Canonização na Praça São Pedro

Igreja ganha novos santos: rezar é tão essencial quanto respirar, diz Papa

Canonização de sete beatos aconteceu neste domingo, 19, Dia Mundial das Missões; confira o nome dos novos santos e detalhes da homilia de Leão XIV

Da Redação, com Vatican News

Papa durante canonização deste domingo, 19, na Praça São Pedro /Foto: REUTERS/Claudia Greco

Neste domingo, 19, Dia Mundial das Missões o Papa Leão XIV presidiu a missa de canonização de sete beatos, na Praça São Pedro. São eles: Inácio Maloyan, Pedro To Rot, Vincenza Maria Poloni, Maria Carmen Rendiles Martínez, Maria Troncatti, José Gregório Hernández Cisneros e Bartolo Longo.

O Pontífice iniciou sua homilia com as palavras de Jesus extraídas do Evangelho de Lucas da liturgia deste domingo: “Quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?”. “Esta pergunta nos revela o que é mais precioso aos olhos do Senhor: a fé, ou seja, o vínculo de amor entre Deus e o ser humano”, destacou. Na celebração, o Santo Padre frisou que os católicos tinham diante deles sete testemunhas, os novos santos e as novas santas, que mantiveram acesa, com a graça de Deus, “a lâmpada da fé, ou melhor, eles mesmos se tornaram lâmpadas capazes de difundir a luz de Cristo.”

Em relação aos grandes bens materiais e culturais, científicos e artísticos, o Papa afirmou que a fé sobressai não porque estes se devam desprezar, mas porque sem fé, eles perdem o sentido. Leão XIV reforçou que a relação com Deus é de maior importância porque Ele, no início dos tempos, criou todas as coisas do nada e, no tempo, salva do nada tudo o que simplesmente acaba. “Uma terra sem fé seria povoada por filhos que vivem sem Pai, ou seja, por criaturas sem salvação”, argumentou.

“Caríssimos, é precisamente por isso que Cristo fala aos seus discípulos «sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer»: tal como não nos cansamos de respirar, também não nos cansemos de orar! Do mesmo modo que a respiração sustenta a vida do corpo, a oração sustenta a vida da alma: a fé, com efeito, expressa-se na oração e a oração autêntica vive da fé”, disse o Pontífice.

Rostos dos sete novos santos expostos na Praça São Pedro /Foto: REUTERS/Claudia Greco

Deus é um juiz justo?

Segundo o Santo Padre, Jesus mostra essa ligação com uma parábola: um juiz mantém-se surdo perante os pedidos insistentes de uma viúva, cuja persistência, por fim, o leva a agir. Tal tenacidade, explicou o Papa, à primeira vista, torna-se um bonito exemplo de esperança, especialmente nos momentos de provação e tribulação. Porém, a perseverança da mulher e o comportamento do juiz, que age contra vontade, preparam uma provocante pergunta de Jesus: “Deus, Pai bom, «não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite?»”.

Leão XIV convidou os fiéis a deixarem que estas palavras ressoem em suas consciências: “o Senhor nos pergunta se acreditamos que Deus é um juiz justo para com todos. O Filho nos pergunta se acreditamos que o Pai quer sempre o nosso bem e a salvação de todas as pessoas”.

A este propósito, o Pontífice alertou para duas tentações que põem à prova a fé: a primeira que ganha força a partir do escândalo do mal, levando todos a pensar que Deus não ouve o clamor dos oprimidos nem tem piedade do sofrimento dos inocentes. A segunda tentação é a pretensão de que Deus deve agir como desejamos: a oração cede então lugar a uma ordem dirigida a Deus, para lhe ensinar o modo de ser justo e eficaz.

O Santo Padre sublinhou que Jesus, testemunha perfeita da confiança filial, liberta todos de ambas as tentações. “Ele é o inocente que, sobretudo durante a sua Paixão, reza assim: ‘Pai, faça-se a tua vontade’. São as mesmas palavras que o Mestre nos entrega na oração do Pai-Nosso. A oração da Igreja nos lembra que Deus, ao dar a sua vida por todos, faz justiça a todos. A cruz de Cristo revela a justiça de Deus e a justiça de Deus é o perdão: Ele vê o mal e redime-o, tomando-o sobre si”.

Cristo sempre conosco

“Quando somos crucificados pela dor e pela violência, pelo ódio e pela guerra, Cristo já está ali, na cruz por nós e conosco. Não há choro que Deus não console, nem lágrima que esteja longe do seu coração. O Senhor escuta-nos, abraça-nos como somos, para nos transformar como Ele é. Quem, pelo contrário, recusa a misericórdia de Deus, permanece incapaz de misericórdia para com o próximo. Quem não acolhe a paz como um dom, não saberá dar a paz”, disse Leão XIV.

O Papa observou ainda que as perguntas de Jesus são um vigoroso convite à esperança e à ação: “quando o Filho do homem vier, encontrará fé na providência de Deus?”. O Pontífice frisou que, na verdade, é esta fé que sustenta o compromisso do povo de Deus com a justiça, precisamente porque acreditam que Deus salva o mundo por amor, libertando todos do fatalismo.

“Perguntemo-nos, então: quando ouvimos o apelo de quem está em dificuldade, somos testemunhas do amor do Pai, como Cristo o foi para com todos? Ele é o humilde que chama os prepotentes à conversão, o justo que nos torna justos, como atestam os novos santos de hoje: não são heróis, nem paladinos de um ideal qualquer, mas homens e mulheres autênticos”, destacou.

Novos santos

Os fiéis canonizados são amigos de Cristo, indicou o Santo Padre. “São mártires pela sua fé, como o Bispo Inácio Choukrallah Maloyan e o catequista Pedro To Rot; são evangelizadores e missionários, como a Irmã Maria Troncatti; são fundadoras carismáticas, como a Irmã Vincenza Maria Poloni e a Irmã Carmen Rendiles Martinez; são benfeitores da humanidade, com coração ardente de devoção, como Bartolo Longo e como José Gregório Hernández Cisneros.”

Por fim, Leão XIV desejou que a intercessão dos novos santos assista os fiéis nas provações e o exemplo deles inspire na comum vocação à santidade. “Enquanto peregrinamos rumo a esta meta, rezemos sem nos cansarmos, firmes naquilo que aprendemos e acreditamos resolutamente. A fé sobre a terra sustenta assim a esperança do céu”.

Papa acena para os fiéis presentes na Praça São Pedro para a canonização de sete beatos/ Foto: REUTERS/Claudia Greco

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