Catequese

Buscar a cura em tempos de ódio, violência e isolamento, pede Papa

Na Catequese, Leão XIV frisou: Jesus convida a nos abrir a este mundo que nos assusta, às relações que nos desiludiram, pois “fechar-se nunca é uma solução”

Da Redação, com Vatican News

Papa Leão XIV na Catequese desta quarta-feira, 30/ Foto: REUTERS/Remo Casilli

O Papa Leão XIV retomou as Audiências Gerais nesta quarta-feira, 30, após as férias de verão em Castel Gandolfo. A Catequese, que aconteceu em meio ao Jubileu dos Jovens (iniciado na segunda-feira, 28), concluiu o percurso “sobre a vida pública de Jesus, feita de encontros, parábolas e curas”.

O Pontífice iniciou sua reflexão frisando que “este tempo em que vivemos também exige cura”. “O nosso mundo está impregnado por um clima de violência e ódio que mortifica a dignidade humana”, lamentou. O Santo Padre enfatizou que a sociedade atual está adoecendo com uma “bulimia” de ligações nas redes sociais: todos estão “hiperconectados”, “bombardeados” por imagens, por vezes até falsas ou distorcidas. Ele adicionou que as pessoas estão sendo inundadas por múltiplas mensagens que despertam uma tempestade de emoções contraditórias.

“Neste cenário, podemos sentir vontade de desligar tudo. Podemos até preferir não ouvir nada”, ressaltou o Papa. “Até as nossas palavras correm o risco de serem mal interpretadas, e podemos ser tentados a isolar-nos no silêncio, a uma falta de comunicação onde, por mais próximos que estejamos, já não conseguimos expressar as coisas mais simples e profundas”.

Éfeta

O texto do Evangelho de Marcos, que apresenta um homem que não fala e nem ouve, foi comentado por Leão XIV. “Não é ele que vai ter com Jesus para ser curado, mas é levado por outras pessoas”, disse ainda o Pontífice, sublinhando que “a comunidade cristã viu nessas pessoas a imagem da Igreja, que acompanha cada homem a Jesus para que Ele ouça a sua palavra”.

“Jesus oferece-lhe, antes de tudo, uma proximidade silenciosa, através de gestos que falam de um encontro profundo: toca os ouvidos e a língua deste homem. Jesus não usa muitas palavras; diz a única coisa de que precisa naquele momento: ‘Abre-te!’. Marcos relata a palavra em aramaico, éfeta, quase para nos fazer ouvir o seu som e a sua respiração como se fosse ‘viver'”, disse o Santo Padre.

A palavra “éfeta”, prosseguiu o Papa, é bela e contém o convite que Jesus dirige ao homem que deixou de ouvir e falar. “É como se Jesus lhe dissesse: ‘Abre-te a este mundo que te assusta! Abre-te às relações que te desiludiram! Abre-te à vida que desististe de enfrentar!'”, explicou. O Pontífice acrescentou que o fechamento nunca é uma solução.

Início de uma viagem

Após o encontro com Jesus, essa pessoa não só volta a falar, como o faz “perfeitamente”. “Este advérbio inserido pelo evangelista parece dizer-nos algo mais sobre os motivos do seu silêncio. Talvez este homem tenha parado de falar porque sentiu que estava a dizer as coisas de forma incorreta, talvez se sentisse inadequado”, frisou o Santo Padre.

“Todos nós passamos pela experiência de sermos incompreendidos e não nos sentirmos bem compreendidos. Todos nós precisamos pedir ao Senhor que cure a nossa forma de comunicar, não só para sermos mais eficazes, mas também para evitarmos magoar os outros com as nossas palavras”, afirmou.

Segundo o Papa, voltar a falar perfeitamente é o início de uma viagem, mas não ainda o fim. Leão XIV frisou que Jesus proíbe aquele homem de contar o que lhe aconteceu, isso para que todos conheçam verdadeiramente Jesus ao caminhar, estar com Ele e também viver a Sua Paixão. “Quando o tivermos visto humilhado e em sofrimento, quando tivermos experimentado o poder salvador da Sua Cruz, então poderemos dizer que o conhecemos verdadeiramente. Não há atalhos para nos tornarmos discípulos de Jesus”.

“Queridos irmãos e irmãs, peçamos ao Senhor que nos ensine a comunicar com honestidade e prudência. Rezemos por todos aqueles que foram magoados pelas palavras dos outros. Rezemos pela Igreja, para que nunca descure a sua tarefa de levar as pessoas a Jesus, para que ouçam a Sua Palavra, sejam curadas por ela e, por sua vez, se tornem portadoras da sua mensagem de salvação”, concluiu o Pontífice.

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