Na noite desta terça-feira, 30, ao voltar do local, Leão XIV conversou com jornalistas sobre diversos temas; Pontífice retorna a Castel Gandolfo nesta quarta-feira, 1º de outubro
Da Redação, com Vatican News

Foto: IMAGO/Catholicpressphoto via Reuters
Na noite desta terça-feira, 30, o Papa Leão XIV respondeu às perguntas dos jornalistas que o aguardam fora dos portões da Villa Barberini, em Castel Gandolfo, como acontece há quase um mês. Na ocasião, o Pontífice se pronunciou sobre o plano apresentado pela Casa Branca para a paz. O documento traz 20 pontos propostos pelo presidente dos EUA, Donald Trump, com a aprovação do primeiro-ministro israelense, Netanyahu.
O Santo Padre falou sobre a expectativa de que o Hamas aceite a proposta – que ele mesmo definiu como “realista”. O Papa reiterou a importância de um cessar-fogo e a libertação dos reféns. “Há elementos muito interessantes (…). Esperamos que o Hamas aceite no prazo estabelecido”.
É preciso trabalhar pela paz
Sobre o caso da Flotilha que se aproxima de Gaza para levar ajuda humanitária e sobre a qual permanecem tensões, Leão XIV enfatizou que a situação é muito difícil, porque “nota-se o desejo de responder a uma verdadeira emergência humanitária”. A esperança do Pontífice é que “não haja violência e que as pessoas sejam respeitadas”.
Em seguida, falou sobre a reunião convocada pelo secretário de Defesa estadunidense, Pete Hegseth, com todos os generais em pé de guerra, prontos até mesmo para o uso de armas nucleares. “Essa forma de falar é preocupante”, disse o Papa, porque mostra como a tensão aumenta cada vez mais.
Sobre a decisão do presidente Trump de mudar o nome do Departamento de “Defesa” para “Guerra”, Leão XIV observou: “Esperamos que seja apenas uma forma de falar”, mas, certamente, denota um estilo de governo que “usa a força para pressionar”. “Esperamos que funcione, mas que não haja guerra, é preciso trabalhar pela paz”.
Nenhuma interferência no processo no Vaticano
Os jornalistas pediram a opinião do Pontífice sobre o processo em curso no Vaticano pela gestão dos fundos da Santa Sé. Leão XIV preferiu não entrar no mérito e explicou que “deve seguir em frente” e que “não tem intenção de interferir”. Ele frisou que deixa que os juízes e os advogados de defesa cheguem a uma conclusão.
Olhar para o ensinamento da Igreja
Em inglês, o Papa foi questionado sobre o conferimento a Dick Durbin, senador democrata com posições pró-aborto, por parte do Cardeal Blaise Cupich, arcebispo metropolitano de Chicago. “Não estou muito informado sobre o caso específico. Penso que é muito importante olhar para o trabalho global que um senador realizou durante, se não me engano, 40 anos de serviço no Senado dos Estados Unidos”, pontuou.
No entanto, o Pontífice afirmou compreender as dificuldades e as tensões. É “importante olhar para muitas questões que estão relacionadas com o ensinamento da Igreja”, ressaltou. Ele prosseguiu dizendo que quem afirma ser contra o aborto, mas é a favor da pena de morte não é realmente pró-vida, assim como não é quem “concorda com o tratamento desumano dos imigrantes nos Estados Unidos”.
“São questões muito complexas. Não sei se alguém possui toda a verdade sobre elas, mas pediria, antes de tudo, que houvesse um maior respeito mútuo e que se procurasse juntos, tanto como seres humanos — nesse caso, como cidadãos estadunidenses ou cidadãos do Estado de Illinois — quanto como católicos, dizer: ‘precisamos, realmente, examinar de perto todas essas questões éticas e encontrar o caminho a seguir como Igreja’. O ensinamento da Igreja sobre cada uma dessas questões é muito claro”.
Regresso ao Vaticano
O Papa deixou Castel Gandolfo de carro, por volta das 20h30 (hora local). Ele chegou ao local na segunda-feira, 29, e retornará para lá nesta quarta-feira, 1º de outubro, após a Audiência Geral, para se encontrar no Centro Mariapoli do Movimento dos Focolares com mais de 400 líderes religiosos convidados para o evento internacional “Raising Hope for Climate Justice” (Suscitando Esperança pela Justiça Climática). O Pontífice, no décimo aniversário da encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, presidirá a “Celebração da Esperança” na presença de especialistas em clima, representantes da sociedade civil e de instituições de todo o mundo.