Nesta quinta-feira, 10, foi a divulgada a mensagem do Papa Leão XIV para o V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos – celebrado no dia 27 deste mês
Julia Beck
Da redação

Papa Leão e um casal de idosos no Jubileu das Famílias em junho passado /Foto: Vatican MediaIPA/Sipa USA via Reuters
A primeira mensagem do Papa Leão XIV para o V Dia Mundial dos Avós e dos Idosos foi divulgada nesta quinta-feira, 10. Com o tema “Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança” (cf. Sir 14,2), o Pontífice recorda que o jubileu é uma oportunidade para descobrir que a esperança é, em todas as idades, perene fonte de alegria.
O Santo Padre enfatiza que quando a esperança é provada pelo fogo de uma longa existência, torna-se fonte de uma bem-aventurança plena.
“A Sagrada Escritura apresenta vários casos de homens e mulheres já avançados em idade que o Senhor inclui nos seus desígnios de salvação”, disse o Papa ao citar Abraão e Sara. Na Bíblia, o casal de idosos que sofria com a infertilidade foi visitado por Deus com a promessa de que geraria uma vida, João Batista.
Leão XIV afirma que a situação parecia ter fechado o olhar de Abraão e Sara diante do futuro, mas o Senhor os surpreendeu com uma intervenção salvífica.
Os idosos, sinais de esperança
Além de Abraão e Sara, outras pessoas idosas são tocadas pela providência de Deus segundo a Bíblia: Zacarias, Isabel e também Moisés – chamado a libertar o seu povo quando tinha oitenta anos (cf. Ex 7, 7). Com estas escolhas, o Pontífice frisa que Deus ensina que a velhice é um tempo de bênção e graça e que, para Ele, os idosos são as primeiras testemunhas da esperança.
Agostiniano, o Papa recorda então uma frase de Santo Agostinho: “Oh, que a tua força desapareça de verdade, para que em ti permaneça a minha força e possas dizer com o Apóstolo: quando sou fraco, então é que sou forte”» (Enarr. In Ps. 70, 11).
É tempo de discernir, para ler bem a história atual, prossegue Leão XIV. Ele pontua que só é possível compreender a vida da Igreja e do mundo ao observar a sucessão das gerações. “Por isso, abraçar um idoso ajuda-nos a entender que a história não se esgota no presente, nem em encontros rápidos e relações fragmentárias, mas se desenrola rumo ao futuro”.
A fragilidade dos idosos precisa do vigor dos jovens, reflete o Santo Padre, e a inexperiência dos jovens precisa do testemunho dos idosos para projetar o futuro com sabedoria. Gratidão e coerência nunca serão suficientes para agradecer os avós pelo bonito legado que deixam “com tanta esperança e amor”, ressalta.
Sinais de esperança para os idosos
Desde as suas origens bíblicas, o Pontífice frisa que o Jubileu representou um tempo de libertação: os escravos eram libertados, as dívidas perdoadas, as terras devolvidas aos seus proprietários originais. Era um momento de restauração da ordem social desejada por Deus, em que se sanavam as desigualdades e as opressões acumuladas ao longo dos anos.
Olhando para os idosos nesta perspectiva jubilar, Leão XIV sublinha que todos são chamados a viver com eles uma libertação, sobretudo da solidão e do abandono. “Derrubar os muros da indiferença na qual os idosos estão frequentemente encerrados”, exorta.
O Santo Padre defende uma mudança de atitude com relação aos idosos – muitas vezes marginalizados pela sociedade. Ele pede que cada paróquia, associação ou grupo eclesial torne-se protagonista da “revolução” da gratidão e do cuidado, a realizar-se através de visitas frequentes aos idosos, criando para eles e com eles redes de apoio e oração, tecendo relações que possam dar esperança e dignidade àqueles que se sentem esquecidos.
Leão XIV acrescenta que o Papa Francisco quis que o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos fosse celebrado, em primeiro lugar, para encontrar aqueles que estão sozinhos. Por isso, aqueles que não puderem vir a Roma neste ano em peregrinação poderão «obter a Indulgência jubilar se se deslocarem para visitar por um côngruo período […] idosos em solidão» (Penitenciaria Apostólica, Normas sobre a Concessão da Indulgência Jubilar, III). Segundo o Pontífice, visitar um idoso é um modo de encontrar Jesus, que liberta todos da indiferença e da solidão.
Na velhice, pode-se ter esperança
O livro de Ben Sirá, prossegue o Papa, afirma que a bem-aventurança é daqueles que não perderam a esperança (cf. 14, 2), dando a entender que, na vida – especialmente se for longa –, podem existir muitos motivos para sempre lançar o olhar para o passado, em vez de olhar para o futuro.
“No entanto, como escreveu o Papa Francisco durante a sua última internação no hospital, «o nosso físico é débil, mas, mesmo assim, nada nos pode impedir de amar, de rezar, de nos doarmos, de sermos uns pelos outros, na fé, sinais luminosos de esperança» (Angelus, 16 de março de 2025). Possuímos uma liberdade que nenhuma dificuldade pode tirar-nos: a de amar e rezar. Todos sempre podemos amar e rezar (…). Assim, seremos sinais de esperança em todas as idades”, finaliza.