Homilia

Papa na Tailândia: O evangelho é um direito gratuito para todos

Santa Missa com o Papa Francisco foi celebrada no Estádio Nacional, em Bangcoc

Denise Claro
Da redação

Papa recordou os 350 anos da chegada de missionários católicos à Tailândia./ Foto: REUTERS/Remo Casilli

O Papa Francisco presidiu nesta quinta-feira, 21, a Santa Missa com o povo católico tailandês no Estádio Nacional em Bangcoc. A Missa foi celebrada em tailandês e inglês, no estádio que tem capacidade para 65 mil pessoas.

Os número de católicos no país somam 0,59%, cerca de 350 mil de tailandeses. O país conta com 11 dioceses e 502 paróquias.

O Papa Francisco fez sua homilia em espanhol, e iniciou falando sobre a passagem do evangelho, quando Jesus é interrogado e responde “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? Aqueles que fazem a vontade do meu Pai que está no Céu.”.

Francisco lembrou que a resposta de Jesus rompe não só os determinismos religiosos e legais da época, mas também toda a pretensão de quem poderia julgar-se com direitos preferenciais sobre Jesus. O Evangelho é, assim, convite e direito gratuito para quantos o queiram escutar.

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Em suas palavras, o pontífice apontou que, no evangelho, há muitas perguntas que impulsionam os discípulos a caminho, a abrir-se a novos horizontes, onde se pode encontrar uma novidade muito mais bela do que se poderia imaginar.

Assim aconteceu com os primeiros missionários que se puseram a caminho e chegaram a essas terras. Seguindo a Palavra de Deus e atendendo à sua solicitação, descobriram que pertenciam a uma família muito maior do que a gerada pelos laços de sangue, cultura, região, ou filiação a um determinado grupo.

“Impelidos pela força do Espírito e enchendo as suas bolsas com a esperança que nasce da boa nova do Evangelho, puseram-se a caminho para procurar os membros dessa sua família que ainda não conheciam. Saíram em busca dos seus rostos. Era necessário abrir o coração a uma medida nova capaz de superar os adjetivos que sempre dividem, para descobrir inúmeras mães e irmãos tailandeses que não compareciam à sua mesa dominical.”

Destacando a cultura própria do povo da Tailândia, o Papa continuou:

“Sem tal encontro, ao cristianismo faltaria o vosso rosto; faltariam os cânticos, as danças que representam o sorriso tailandês, típico destas terras. Assim, vislumbraram melhor o desígnio amoroso do Pai, que é imensamente maior que todos os nossos cálculos e previsões, não se podendo circunscrever a um punhado de pessoas nem a um determinado contexto cultural.”

Ação Evangelizadora

O Papa lembrou que o discípulo missionário não é um mercenário da fé, nem um caçador de prosélitos, mas um mendigo que reconhece que lhe faltam os irmãos, as irmãs e as mães com quem celebrar e festejar o dom irrevogável da reconciliação que Jesus nos oferece a todos:

“O banquete está pronto, saí à procura de todos os que encontrardes pelo caminho. Este envio é fonte de alegria, gratidão e felicidade plena, porque ‘permitimos a Deus que nos conduza para além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro. Aqui está a fonte da ação evangelizadora’ .

Após 350 anos desde a criação do Vicariato Apostólico de Sião, sinal do abraço familiar produzido na Tailândia, quando apenas dois missionários chegaram ao país, percebe-se uma grande variedade

de iniciativas apostólicas que contribuíram para a vida da nação.

O Papa afirmou que o aniversário não significa nostalgia do passado, mas fogo de esperança para que, no presente, se possa responder com a mesma determinação, força e confiança.

“É comemoração festiva e agradecida, que nos ajuda a sair de coração feliz para partilharmos a vida nova, que brota do Evangelho, com todos os membros da nossa família que ainda não conhecemos. Todos somos discípulos missionários, quando nos decidimos a ser parte viva da família do Senhor e o fazemos partilhando à maneira d’Ele: não teve medo de Se sentar à mesa com os pecadores, para lhes assegurar que, na mesa do Pai e da criação, havia um lugar reservado também para eles; Jesus tocou aqueles que eram considerados impuros e, deixando-Se tocar por eles, ajudou-os a compreender a proximidade de Deus e, mais ainda, que eram eles os bem-aventurados”

Buscar mães e irmãos

O Papa citou as situações de exploração vividas no país: situações de crianças e mulheres expostas à prostituição, ao tráfico, às drogas, a situação dos migrantes e nos pescadores explorados:

“Fazem parte da nossa família, são nossas mães e nossos irmãos; não privemos as nossas comunidades dos seus rostos, das suas chagas, dos seus sorrisos, das suas vidas; e não privemos as suas chagas e as suas feridas da unção misericordiosa do amor de Deus. O discípulo missionário sabe que a evangelização não é acumular adesões nem aparecer poderosos, mas abrir portas para viver e partilhar o abraço misericordioso e sanador de Deus Pai que nos torna família.”

O Papa finalizou sua homilia desejando à comunidade tailandesa que continue pelos caminhos dos primeiros missionários, para encontrar, descobrir e reconhecer com alegria todos os rostos de mães, pais e irmãos que Deus quiser dar aos católicos do país e que ainda faltam ‘ao banquete dominical’.

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