Francisco recebeu, em audiência, nesta quinta-feira, 16, os participantes da Conferência sobre a Venerável Maria de Ágreda, promovida pela Pontifícia Academia Mariana Internacional
Da redação, com Vatican News
Na manhã desta quinta-feira, 16, o Papa recebeu em audiência no Palácio Apostólico os participantes do Congresso Internacional sobre a Venerável Maria de Jesus de Ágreda. O evento, que está sendo realizado pela Pontifícia Academia Mariana Internacional, foi considerada por Francisco como “uma bela iniciativa”. “Não só pelo que representa para o estudo do mistério da Imaculada Conceição, mas também porque nasceu sob o impulso de uma Ordem contemplativa de mulheres”, complementou.
O Pontífice sublinhou que Madre Ágreda foi uma mulher excepcional, e recordou que a venerável é descrita como “amante das Escrituras”, “mística mariana” e “evangelizadora da América”. Segundo ele, os “títulos” associados a Madre Ágreda ensinam “três lições que a mulher contemplativa pode dar à Igreja”.
Vocação à escuta
A primeira lição, elencada pelo Papa, é o silêncio: “A atitude de escutar, de acolher no coração a voz do Amado, a Palavra eterna do Pai”. Uma atitude para todos, mas especialmente para as mulheres que, de acordo com o Pontífice, “têm uma vocação especial para ouvir”.
“É surpreendente como, mesmo sem treinamento específico, algumas irmãs religiosas alcançaram um notável conhecimento das Escrituras e, na escola de oração, se nutrem dela como uma fonte viva. Portanto, chamá-las de ‘apaixonadas’ pela Escritura é uma expressão que vai além de elogiar seu uso em seus escritos, é ver o próprio Cristo falando a elas e falando a nós por meio de sua Palavra, pedindo que, a exemplo de Maria, guardemos tudo em nossos corações”.
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Mística: abandono e fidelidade a Deus
A segunda lição é a mística, ou seja, um relacionamento com Deus que surge dessa atitude de escuta, dessa leitura encarnada da Sagrada Escritura. “Uma experiência”, disse Francisco, “extática, que nos faz sair de nós mesmos, sair de nossos confortos, do eu egoísta que sempre tenta nos dominar”. É uma questão de abrir espaço para Deus, de modo que “se possa recebê-Lo em casa”.
“Nesse sentido, os contemplativos nos ensinam, por meio de um caminho de ascetismo, abandono e fidelidade, a alegria de viver somente para Ele. E, às vezes, a contemplação é feita em silêncio, diante do Senhor, em silêncio. E neste mundo que está sempre cheio de coisas, de palavras, de notícias, toda uma indústria de comunicação externa, a comunicação interna, em silêncio, é muito necessária”, enfatizou o Santo Padre.
Vida contemplativa e espírito missionário
A terceira lição é a missão. Madre Ágreda e as Irmãs Concepcionistas, lembrou o Pontífice, foram as primeiras religiosas de clausura a chegar à América. Ela “nos dão evidência desse espírito missionário da vida contemplativa, que Santa Teresa do Menino Jesus enfatizaria mais tarde”.
“É compreensível que Madre Ágreda tenha sentido o chamado do Senhor para orar pelas almas que ainda não O conheciam, e que essa oração tenha sido frutífera nas almas daqueles que, de acordo com os missionários, estavam bem dispostos a receber o batismo.”
Francisco concluiu seu discurso enfatizando: “Geralmente, não temos consciência do poder da oração intercessora em nossa vida, mas, como Maria nos ensina nas bodas de Caná, nós também podemos reconhecer de onde vem o vinho novo por meio daqueles que nos apoiam com suas orações e nos edificam com seu exemplo”.