui reunido, lembrei da palavra ‘sinodalidade’”, manifestou. Ele pontuou que, entre os elementos que constituem a palavra “sínodo”, está “syn“, que significa “com” e constitui o segredo da vida de Deus.

A outra parte que forma o termo é “odós”, que significa “caminho”. Neste sentido, Leão XIV sublinhou que a sinodalidade é um caminho a percorrer, porque onde está o Espírito, há movimento. “Somos um povo em caminho. Essa consciência não nos afasta, mas faz-nos mergulhar na humanidade, como o fermento, que leveda toda a massa. O ano da graça do Senhor, do qual o Jubileu é expressão, traz em si este fermento”, declarou.

Força profética de Pentecostes

Segundo o Papa, diante de um mundo dilacerado e sem paz, Pentecostes e seu caminho a caminhar juntos assumem uma força profética. “Se não nos movermos mais como predadores, mas como peregrinos, a terra descansará, a justiça prevalecerá, os pobres se alegrarão e a paz voltará. Não mais cada um por si, mas harmonizando os nossos passos com os passos dos outros”, sinalizou.

Citando a Carta Encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, o Pontífice frisou que Deus criou o mundo para que os homens pudessem estar juntos. Tal consciência, prosseguiu, leva justamente o nome de “sinodalidade” – um caminho que levanta questões e convida cada um a reconhecer a sua dívida e o seu tesouro, sentindo-se parte de um corpo do qual, fora dele, tudo murcha, mesmo o mais original dos carismas.

“O que chamamos de ‘história’ toma forma somente na modalidade do reunir-se, do viver juntos, muitas vezes cheio de dissídios, mas sempre um viver juntos. O contrário é mortal, mas, infelizmente, está diante dos nossos olhos todos os dias”, afirmou o Santo Padre.

Comunidade, lugar de encontro e espiritualidade

As associações e comunidades presentes na Praça São Pedro representam, na visão do Papa, espaços de fraternidade e participação, encontro e espiritualidade. Estando juntos, portanto, podem descobrir como o mundo e os corações mudam através do Espírito de Jesus.

“O Senhor é o Espírito e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade (cf. 2 Cor 3, 17). Portanto, a autêntica espiritualidade implica o compromisso com o desenvolvimento humano integral, atualizando entre nós a palavra de Jesus. Onde isso acontece, há alegria. Alegria e esperança”, expressou.

Levar essa mensagem, apontou Leão XIV, é evangelizar. Não se trata de uma conquista humana do mundo, mas uma graça infinita que se difunde a partir de vidas transformadas pelo Reino de Deus.

“É o caminho das Bem-aventuranças, uma estrada que percorremos juntos, na tensão entre ‘já’ e o ‘ainda não’, famintos e sedentos de justiça, pobres de espírito, misericordiosos, mansos, puros de coração, construtores da paz”, exprimiu o Pontífice.

Obedecer juntos ao Espírito Santo

Por fim, o Santo Padre concluiu sua homilia voltando-se para as Igrejas particulares, as comunidades paroquiais. Ele convidou cada fiel a se ligar profundamente a elas, para alimentar e exercer os próprios carismas.

“Em torno dos bispos de vocês e em sinergia com todos os outros membros do Corpo de Cristo, agiremos, então, em harmoniosa sintonia. Se juntos obedecermos ao Espírito Santo, os desafios que a humanidade enfrenta serão menos assustadores, o futuro menos sombrio e o discernimento menos difícil”, finalizou.

.: Leia a homilia do Papa Leão XIV na íntegra

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