Cerca de 180 mil pessoas participaram da Missa presidida por Francisco em sua visita à capital dos Emirados Árabes
Da Redação, com Vatican News
Um momento bastante aguardado pela comunidade católica em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes: nesta terça-feira, 5, o Papa Francisco presidiu a Missa para milhares de católicos em sua visita ao país.
A celebração foi no estádio Zayed, com capacidade para receber 45 mil pessoas. O local ficou pequeno para a presença de tantos fiéis: caldeus, coptas, greco-católicos, greco-melquitas, latinos, maronitas, sírio-católicos, siro-malabarenses e siro-malancareses, tanto que foram distribuídos cerca de 135 mil bilhetes para que a cerimônia fosse acompanhada do lado de fora, por telões. As autoridades locais informaram que no total estavam presentes à celebração (dentro e fora do estádio), cerca de 180 mil pessoas.
Na homilia, proferida em italiano pelo Pontífice, mas traduzida simultaneamente em língua árabe, Francisco começou dando um conselho fundamental para se viver como cristão: ser feliz, a mensagem basilar de Jesus, que não é prescrição para se cumprir, nem conjunto complexo de doutrinas para se conhecer. “Amados irmãos e irmãs, na alegria de encontrar vocês, esta é a palavra que vim lhes dizer: Felizes!”, disse o Pontífice, lembrando que, para Jesus, felizes são os pobres, mansos e que permanecem justos, e não os ricos e poderosos.
“Quem tem razão: Jesus ou o mundo? Para compreender, vejamos como viveu Jesus: pobre de coisas e rico de amor, curou muitas vidas, mas não poupou a sua. Veio para servir e não para ser servido; ensinou que não é grande quem tem, mas quem dá. Justo e manso, não opôs resistência e Se deixou condenar injustamente. E, assim, Jesus trouxe o amor de Deus ao mundo. Só assim derrotou a morte, o pecado, o medo e o próprio mundanismo: unicamente com a força do amor divino”.
“Peçamos hoje, aqui juntos, a graça de voltar a descobrir o encanto de seguir Jesus, de O imitar, de nada mais procurar senão a Ele e seu amor humilde. Com efeito, é na comunhão com Ele e no amor pelos outros que está o sentido da vida na terra. Acreditam nisso? ”
Nesse sentido, o Papa descreveu e agradeceu o modo como é vivida a “polifonia da fé” dos católicos nos Emirados Árabes, “que edifica a Igreja”. Lembrou que seguir o caminho de Jesus não significa estar sempre alegre e, por isso, reconhece que não é fácil “viver longe de casa e talvez sentir, além da falta das afeições mais queridas, a incerteza do futuro”.
Viver as Bem-aventuranças
Francisco, então, falou das Bem-aventuranças que, para vivê-las, seguindo o exemplo de Jesus, não necessitam de “feitos extraordinários”, basta realizar a “única obra de arte, possível a todos: a da nossa vida”.
“As Bem-aventuranças são um mapa de vida: não pedem ações sobre-humanas, mas a imitação de Jesus na vida de cada dia. Convidam-nos a manter puro o coração, a praticar a mansidão e a justiça venha o que vier, a ser misericordiosos com todos, a viver a aflição unidos a Deus. É a santidade da vida diária, que não precisa de milagres nem de sinais extraordinários. As Bem-aventuranças não são para super-homens, mas para quem enfrenta os desafios e provações de cada dia. Quem as vive à maneira de Jesus torna puro o mundo. É como uma árvore que, mesmo em terra árida, diariamente absorve ar poluído e restitui oxigênio”.
“Faço votos de que sejam assim, bem enraizados em Jesus e prontos a fazer o bem a quem está perto de vocês. Que as comunidades de vocês sejam oásis de paz”.
Felizes os mansos e pacificadores
O Papa finalizou se detendo brevemente em duas Bem-aventuranças. Sobre a primeira, “Felizes os mansos” (Mt 5, 5), Francisco convidou a não agredir, mas manter o comportamento de Jesus, de ser manso, mesmo diante dos acusadores. Então, o Pontífice citou São Francisco:
“Nem lutas nem disputas: naquele tempo em que muitos partiam revestidos de pesadas armaduras, São Francisco lembrou que o cristão parte armado apenas com a sua fé humilde e o seu amor concreto. É importante a mansidão: se vivermos no mundo à maneira de Deus, vamos nos tornar canais da sua presença; caso contrário, não daremos fruto”.
Sobre a segunda Bem-aventurança, “Felizes os pacificadores” (Mt 5, 9), o Papa incentivou a promover a paz, começando pela comunidade em que se vive. Uma Igreja que persevera na palavra de Jesus e no amor fraterno, disse Francisco, produz frutos.
“ Para vocês, peço a graça de preservar a paz, a unidade, de cuidar uns dos outros numa bela fraternidade, onde não haja cristãos de primeira classe e de segunda. Jesus, que lhes chama «felizes», conceda a graça de caminharem sempre diante sem se desencorajar, crescendo no amor «uns para com os outros e para com todos» (1 Ts 3, 12). ”