Religiosos mundanos são uma caricatura, não servem, diz Papa

Papa reuniu-se com padres, religiosos e seminaristas na catedral de Sarajevo; tocado por testemunhos de mártires, frisou: “religiosos mundanos não servem”

Jéssica Marçal
Da Redação

Francisco ficou tocado com o testemunho de três religiosos e suas capacidades de perdoar o mal sofrido / Foto: Reprodução CTV

Francisco ficou tocado com o testemunho de três religiosos e suas capacidades de perdoar o mal sofrido / Foto: Reprodução CTV

Após ouvir o testemunho de três religiosos representantes da Igreja em Sarajevo que sofreram com a guerra, o Papa Francisco abandonou o discurso que havia preparado para o encontro deste sábado, 6, e falou espontaneamente aos presentes. Francisco destacou, principalmente, o valor que se deve dar à história dos antepassados e a capacidade de perdoar os males praticados por alguém. Ele acrescentou que os religiosos devem levar uma vida digna da Cruz de Cristo, pois religiosos mundanos são uma caricatura, não servem.

Francisco acompanhou o relato de vida de um padre, de um frade e de uma irmã, todos três representantes da Igreja em Sarajevo e marcados pelo sofrimento da guerra. Foram testemunhos que, segundo o Papa, falam por si só e trazem a memória do povo da Bósnia.

“Um povo que esquece a sua memória não tem futuro. Essa é a memória dos vossos pais e mães na fé”, afirmou, lembrando que por trás desses três relatos há tantos outros de pessoas que passaram pelo mesmo sofrimento.

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Uma palavra que se repetiu várias vezes no testemunho e que tocou o coração do Papa foi “perdão”. Francisco explicou que não é tão difícil perdoar um amigo com quem se teve uma briga ou então um irmão invejoso. “Mas perdoar aquele que te tortura, que te ameaça com uma arma para te matar isso é difícil e eles [os três religiosos] o fizeram, e pregam terem feito isso”.

Quem não conseguiu entrar na catedral, pôde acompanhar as palavras do Papa pelo telão / Foto: Reprodução CTV

Quem não conseguiu entrar na catedral, pôde acompanhar as palavras do Papa pelo telão / Foto: Reprodução CTV

Mas o espírito do mundo, muitas vezes, faz com que o sofrimento dos antepassados seja esquecido, observou o Papa. Ele citou a situação de tantas pessoas que viveram por tanto tempo sujas, sem comida, sem água, passando calor e frio e hoje, se vê pessoas reclamando de uma dor de dente ou então da falta de TV no quarto, por comodidade, ou ainda fazendo fofocas com a superior da ordem religiosa quando a comida servida não é boa.

“Não esqueçam, por favor, dos testemunhos dos vossos antepassados (…) Pensem em quanto eles sofreram e levem uma vida digna da Cruz de Jesus Cristo. Irmãs, sacerdotes, bispos, seminaristas mundanos são uma caricatura, não servem, não têm a memória dos mártires, perderam a memória de Jesus Cristo crucificado”.

Francisco definiu tais histórias como uma crueldade e pediu que os religiosos respondam sempre de forma contrária a essa crueldade que se vê ainda hoje. “Tenham atitudes de ternura, de fraternidade, de perdão e levem a cruz de Jesus Cristo. A Igreja, a Santa Mãe Igreja vos quer assim. O Senhor vos abençoe e, por favor, rezem por mim”.

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